Topo

Acusado diz que não esfaqueou Warley e cita calote em programa; vítima nega

Warley tira foto em hospital depois de levar facada durante assalto - Reprodução/WhatsApp - Reprodução/WhatsApp
Imagem: Reprodução/WhatsApp

Do UOL, em Santos (SP)

30/01/2018 17h06

O homem preso acusado de esfaquear o ex-jogador Warley, na última sexta-feira (26), em João Pessoa (PB), negou que tenha sido o autor da agressão à vítima e disse que Warley acabou provocando, acidentalmente, o ferimento nele mesmo. Ele ainda acusou o ex-atacante de não ter pago um programa sexual que teria feito com ele na noite do crime. 

O travesti identificado como Victor Coelho da Silva foi conduzido à delegacia no período da tarde e admitiu aos policiais que estava com o celular da vítima. Após ter sido ouvido pela Polícia Civil, ele foi preso e autuado em flagrante pelos crimes de tentativa de latrocínio e agressão. Ouvido pelo delegado, Warley disse que foi vítima de roubo e alegou ter sido esfaqueado pelo suspeito (leia mais abaixo).

O acusado, que trabalha usando o codinome de Victoria, faz programas na Praia de Manaíra e diz ter sido contratado pelo ex-atacante para um ‘serviço’. Victor reconhece que fez parte da briga que resultou nos ferimentos do hoje dirigente do Botafogo-PB, mas alega não ter sido o responsável pelos golpes que feriram a vítima.

Na versão de Victor, o desentendimento teve início porque Warley não quis pagar pelo programa combinado entre os dois. Ele conta que foi abordado pelo ex-jogador na Av. General Edson Ramalho, localizada a apenas um quarteirão da Praia de Manaíra. “Como foi a abordagem? ‘Quanto é?’. Eu disse meu preço. ‘Entra’. Entrei. Durante a noite eu sou uma pessoa totalmente diferente do que eu sou de dia”, declarou Victor em entrevista à TV Arapuan, afiliada da RedeTV! na Paraíba.

Victor diz que tentou fugir depois que percebeu o canivete no carro de Warley. O atacante teria ido atrás dele e, no momento em que tentou agredi-lo, acabou provocando a lesão nele mesmo.

Na luta corporal, ele escorou no canivete que estava em minhas mãos. Eu simplesmente queria o meu programa"

“Eu tentei fugir porque eu fiquei assustada em relação à arma. Quando eu fugi ele foi atrás de mim com voadora, me derrubou no chão, e eu ceguei. Fui atrás ‘pro pau’ mesmo, para brigar mesmo, porque além de ele não ter pago, e eu já tinha feito uma parte do programa, eu estava com o objeto [celular] dele, que ele já tinha recuperado, e depois, na luta corporal, ele escorou no canivete que estava em minhas mãos, entre o muro e minha mão. O canivete não era meu e eu não quis furar ninguém. Eu simplesmente queria o meu programa”, alegou.

“Digamos que eu peguei o objeto [celular] dele, sim. Isso eu fiz. Mas depois que ele se recusou a pagar pelo menos a metade. O programa foi feito, mas não totalmente. Eu queria só a metade para ir embora”, acrescentou Victor.

Ainda segundo o travesti, ele pretendia resolver o desentendimento apenas com ‘porrada’, e não com uma arma branca, como acabou acontecendo.

“Eu tentei agredi-lo também, de certa forma, mas não com a arma como foi o acontecido, eu queria agredi-lo de porrada mesmo, como ele também estava me batendo. E nisso, próximo ao muro da residência – se você pegar as imagens de segurança você vai ver – foi justamente no momento em que ele foi para trás e o coiso [canivete] estava na minha mão. Inclusive não era meu, garanto. Estava no carro. Foi por isso que eu saí correndo do carro”, disse.

Defesa condena prisão em flagrante

Diego Lima, advogado de Victor, não concorda com a prisão em flagrante de seu cliente e recorrerá. Segundo ele, não há motivos suficientes para a decisão tomada pela polícia: "A defesa discorda frontalmente do entendimento do delegado tendo em vista que o fato ocorreu na madrugada de sexta-feira. Praticamente quase seis dias depois, o que não se configura flagrante", disse ao UOL Esporte.

"Em nenhum momento ele fugiu da polícia. Estava na casa dele e, quando a polícia chegou, ele não se escondeu. Veio prestar depoimento, não se negou a falar, deu a sua versão... O cliente é réu primário, não oferece ou ofereceu risco nenhum de fugir e a gente discorda totalmente da decisão. A gente acredita que o Poder Judiciário vai rever essa decisão e restabelecer a legalidade", acrescentou.

De acordo com a defesa, Victor é mais vítima do que vilão no processo e já expôs claramente a sua versão sobre o que aconteceu, ao contrário de Warley.

"A versão do nosso cliente ficou muito clara. Warley contratou um programa. no meio dele quis encerrar e não pagar. Começou a cobrança, nosso cliente pegou o celular como garantia do pagamento do programa, entraram em luta corporal e aconteceu esse fato lamentável. O Victor é mais vítima do que vilão nesse processo. É um profissional do sexo, estava fazendo o seu trabalho e ele não foi à procura de Warley. Warley quem foi procurar" completou.

Versão de Warley é outra

Na última segunda-feira (29), o delegado Diego Garcia, da Delegacia de Roubos e Furtos, compareceu ao Hospital Nossa Senhora das Neves (HNSN) para ouvir o depoimento de Warley. A versão do jogador diz que ele teve o celular roubado no momento em que seguia de carro para casa e foi atingido depois que desceu do veículo para tentar recuperar o objeto.

“O jogador Warley disse que estava em estado de embriaguez quando decidiu ir para casa e, por alguma circunstância, parou o veículo quando uma pessoa subtraiu o seu celular. Ele desceu do carro no sentido de reaver o aparelho e, nesse instante, a pessoa voltou e o agrediu com golpes de arma branca”, disse o delegado em entrevista à Rádio Arapuan, na manhã desta terça.

Ferido, Warley seguiu até a casa de um amigo para pedir socorro e em seguida foi levado a um hospital. Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que o suspeito foge pelas ruas do bairro de Manaíra. Em seguida, Warley aparece caminhando, já ferido (veja vídeo no topo da matéria).

O UOL Esporte tentou entrar em contato com Warley, mas o Botafogo-PB informou que o dirigente só falará depois do inquérito policial.

Botafogo-PB se posiciona

O Botafogo Futebol Clube  comunicou nesta terça-feira que continuará prestando todo o suporte necessário para o restabelecimento da saúde do seu funcionário, o gerente de futebol Warley Santos. Ao mesmo tempo, informa que "continua aguardando o final das investigações sobre o crime ocorrido, permanecendo com total confiança no trabalho da Polícia Civil da Paraíba".

Entenda o caso

Warley foi ferido com uma arma branca na madrugada de sexta-feira (26), em João Pessoa (PB), e precisou ser encaminhado imediatamente a um hospital com ferimentos nos dois pulmões. Na manhã de sábado ele foi transferido para a UTI do Hospital Nossa Senhora das Neves (HNSN) e, no domingo, acabou indo para o quarto, onde já realiza sessões de fisioterapia.

Na última segunda-feira (29), Warley postou um vídeo agradecendo o carinho e as orações que vem recebendo. Ele não corre risco de morte e existe a possibilidade de ele receber alta ainda nesta semana.