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Corinthians culpa agenda cheia e falta de pré-temporada em início de ano

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

18/01/2018 11h00

Tempo para treinar é, neste momento, o maior desejo da comissão técnica do Corinthians. Depois de derrota por 1 a 0 para a Ponte Preta na última quarta (18), jogadores, o treinador Fábio Carille e o preparador físico Walmir Cruz trataram sobre o calendário para lá de apertado do começo de temporada. Nenhuma desculpa pelo revés dentro de casa, mas a constatação sobre o cenário longe do ideal em começo de ano.

Depois de se reapresentar no dia 3 de janeiro, com recomendação aos atletas para que evitassem abusos nas férias, o Corinthians já realizou três partidas em sete dias, sofreu duas derrotas (uma na Florida Cup e outra no Campeonato Paulista) e constatou, dentro de campo, que o elenco precisa de tempo para contornar os problemas gerados pelo calendário.

"A gente sabia das dificuldades. No início, vai ser assim mesmo a parte física", apontou o treinador. "Ficamos com um jogador a mais, e a Ponte fez duas linhas de quatro. É mais fácil se defender do que propor o jogo neste início de temporada. Mas a gente vai tentar melhorar no próximo jogo. (...) O [ponto] negativo é a parte física. Melhorando, a parte técnica melhora junto", disse Carille.

Integrante mais antigo da equipe, o goleiro Cássio apontou para um fato importante. A viagem aos Estados Unidos foi prejudicial para o condicionamento, pois apertou ainda mais o calendário. Durante o último semestre, comissão técnica e direção deixaram claro o desejo de seguir no Brasil em janeiro. Por aspectos comerciais, porém, o presidente Roberto de Andrade optou por passar uma semana no exterior.

"A Florida Cup é um campeonato legal, não temos o que falar, uma estrutura boa. Mas se tratando desse ano, acho que o melhor seria ter ficado aqui, teríamos mais tempo para trabalhar. Fomos lá, trabalhamos bastante também. Mas é muito pouco tempo, o calendário esse ano está muito curto. A gente preferia ter mais tempo para trabalhar e estar num nível melhor. Às vezes a nossa cabeça quer fazer uma coisa, mas o corpo ainda não consegue. Acho que vamos demorar alguns jogos para entrar num ritmo bom", analisou Cássio.

Outro jogador a abordar o tema foi Marquinhos Gabriel, acionado no segundo tempo contra a Ponte. "Tivemos pouco tempo para trabalhar, jogamos com cinco dias de treinos. Não é desculpa. Precisamos melhorar e vamos melhorar durante a competição. Dá para tirar coisas boas. A equipe trabalhou bem a bola e teve triangulações", comentou.

Preparador físico vê time em pré-temporada por mais quatro jogos

Na saída do Pacaembu, Walmir Cruz, preparador físico, analisou como positivo o rendimento dos atletas nesse aspecto. "O time fisicamente foi mais que eu esperava. Pensei que diminuiria o ritmo no segundo tempo, no final. [...]Nas nossas informações de GPS, o volume foi muito bom. A intensidade vamos ver amanhã [quinta] com dados completos. Gostei muito do time na parte física, correspondeu. Em quatro ou cinco jogos conseguimos entrar no ritmo normal de competição".

O pouco tempo de trabalho, porém, foi ressaltado. "O calendário é uma coisa que a gente sempre vem falando. É difícil de trabalhar e a cada ano fica mais apertado. É difícil de mexer as peças. Temos que tomar muito cuidado para não ter um tiro no pé. Temos trabalhado com isso para saber quem está melhor, dar ritmo a alguns atletas para toda uma semana de treinos. Ainda projetamos a pré-temporada para a quinta rodada", comentou.

Walmir ainda comparou o calendário com 2017, quando não havia Copa do Mundo e os estaduais não tiveram seu início antecipado. "Ano passado, voltamos da Florida e tivemos dez dias para trabalhar. Isso nos ajudou bastante em condição física. Esse ano chegamos [no Brasil] no domingo, treinamos na segunda e jogamos quarta", observou. Eventuais preservações de titulares, ainda segundo ele, passarão a ser avaliadas a partir da semana que vem.