Namoro antigo e multa de R$ 10 mi. Como Fred trocou Atlético por Cruzeiro
Uma negociação sigilosa e que acontece há pelo menos duas semanas. O anúncio de Fred no Cruzeiro ocorreu somente no sábado (23), mas a conversa sobre a sua ida para a Toca da Raposa II está em curso antes até do Flamengo ter "namorado" o centroavante.
Em 14 de dezembro, em uma reunião na sede administrativa do Atlético-MG, o atleta informou a Sérgio Sette Câmara, presidente alvinegro, que gostaria de deixar o clube antes do fim do vínculo, que se encerrava em dezembro de 2018. O motivo era a dívida de R$ 3,5 milhões do Galo com o jogador, que como o restante do elenco sofreu com os atrasos salariais do clube em 2017.
Antes mesmo do comunicado do atleta ao mandatário, o Cruzeiro já fez o primeiro contato com Fred. A procura foi por meio de Itair Machado, vice de futebol. O cartola teve uma conversa considerada positiva com Francis Melo, empresário do atacante de 34 anos. Ciente da insatisfação do camisa 9 na Cidade do Galo, o cartola fez a sua proposta ao centroavante, autor de 30 gols em 2017.
Os números - R$ 500 mil mensais fixos, mais um variável de até R$ 400 mil - agradaram Fred e o atacante deu sinal positivo para a troca de clube há cerca de uma semana.
Nos últimos sete dias, Francis Melo tinha uma missão: obter a rescisão contratual com o Galo. O fato não seria difícil, já que os mineiros pretendiam se desfazer do atleta para eliminar a dívida de R$ 3,5 milhões e evitar os salários de quase R$ 1 milhão por mês.
Em meio à ideia do agente, surgiu o interesse da dupla Flamengo e Fluminense. Ambos fizeram ofertas pelo atacante e o agente utilizou a dupla de balão de ensaio na imprensa, enquanto alinhavava o acordo com o Cruzeiro.
Na sexta-feira (22), uma reunião entre o diretor de futebol Alexandre Gallo e Francis Melo ratificou a rescisão do atleta. O fato, no entanto, só foi confirmado na manhã de sábado (23).
Neste momento, só restavam detalhes burocráticos para que Fred assinasse com o Cruzeiro. Uma reunião no escritório de Francis Melo, no bairro Santa Lúcia, região Centro-Sul de Belo Horizonte, sacramentou o acordo. O encontro contou com as presenças do presidente Wagner Pires de Sá, do vice de futebol Itair Machado, do agente e do próprio jogador.
Em reunião ocorrida na manhã de sábado, Fred assinou até o fim de 2020 com o Cruzeiro. O atleta de 34 anos é o segundo reforço da equipe para o ano que se aproxima.
Multa milionária?
Ao assinar a rescisão com o Atlético-MG, ficou estabelecido que Fred não poderia firmar contrato de trabalho com o Cruzeiro até 31 de dezembro de 2018, sob pena de indenizar o ex-clube em R$ 10 milhões. Segundo o documento, este valor é obrigatório no dia seguinte ao registro e veiculação do vínculo do atleta no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG, confirmou a existência do vínculo ao UOL Esporte. Por meio de mensagem de texto, o mandatário disse: "A multa do Fred está prevista em contrato. Simples assim".
O Cruzeiro, por sua vez, diz não se preocupar com o fato. Em contato telefônico com a reportagem, o presidente Wagner Pires de Sá celebrou a volta do atacante à Toca da Raposa II:
"Nós estamos fechados com o Fred, isso que importa. Fomos buscar o jogador dentro do avião para fechar com o mundo árabe. Ele deixou de assinar uma oferta muito mais vantajosa para ficar no Cruzeiro. Ele tem a alma cruzeirense, sempre disse isso, é o que importa", afirmou.
"A parte jurídica será resolvida. Não sabemos sobre a multa, vamos ver. Se tivermos que pagar, vamos pagar [os R$ 10 milhões]. A gente faz um esforço, arruma um jeito, temos parceiros para pagar. O importante é que o Fred é do Cruzeiro", acrescentou.
Para saber se a cláusula imposta pelo Atlético está dentro da legalidade, o UOL entrou em contato com Louis Dolabela, especialista em direito esportivo. Segundo ele, a cláusula é "ilegal e abusiva":
"Se referida multa consta na rescisão do contrato com o Atlético, referida cláusula proibitiva é ilegal e abusiva. Nenhum atleta pode ser impedido de jogar por determinado clube, muito menos sofrer limitações em seu direito de ir, vir e trabalhar sem justificativas", comentou.
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