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Ex-aliado de Brant se junta ao grupo de Eurico e vira presidente do Vasco

Paulo Fernandes/Vasco
Imagem: Paulo Fernandes/Vasco

Bruno Braz e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/01/2018 00h40

Em uma ação fria e calculista, Alexandre Campello rompeu com Julio Brant, se juntou ao grupo de apoiadores de Eurico Miranda em cima da hora e, em um acontecimento inédito na história do clube, se tornou o novo presidente do Vasco no próximo triênio - em votação do Conselho Deliberativo - sem ter vencido o pleito entre os sócios. Após o anúncio, o nome de Eurico foi bradado pelos conselheiros.

Os aliados de Campello, Roberto Monteiro e Rafael Landa, ficaram respectivamente com as presidências do Conselho Deliberativo e do Fiscal.

"É uma vitória da oposição do Vasco que derrotou o Eurico nas urnas. Pretendo iniciar uma nova gestão, com transparência. Quero unir o clube em torno de um projeto pra trazer o Vasco novamente aos momentos de glória", declarou Campello.

O novo presidente ainda garantiu que não negociou cargos com Eurico:

"Não existe nenhum acordo com o Eurico. Nao terá membros na nossa gestão nem na vice-presidência e nem em cargo executivo. É uma chapa pura de oposição. Mais do que isso são ilações".

Julio Brant havia sido o vencedor entre os sócios em novembro do ano passado em aliança feita justamente com Alexandre Campello. O médico e todo seu grupo político, porém, alegaram total falta de diálogo para romperem na véspera da eleição do Conselho.

O resultado da eleição causou revolta entre os torcedores. Cerca de 500 pessoas estiveram presentes do lado de fora da sede náutica da Lagoa (RJ) e praticamente todas apoiavam Brant, que tem muito apelo junto ao torcedor que não é conselheiro ou sócio.

Assim que souberam do resultado, os torcedores entraram em conflito com a policia. Bombas foram arremessadas pelos policiais, que receberam garrafadas em resposta.

Dentro da sede, mais confusão. Brant pediu a palavra e discursou por pouco tempo. Ao reclamar que a vontade dos sócios não foi levada em consideração, algo que jamais havia ocorrido, pessoas que bradavam o nome de Eurico iniciaram confusão, que, por pouco, não chegou às vias de fato.

"O que teve aqui é uma vergonha, uma mancha na história do Vasco. Jamais aconteceu isso, do desejo do sócio ser desrespeitado. O segundo lugar se uniu com o quarto. Talvez o encanto de ser o presidente motivou a traição dele [Alexandre Campelo]. Quase dois mil sócios votaram na gente para tirar o discurso euriquista do Vasco. Se olharem o conselho fiscal, é tudo aliado do Eurico", reclamou Julio Brant.

Como é o processo

A eleição do Vasco ocorre de maneira indireta. O vencedor do pleito entre os sócios tem o direito a indicar 120 conselheiros e o segundo colocado, 30. Estes 150 se juntam a outros 150 considerados natos e os 300 votam no próximo presidente.

Este ano, assim como aconteceu em outras eleições, não houve um comparecimento total dos conselheiros natos uma vez que muitos já possuem idade avançada.

A polêmica

A surpreendente mudança no tabuleiro político vascaíno se deu tão logo, em campo, o Cruzmaltino foi derrotado em casa, na estreia no Campeonato Carioca, por 2 a 0 para o Bangu. Alexandre Campello, que chegou a ser candidato e abriu mão de concorrer para se aliar a Brant e derrotar Eurico, foi ao Facebook anunciar ao vivo que havia rompido de vez com o vencedor da eleição entre os sócios. De forma clara, informou que não será mais o vice-presidente geral do clube caso Julio confirme seu primeiro lugar, algo que havia sido acordado entre os dois previamente antes de formarem a aliança.

Para romper com Brant, Campello se justificou dizendo que não houve diálogo entre as partes e que o candidato não cumpriu com o prometido. Em suas palavras, se considerou "traído". Anteriormente cogitado para assumir também a vice-presidência de futebol, ele teria tido divergências em relação à gestão de tal pasta. No início da tarde, Campello ainda reclamou da postura do ex-aliado e relatou ameaças de morte.

 

Posse na próxima segunda-feira

O novo presidente do Vasco será empossado, em cerimônia de gala, na próxima segunda-feira (22), conforme determinação da Justiça. De sexta a domingo, portanto, o clube oficialmente ainda terá uma direção administrativa provisória, algo que acontece desde a última quinta.

Portanto, assim como ocorreu na partida desta quinta-feira contra o Bangu, o jogo deste domingo, diante do Nova Iguaçu, em São Januário, também será com portões fechados.

Entenda a polêmica

Com suspeitas de irregularidades, a Justiça determinou que uma urna fosse separada na eleição entre os sócios que aconteceu em novembro de 2017. Nela, foram colocados 691 pessoas que se associaram no fim de 2015.

Após a apuração, uma disparidade de votos a favor de Eurico Miranda na tal urna 7 - num desequilíbrio total em relação às outras - levou o judiciário a suspender tais votos. Deste modo, o candidato de oposição Julio Brant passou a ser o vencedor.

Eurico tentou uma série de ações na Justiça para tentar validar a urna 7, mas sofreu derrotas e chegou para a eleição do Conselho Deliberativo como segundo colocado.