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A Piqué, Mascherano desabafa sobre ser zagueiro e diz que quer ser técnico

reprodução/Players" Tribune
Imagem: reprodução/Players' Tribune

Do UOL, em São Paulo

30/01/2018 17h11

Javier Mascherano já havia se despedido do Camp Nou, da camisa e da torcida do Barcelona, mas ainda faltava a entrevista com Gerard Piqué. Na série de vídeos que ficou famosa por papos com Neymar e Luis Suárez, o argentino desabafou sobre a função que se viu obrigado a desempenhar no clube.

“Eu nunca imaginei que jogaria como zagueiro, para ser sincero”, começou o polivalente jogador, que é volante de ofício. “Eu fui me adaptando pelo caminho. Quando Pep me colocou de zagueiro, nem sequer tínhamos falado sobre isso antes”, disse Mascherano, em entrevista ao também zagueiro Piqué no site The Players’ Tribune.

“A minha passagem no Barcelona foi de bastante contraste nesse sentido, porque foram os melhores anos da minha carreira. Pude desfrutar, me senti pleno como jogador... Mas não tive a chance de jogar na minha posição, então o copo está meio vazio. Custa um pouco mais para entender outra posição, outro conceito, outras ferramentas”, explicou.

O argentino disse que agarrou a oportunidade por entender que, em uma equipe estrelada como o Barcelona, naturalmente teria mais chances na zaga do que no meio-campo. “Sempre tentei ver o futebol como um jeito de pensar na minha sobrevivência”, comentou.

Piqué revelou um ponto que deve ter sido recorrente nas conversas particulares que teve com o agora ex-colega, que se transferiu para o Hebei Fortune, time de Hernanes na China: Mascherano tem o sonho de ser técnico. “Sei que vai ser um treinador, tenho 100% de certeza por tudo o que já conversamos”, disse o espanhol.

Quando questionado sobre suas futuras influências, no entanto, Mascherano deixou claro que tentará não se inspirar em apenas um dos comandantes que teve no Barcelona – ou mesmo Rafa Benítez, que o treinou no Liverpool e recebeu muitos elogios.

“Eu sempre digo que não tenho que tentar ser parecido com nenhum deles. Tive a sorte de trabalhar com grandes treinadores e, no futuro, tentarei copiar muitas coisas. O primeiro ano com Pep [Guardiola] me marcou muitíssimo, por deixar um futebol como o que praticava no Liverpool [com Benítez] e aprender conceitos totalmente diferentes”, respondeu.

“Acho que pude conhecer o Tata [Martino] muito melhor na seleção, já que no Barcelona ele ficou mais amarrado e não teve muita chance de ser quem queria ser. Temos que ser inteligentes e aprender o melhor com cada um”, acrescentou Mascherano, que foi surpreendido e aplaudido pelo elenco catalão ao deixar a sala onde a entrevista foi realizada.

Mascherano - reprodução/The Players' Tribune - reprodução/The Players' Tribune
Mascherano recebeu aplausos dos ex-colegas de Barcelona durante entrevista a Piqué
Imagem: reprodução/The Players' Tribune

Leia outros trechos da entrevista:

Sete anos e meio no Barcelona

Sinceramente, passei muito mais tempo no Barça do que pensava que passaria. Para mim, era uma das melhores equipes da história. Esse tipo de time faz o fantástico, mas eu sabia que seria difícil buscar o meu lugar. Vim com a mentalidade de poder ajudar, mas com o pensamento de tentar ganhar algo na Europa. Os anos foram passando, fui encontrando o meu lugar e tudo terminou como sabemos.

Saída do Liverpool

Foi durante a Copa de 2010... Algo muito louco. O Rafa Benítez havia saído do Liverpool naquele verão, e já fazia tempo que eu pensava em sair. Com a saída do Rafa, eu senti que não teria mais nada para fazer ali. Tive uma conversa com o Leo [Messi] durante a Copa, e também com o Pep.

Como um jogador que era titular do Liverpool e capitão da seleção poderia aceitar o papel de talvez não jogar com tanta continuidade? Sempre tentei deixar bem claro que eu sabia o meu papel, e era um objetivo pessoal vir ao melhor Barça da história. A chance de poder ganhar títulos e jogar com jogadores extraordinários.

Lembranças no Barça

Mais que um título ou jogo, eu vou lembrar do dia a dia, de tudo o que desfrutamos. Nós, que estamos lá dentro, sabemos o que passamos o tempo todo. As temporadas passam muito mais rápido, tudo tem mais sentido quando se desfruta da sua profissão. Passei sete anos e meio não só com grandes jogadores, mas com pessoas espetaculares e um vestiário super saudável.

Amizade com Messi

A relação que tenho com o Leo também é um pouco especial, porque foi muito intensa. Sobretudo o que vivemos na Argentina. Muitas vezes usamos o clube para desestressar de tudo o que nos influenciava lá. Mas temos uma grande relação e, obviamente, uma relação de muitíssimo respeito.

O quanto aprendeu e somou ao Barça

Aprendi com certeza, mas vocês que precisam dizer o quanto consegui somar nesses 7 anos e meio. Eu saio com a felicidade terrível de ter conseguido estar à altura.