Por que Ganso resiste em deixar o Sevilla e arrisca ficar 6 meses sem jogar
Quase sempre sozinho, com um olhar distante e, ao mesmo tempo, concentrado no chão, Paulo Henrique Ganso voltou a treinar pelo Sevilla na última segunda-feira, 5. O meia faltou, conforme apuração do UOL Esporte, a duas atividades, com autorização do clube desde que foi surpreendido com o corte de seu nome da lista da Liga dos Campeões.
Uma pausa para reflexão? Os espanhóis não divulgaram o motivo da ausência do brasileiro, que agora se vê obrigado a deixar de lado a sua resistência a trocar de time.
Até o fim da temporada, Ganso tem um cenário nada positivo pela frente: o atleta de 28 anos corre o risco real de ficar seis meses sem jogar. Nas dez primeiras partidas com o novo técnico Vincenzo Montella, ele não foi relacionado nem mesmo para o banco de reservas. Com a Champions riscada de suas contas, terá de se contentar com a Liga Espanhola e a Copa do Rei, que somam juntas mais 18 compromissos até as férias.
A prioridade absoluta na conquista da Copa do Rei e as dificuldades de Montella na Liga sugerem, no entanto, pouca margem para cavar espaço.
O ex-são-paulino fez apenas 11 jogos em 2017/18 e não atua desde a derrota para a Real Sociedad, em 20 de dezembro. Ou seja, mais de um mês e meio fora de ação. Por que ele resiste tanto, então, em deixar o Sevilla, mesmo com as tentativas sucessivas de empréstimo na recém-encerrada janela de transferências europeia?
Em primeiro lugar, um motivo que, em uma análise superficial, quase sempre acaba escapando diante da frieza dos números: a sua família. Ela é feliz em Sevilha e, por isso, o sentimento também é compartilhado por Ganso. Estão plenamente adaptados à região da Andaluzia, os dois filhos pequenos aprendem espanhol e inglês e curtem o clima local.
Essa é a razão preponderante para o meio-campista aturar a escassez de chances que marcou inicialmente a relação conflituosa com o argentino Jorge Sampaoli, persistiu com o seu sucessor, Eduardo Berizzo, e se agravou ainda mais com Montella.
No estádio Ramón Sánchez Pizjuán, Ganso sempre teve como fator motivador a oportunidade de disputar a Liga dos Campeões e dividir holofotes com os principais craques do continente. O seu salário não está entre os maiores, ao redor de 2 milhões de euros anuais (R$ 7,7 milhões), sem impostos, e seria acessível até mesmo no Brasil. Abrir mão de ofertas sedutoras e depois ser retirado da competição europeia foi, portanto, um baque grande.
Não faltaram movimentos no mercado ao longo dos últimos meses.
Como revelado pelo UOL Esporte, o Orlando City voltou a procurá-lo antes da abertura da janela e esbarrou, segundo pessoas envolvidas na conversa, em um pedido de valorização acima da realidade por parte do agente do jogador, Giuseppe Dioguardi, o Pepinho. Elas viram no empresário um obstáculo em seus planos de fazer de Ganso o substituto do recém-aposentado Kaká. Posteriormente, os norte-americanos foram consultados para retomar o diálogo e disseram ‘não’.
O Besiktas, que trabalhava com o seu nome como alternativa para uma eventual saída do compatriota Anderson Talisca, emprestado pelo Benfica, foi outro que também não animou o meia e foi recusado.
Em paralelo a isso, o Sevilla também se mexeu e, como forma de reduzir a sua folha salarial, o ofereceu por empréstimo a pelo menos três clubes no futebol espanhol: Deportivo La Coruña, Real Sociedad e Celta de Vigo. Mesmo se propondo a seguir arcando com metade de seus vencimentos, ouviu uma resposta negativa de todos eles.
Uma rota que surgiu nos últimos dias da janela através de intermediários foi a sua vinda para Portugal, porém, nem Benfica ou Sporting se mostraram convencidos de suas credenciais ao serem também procurados.
Com o Brasil descartado neste momento, Ganso enfrenta um momento decisivo em sua carreira. O meio-campo terá de decidir se assumirá o risco de não entrar em campo pelos próximos meses ou se aventurar em uma liga exótica. O seu contrato com o Sevilla se encerra em junho de 2021, mas está mais do que claro que o seu futuro não passa por Nervión.
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