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Refugiado, sonho de Tite e motor do Real: Modric, o melhor do Mundial

Modric brilhou na final do Mundial e foi eleito o melhor jogador do torneio - François Nel/Getty Images
Modric brilhou na final do Mundial e foi eleito o melhor jogador do torneio Imagem: François Nel/Getty Images

Luiza Oliveira

Do UOL, em Abu Dhabi (EAU)

17/12/2017 15h00

Não teve para Cristiano Ronaldo, nem para ninguém. Luka Modric desbancou seus companheiros galáticos e foi eleito o melhor do jogador do Mundial de Clubes. O croata só não fez chover em campo na final contra o Grêmio. Não à toa, o menino que teve uma infância difícil como refugiado se tornou o sonho de consumo de Tite e hoje é motor do Real Madrid.

O prêmio foi mais que merecido. O croata criou muitas chances, finalizou com perigo, driblou e deu muito trabalho a Michel, que teve a tarefa ingrata de marcá-lo. Ele mostrou mais uma vez que é a peça chave do Real mesmo não sendo tão badalado quanto o trio BBC. A ponto de os jornais espanhóis reconhecerem isso e destacarem em suas manchetes. "Quando Modric funciona, o Real Madrid voa".

Modric é do tipo dois em um. Misto de tática com técnica, é ágil, recupera bem a bola, manda bem na saída de bola, passa bem, se movimenta, faz inversões e faz jogar quem está ao lado. Como se não bastasse, é ambidestro e bate bem com as duas pernas. Precisa de mais?

As características encantam o técnico da seleção brasileira Tite que o vê como um exemplo a ser seguido. O treinador já declarou que se pudesse escolher alguém no mundo para ser do seu time, o eleito seria Modric pela forma como marca, cria.

Mesmo com a bola toda, Modric minimizou seu valor individual após o Mundial. “O que importa é chegar na final. Estou tentando ganhar sempre, que siga assim. Para mim é sempre que com trabalho e esforço que coloco a cada dia em cada partida. Espero que não dependa nunca de um jogador. Temos que estar como uma equipe. Todos são muito importantes na equipe, cada um tem o seu papel para que equipe possa ir bem. Crescemos nosso jogo”, disse que ressaltou a sua história na equipe.

“A minha experiência é muito importante nas partidas. É o quinto título do ano, uma outra final. Tenho certeza que isso me ajuda nesse tipo de partida”, completou.

Não bastasse sua trajetória no futebol, Modric também tem uma história de vida muito rica. Nasceu em uma cidade próxima a Zadar, cidade litorânea que fazia parte da Iugoslávia, em um ambiente turbulento em meio a Guerra dos Balcãs. Seu pai, Stipe, juntou-se ao exército croata pró-independência e foi para a guerra. Aos 6 anos de idade, foi obrigado a abandonar a sua casa com a sua família e a se mudar para um hotel de refugiados.

O futebol foi uma saída para lidar com tudo aquilo que estava acontecendo. Quando a guerra acabou, Modric já era um talento lapidado mesmo sendo franzino e não chamando a atenção pelo porte físico. Aos 16 anos, já estava no Dinamo de Zagreb e Lá despontou. Com apenas 20 anos, foi para a seleção croata e pouco depois foi contratado pelo Tottenham. Quatro anos depois, lá estava o poderoso Real Madrid de olho no jogador e disposto a bancar R$ 100 milhões. O investimento deu certo, e Modric virou um dos principais nomes do time.