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"Barca" ainda gera desconforto e expõe disputa política no Fluminense

Pedro Abad vive momento conturbado na política do Fluminense - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.
Pedro Abad vive momento conturbado na política do Fluminense Imagem: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/01/2018 04h00

A barca com oito jogadores saiu do Fluminense no dia 28 de dezembro, mas o episódio ainda está muito longe de deixar o clube.

O desgaste assumido exclusivamente pelo presidente Pedro Abad evidenciou a "solidão" do cargo e adicionou um componente a mais no caldeirão fervente da política tricolor. Não foi bem digerida por aliados mais próximos ao presidente a postura adotada por Diogo Bueno, vice de finanças do Flu. Principal idealizador da barca, o dirigente "sumiu" após a repercussão negativa do caso. Outros que acompanharam de perto a implementação das medidas foram Ronaldo Barcellos [comercial] e Miguel Pachá [jurídico]. Estes dois últimos são recém-chegados à gestão.

Tido por muitos com um dos postulantes à presidência na próxima eleição, Bueno esperava capitalizar com a ideia, visto que o plano era considerado necessário por conta da urgência de corte de gastos. Caso as dispensas tivessem saído conforme o planejado, o vice ganharia ainda mais visibilidade para as suas pretensões. A execução, no entanto, só evidenciou o fracasso e Abad teve de reconhecer publicamente o erro.

Quando o projeto estava sendo elaborado, Diogo assegurou que o clube teria caixa para bancar as rescisões. A princípio, a grana seria oriunda de um fundo de investimentos projetado para levantar recursos. A questão é que o dinheiro não apareceu e as dispensas tornaram-se um tormento para o Flu, que vê a real possibilidade de ter prejuízos ainda maiores com as ações judiciais dos ex-funcionários.

Abad sabe que tem de pisar em ovos e descarta, por ora, mudanças nos postos-chave de comando. Ele tenta contornar as diferenças, se cerca de seus colaboradores mais fieis e tem ciência que trocas radicais só aumentariam a temperatura em um clube que vive ebulição política acima da média. O presidente entende que não pode fragilizar mais a sua base de sustentação, ainda que seu conselho diretor seja formado por nomes de diferentes correntes políticas.

O mandatário sabe que há um movimento crescente de insatisfação nos bastidores, mas descarta totalmente a hipótese de jogar a toalha. A renúncia é um movimento que está fora dos planos, mas a pressão só tende a aumentar caso o Fluminense não produza respostas mais rápidas nos campos esportivo e administrativo.

Bueno só está na gestão justamente graças à necessidade de fazer alianças para vencer o pleito. Antes vice geral na chapa de Cacá Cardoso, Diogo, assim como Cardoso, abandonaram a disputa para pedir votos a Abad. Com a ameaça de Mario Bittencourt e Celso Barros, a dupla cedeu e apoiou quem antes combatia.

Procurada, a assessoria de imprensa do Fluminense informou que não se manifestaria sobre o assunto.