Topo

"Funcionário comum" após doença no coração, palmeirense renasce na Copinha

Anderson ficou 13 meses sem jogar e recebeu suporte multidisciplinar do Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Anderson ficou 13 meses sem jogar e recebeu suporte multidisciplinar do Palmeiras Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

08/01/2018 04h00

Há cinco meses, Anderson não sabia se poderia voltar a jogar futebol. Afastado dos gramados havia mais de um ano por causa de uma doença no coração, o goleiro de 19 anos já se preparava, com a ajuda do Palmeiras, para uma carreira que não fosse a de jogador. Hoje, com o drama superado, disputa sua primeira Copa São Paulo como titular, vestindo a camisa do clube que o ajudou no momento mais difícil.

A vida do garoto virou de ponta-cabeça em julho de 2016. Recém-convocado para a seleção brasileira sub-20, ele estava de folga com a família quando sentiu uma forte dor no peito. Exames apontaram uma miocardite, como se chama a inflamação da camada muscular da parede do coração.

"Jogamos contra a Portuguesa no Campeonato Paulista no sábado, fui para a casa da minha família e acordei com uma dor no domingo. Fui para o hospital e os exames deram alteração. Quando falamos que eu era jogador do Palmeiras, logo os médicos do clube começaram a acompanhar de perto", relembra Anderson.

A princípio, ele ficaria três meses sem praticar esporte. Mas o caso se complicou, e o que parecia um afastamento temporário do futebol logo virou uma possibilidade de nunca mais voltar a jogar. O Palmeiras deu suporte ao jovem com uma espécie de programa de capacitação, para mantê-lo envolvido no dia a dia do clube enquanto ele não sabia se o sonho de ser atleta profissional ainda estava vivo.

"Quando aumentou o tempo de recuperação, foi bem complicado. Trabalhei minha vida inteira no Palmeiras, fiz tudo que eu fiz, e algo que eu não poderia mudar poderia acabar com tudo. Mas o Palmeiras me ajudou muito, me colocou para fazer várias atividades para me manter motivado. Acompanhei os preparadores de goleiros, a análise de desempenho e fui até supervisor de uma viagem do sub-13. Hoje vejo o trabalho de todos com outros olhos. Minha família e o Palmeiras foram muito importantes", diz o goleiro.

Outras atividades que Anderson exerceu durante o período sem treinos foram auxiliando na preparação física do clube e palestrando em projetos sociais. Tudo para que o garoto não desanimasse e se mantivesse focado em uma eventual recuperação. Deu certo: nove meses depois de receber a primeira má notícia, ele foi liberado para voltar gradativamente aos treinos, sob acompanhamento médico.

O retorno aos gramados se deu depois de quatro meses. Em 26 de agosto, ele entrou no lugar de Daniel Fuzato em uma partida contra o Atibaia, pelo Paulistão sub-20, quando o Palmeiras já vencia por 3 a 0 no segundo tempo. Foi aplaudido por todos presentes ao CT da base alviverde, onde acontecia a partida.

Agora, com Fuzato integrado ao elenco profissional, Anderson é o titular da meta palmeirense no sub-20 e disputa sua primeira Copa São Paulo como dono da posição. Nesta segunda-feira (8), o goleiro entra em campo para escrever mais um capítulo dessa história, quando o Palmeiras decide o primeiro lugar do grupo contra o Taubaté.