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Após deixar o Bahia, ex-presidente projeta futuro e espera pelo Atlético-PR

Sant"Ana (D) foi presidente do Bahia e pode assumir cargo no Atlético nos próximos dias - Divulgação/Bahia
Sant'Ana (D) foi presidente do Bahia e pode assumir cargo no Atlético nos próximos dias Imagem: Divulgação/Bahia

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

01/01/2018 04h00

O ex-presidente do Bahia, Marcelo Sant'Ana, pode ser apresentado pelo Atlético Paranaense como novo CEO do clube nos próximos dias. Ainda à espera de uma definição – já passou seu aceite e os projetos aos presidentes atleticanos Mario Celso Petraglia e Luiz Sallim Emed, Sant’Ana conversou com o UOL Esporte sobre a possibilidade de trocar o Nordeste pelo Sul e gerenciar um clube sem ser o presidente.

“Estive por dois dias em Curitiba para conhecer a infraestrutura e algumas pessoas. Tenho vontade que dê certo e eu possa ajudar ao Atlético, um clube que admiro o trabalho, mas ainda não fechamos a parte contratual. No âmbito de ideias e desafios está ok”, contou. Petraglia citou nominalmente Sant’Ana em uma entrevista recente, mas o clube não confirma oficialmente a procura, como faz com Seedorf, técnico que está na mesma situação do dirigente baiano, à espera da assinatura do contrato.

Sant’Ana e Seedorf poderão trabalhar juntos tocando o futebol do clube, cada qual em uma função. “O Atlético pensa em ajustar um novo modelo de gestão a partir de 2018 e eu chegaria para ajudar no funcionamento desta engrenagem”, relata, ainda sem saber quando esse trabalho poderia ter início: “Só quem poderia dar prazos seria o próprio Atlético Paranaense. Seja para ir em frente ou não.”

Sobre o Holandês, que pode chegar ao clube como um coordenador técnico de futebol – além do cargo de treinador do time principal – Sant’Ana disse que ainda não teve contato com ele. “O Petraglia me explicou seu conceito e debatemos um pouco a ideia e o papel de um manager no futebol e o impacto na cultura brasileira.” O convite para ele envolve mais que apenas a gestão no futebol, dando à Sant’Ana atribuições na relação com a torcida, nos planos de sócios, estratégias de gestão em geral. Petraglia tem se mostrado preocupado com o desgaste de sua relação com os atleticanos, entendendo que “ruídos” têm impedido o sucesso do Atlético.

Busca por expertise em gestão não é novidade no Atlético

Marcelo Sant’Ana pode ser o terceiro ex-presidente de clube a se tornar dirigente do Furacão. Antes, Ocimar Bolicenho (que presidiu o Paraná) e Paulo Carneiro (ex-Vitória) ocuparam cargos parecidos no futebol do clube, em modelos diferentes do que o Atlético agora quer implementar. Carneiro, aliás, tem contato com Sant’Ana e conversou com ele sobre a possibilidade de ir para o Atlético, do qual saiu recentemente.

“Temos uma boa relação. Uma pena não termos sido presidentes de Bahia e Vitória ao mesmo tempo. Seria bom para o Nordeste”, disse o ex-presidente do Bahia, que viverá o desafio de assumir outro grande clube brasileiro em uma cadeira mais específica, mas em outra região, com hábitos e padrões diferentes. Um desafio visto com entusiasmo por ele. “Inovação é uma característica rara e que valorizo. O futebol brasileiro é excessivamente conservador. Mudar é, sem dúvida, o mais difícil. Mas os desafios são motivadores.”

Sobre o Bahia, do qual foi eleito conselheiro, Sant’Ana celebrou a boa gestão e explicou como poderá ficar a relação com o clube que presidiu e é torcedor declarado. “Sou grato à torcida do Bahia pela oportunidade única. Busquei sempre fazer o meu melhor. Mas questões familiares e o desejo de me aprofundar na gestão esportiva me fizeram não buscar a reeleição. O cargo de presidente tem forte apelo político. Eu prefiro a administração técnica. Quero fazer carreira como profissional; não como político.”

Ele tem cadeira no conselho baiano, mas não vê conflito ético no momento. “A chapa que integrei fez 42 de 100 conselheiros. Como curiosidade, a segunda mais votada fez 12 cadeiras. Mais uma vez, agradeço a confiança no trabalho. Hoje, eu sou conselheiro e desempregado. Então não tem conflito de interesses. Caso trabalhe em outro clube brasileiro, entendo que pedir licença é eticamente o correto. Evitaria qualquer mal estar".

Aos 36 anos, com duas filhas e o aval da esposa para mudar de Salvador para Curitiba, Marcelo Sant’Ana – que começou a militar no futebol como jornalista – torce agora para o telefone tocar marcando a apresentação no novo clube, o que pode acontecer durante a semana do dia 8. “Que dê certo. Acho que funcionará bem para os dois lados. Mas, se não andar, vamos em outro desafio”, comentou.