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Donos de padaria acusam Héverton, ex-Portuguesa, de furto e estelionato

Héverton disse que era dono de padaria na Mooca, em São Paulo, no ano passado - Luiza Oliveira/UOL
Héverton disse que era dono de padaria na Mooca, em São Paulo, no ano passado Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

24/01/2018 20h18

O meia Héverton, ex-jogador da Portuguesa, se envolveu em uma confusão judicial e está sendo acusado de furto e estelionato. O atleta comprou uma padaria, no bairro da Mooca, em março do ano passado, mas é acusado pelos sócios de não realizar o pagamento, depredar o patrimônio e ainda furtar equipamentos do local.

A procuradora dos sócios do estabelecimento, Eliana Jatobá, diz que Héverton não honrou os compromissos. Recentemente, o atleta que foi pivô do rebaixamento da Portuguesa em 2013, assinou contrato com Real, time do Distrito Federal.

Padaria 'Veredas da Mooca' foi abandonada e é alvo de briga judicial entre o jogador Héverton e os sócios - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Ela diz que as partes firmaram um contrato, ao qual o UOL Esporte teve acesso, em que Héverton, juntamente com um sócio José Ronaldo França Silva, se comprometia a comprar a padaria pelo valor de R$ 720 mil a serem pagos em 36 parcelas de R$ 20 mil e a assumir o pagamento das dívidas do estabelecimento, o que incluíam ‘todos os passivos da empresa vencidos e que viessem a vencer’ como aluguéis do imóvel, acordos trabalhistas vigentes e vencidos e todo o passivo trabalhista, débitos e dívidas junto a fornecedores, bancos prestadores de serviços, contas de consumos e impostos, etc.

A procuradora explica que, pelo acordo, os donos continuariam como sócios e fiadores da padaria por seis meses e Héverton teria esse período para assumir as dívidas do banco e passar a padaria e a empresa para o seu nome. Mas segundo Eliana, ele só pagou R$ 60 mil aos vendedores, deu cheques sem fundos e não arcou com nenhuma das dívidas.

Héverton ainda é acusado pelos sócios de ter aberto uma outra empresa denominada ‘H10 Panificadora’ e usar o CNPJ dessa empresa para receber o dinheiro ganho na padaria, mas continuar emitindo nota fiscal usando o CNPJ da empresa 'Trigo da Mooca' (dos vendedores). Ou seja, segundo a alegação dos proprietários, enquanto a 'Trigo da Mooca' ficava responsável pelo pagamento dos tributos, a H10 ficava com o dinheiro arrecadado sem declarar as vendas e sonegando impostos. 

“Ele abriu outra empresa para receber os pagamentos. Ele passava os cartões de crédito e débito e entrava no nome dessa empresa. Mas emitia o ticket fiscal e a nota paulista no nome da empresa Trigo da Mooca (empresa de Eliana) e pegava o dinheiro no nome da H10. Isso é crime fiscal”, diz ela.

Padaria 'Veredas da Mooca', alvo de briga judicial entre o jogador Héverton e os sócios - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Eliana afirma ainda que tentou conversar com o jogador por diversas vezes. Sem sucesso após meses de impasse, já em meados de outubro, os sócios entraram com uma ação na Justiça pelo não cumprimento do contrato.

Mas os problemas não terminaram por aí. Ela diz que Héverton sumiu para não assinar a notificação extrajudicial e o acusa de abandono de imóvel e furto de equipamentos. Segundo ela, ele teria colocado equipamentos que pertenciam ao estabelecimento e que custavam até 75 mil à venda no site Mercado Livre.

“Fiquei sabendo que ele começou a vender equipamento da padaria, ele anunciou equipamento meu para vender. Teve um forno Ferrari por R$ 75 mil e uma pingadeira por R$ 30 mil no Mercado Livre. Quando eu vim na padaria, os maquinários já não estavam aqui. Falei: ‘Héverton, cadê a pingadeira? Cadê o forno? Quem deixou tirar daqui? Você não pagou, não pode vender”, disse ela.

Eliana diz que o jogador retirou outros equipamentos e móveis do estabelecimento como mesas, geladeira, forno e televisões. Diz que ele ainda depredou o local e deixou alimentos expostos que apodreceram e causaram mau cheiro. “Encontrei a padaria cheia de coisa estragada, tudo lixo, faltando um monte de mesa, levou todos os utensílios”.

Documento de reintegração de posse da padaria 'Veredas da Mooca', em São Paulo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

A procuradora decidiu fazer um Boletim de Ocorrência pela depredação do patrimônio e furto e pedindo a reintegração de posse e a tutela de urgência. O juiz concedeu a posse provisória, mas o processo ainda vai correr. Ela esperar reaver o prejuízo.

“É um prejuízo... que eu vou demorar para receber, mas vou na Justiça e vou receber. Quero o cumprimento do contrato e o ressarcimento de todos os prejuízos que eu tive. Estou perdendo o fundo de comércio porque se eu não pagar o aluguel, o proprietário já entrou com despejo. Despejo não posso nem sequer me defender porque é o segundo acordo que ele fez. Todas as chances que tinha de quitar a dívida ele me tirou. Tinha uma padaria bonita, montada, preferi fechar para vender e olha o que eu peguei de volta.

“Se ele é estelionatário, fraudista, se inventou isso para todo mundo, se ele usou a mídia para tentar limpar uma imagem suja que ele deixou na Portuguesa... Tudo vem à tona. Deveria no mínimo tentar ter uma vida digna...Eu faço questão que a Portuguesa, que todos os torcedores vejam quem realmente ele é. Não é pessoa digna de nada”.

O UOL Esporte tentou contato por telefone com Héverton e com a esposa dele, Kedma, mas só conseguiu falar com ela. A mulher afirmou que as acusações são muito graves e que não poderia dar declarações antes de conversar com o advogado. Kedma alegou ainda que não conseguiu contato com o profissional, tampouco com o marido. Até a publicação da matéria, nenhum posicionamento foi enviado pelo casal.