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Polícia investiga suposta fraude em venda de Aránguiz ao Inter, diz jornal

Jogador chegou ao Inter em 2014, após passagem pela Universidad de Chile; na época, seus direitos pertenciam ao Granada, um dos principais investigados na Espanha - Jeremias Wernek/UOL
Jogador chegou ao Inter em 2014, após passagem pela Universidad de Chile; na época, seus direitos pertenciam ao Granada, um dos principais investigados na Espanha Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Do UOL, em São Paulo

15/02/2018 15h22

As autoridades fiscais da Espanha estão investigando contratações irregulares envolvendo diversos clubes pelo mundo – incluindo o Internacional. De acordo com o jornal espanhol El Confidencial, a lista de equipes conta com Granada (Espanha), Udinese (Itália) e Watford (Inglaterra) em posições de destaque, mas também inclui negociações envolvendo Atlético de Madri (Espanha), Benfica (Portugal) e Cesena (Itália), entre outros times.

O principal pivô do caso é o empresário Quique Pina, que presidiu o Granada entre 2009 e 2016. Pina teria aproveitado sua posição para interferir em transações, desviar fundos para paraísos fiscais e lavar dinheiro mediante empresas de fachada.

O Inter está presente na investigação por conta da contratação de Charles Aránguiz. Com seus direitos adquiridos pela Udinese, o jogador foi emprestado à Universidad de Chile, onde atuou entre 2011 e 2013. No fim daquele ano, teve seus direitos negociados ao Granada; no entanto, sem atuar na Espanha, foi emprestado ao clube gaúcho no início de 2014.

No meio do ano, o Internacional adquiriu Aránguiz junto ao Granada por 4,2 milhões de euros. Segundo o jornal espanhol, “a polícia também está rastreando” esta venda do jogador, que deixou o Inter em 2015 para jogar no Bayer Leverkusen.

As características são semelhantes às de outras negociações envolvendo o Granada. Transferências de jogadores como Mikel Rico (espanhol que trocou a equipe pelo Athletic Bilbao em 2013), Youssef El-Arabi (francês que chegou ao Granada em 2012) e Yacine Brahimi (que defendeu o clube entre 2012 e 2014) também são investigadas.

“A maioria das operações está relacionada com a passagem de Pina pelo Granada. Ele é acusado de fraude contra a Fazenda Pública, lavagem de dinheiro e insolvência”, relata o jornal. “A investigação considera que, além do presumido desvio de comissões, (Pina) havia provocado um prejuízo ao clube subtraindo recursos que pertenciam à entidade. Contudo, as pesquisas já se ampliaram à sua gestão em outros clubes”, completa.

Desde que deixou o Granada no fim da temporada 2015/2016, Quique Pina assumiu clubes como Cádiz, Lorca Deportiva (ambos da Espanha) e Sud América (Uruguai). O empresário, porém, foi preso em caráter provisório em 2 de fevereiro.

Transferência de brasileiro pagou iate

O caso de maior repercussão, porém, envolve o lateral esquerdo Guilherme Siqueira. O brasileiro se profissionalizou pela Udinese em 2006 e chegou ao Granada em 2010, antes de ser negociado com o Atlético de Madri em 2014. Na época, a chegada à capital espanhola custou 10 milhões de euros.

Em 22 de julho de 2014, o Granada recebeu do Atlético um cheque de 4,5 milhões de euros pela negociação. No dia seguinte, pouco mais de 3 milhões de euros deixaram a conta bancária do Granada para outra, da Fifteen Securitisation SARL, uma empresa com sede em Luxemburgo controlada por Gino Pozzo – o industrial italiano, atual proprietário do Watford, é filho de Giampaolo Pozzo, então dono do Granada e ainda proprietário da Udinese. Do valor restante, 363 mil euros foram enviados a uma empresa em Sydney, na Austrália, para pagar um iate registrado em nome de Elena Pina, irmã de Quique.

Segundo relata a investigação, “manifestou-se no procedimento que, nas operações de transferências de jogadores, o Granada não declarava 100% do dinheiro recebido, tributando apenas uma pequena quantidade”. “Através de um contrato prévio, a empresa Fifteen, de propriedade de família Pozzo, se convertia em proprietária dos direitos econômicos do jogador”, acrescenta o texto, apontando um padrão em negociações envolvendo Udinese e Granada. Os dois clubes são parceiros desde 2009.