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Presidente do Grêmio em 2009 contraria D. Costa e nega entrega de resultado

Duda Kroeff era presidente do Grêmio em 2009, mas nega que time tenha "entregado" - Marinho Saldanha/UOL
Duda Kroeff era presidente do Grêmio em 2009, mas nega que time tenha 'entregado' Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

20/02/2018 16h15

Quase 10 anos depois, a última rodada do Campeonato Brasileiro de 2009 ainda levanta polêmica. Tudo a partir de uma declaração do meia-atacante Douglas Costa, que na época defendia o Grêmio. Segundo ele, o time entrou 'para não ganhar' do Flamengo. Se ganhasse, o Inter seria campeão nacional.

Em contato com a reportagem do UOL Esporte, o presidente gremista na ocasião, Duda Kroeff, negou com veemência que tenha pedido para seus atletas não vencerem o Flamengo. Admitiu que o melhor time não foi levado ao Rio de Janeiro.

"O Grêmio não tinha mais nada em disputa naquele campeonato. O que aconteceu foi que demos férias para os principais jogadores, o Maxi López não quis jogar, aceitamos, não levamos o time titular", explicou.

Mas uma das histórias que circunda a partida de 6 de dezembro daquele ano relata que o mandatário teria descido aos vestiários no intervalo - quando o Grêmio vencia por 1 a 0 - e solicitado que seus jogadores entregassem a partida.

"Como eu chegaria para um grupo de jogadores profissionais e ainda o Rospide (Marcelo, técnico) e pediria uma coisa dessas? Claro que não. Jamais faria isso. Nunca. Permanecemos no camarote durante o intervalo, eu, Meira (Luiz Onofre) e Pacheco (César)", disse.

"Não me surpreendi (com as declarações do Douglas) porque pode ter ocorrido este comentário entre eles. Entre os jogadores mesmo de que se a gente vencer vai ficar complicado de voltar, entre os jogadores, sim. Mas nunca partiu da direção. Nunca partiu do Grêmio, eu jamais faria isso", completou.

Sofrimento por quase vitória

Mas não ter mandado o time perder não significa que a vitória era desejada. Depois de um começo de jogo empolgante do time gremista, o presidente garante que não chegou a torcer pelo Flamengo, mas ficou aliviado ao ver sua equipe tomar a virada.

"Eu vi que o Flamengo começou o jogo um pouco nervoso, do camarote via os meninos jogando bem, melhor do que o time titular (naquele ano o Grêmio venceu apenas uma partida fora de casa no Brasileiro) e o Flamengo ficou preocupado", contou. "Eu cheguei a achar que o Grêmio ia vencer o jogo. Foi uma tensão. Porque eu acostumado a torcer pelo Grêmio estava feliz, contente com o desempenho dos meninos, um time jovem e jogando tão bem, vencendo o Flamengo fora de casa... De repente me dei conta do que estava acontecendo, estávamos dando o título para o Inter. Não digo que eu comecei a torcer pelo Flamengo, mas comecei a pensar que seria um absurdo a gente voltar naquela condição. Isso já no segundo tempo. Mas o Flamengo virou e graças a Deus ganhou o jogo. Foi um sufoco (risos)", acrescentou.

Entenda o cenário

A classificação do Brasileiro de 2009 apontou a última rodada com Flamengo com 65 pontos e Inter e São Paulo com 62. Era o trio os únicos a poderem conquistar a taça. O Fla encarava o Grêmio no Rio, o São Paulo recebia o Sport e o Inter tinha confronto com o Santo André no Beira-Rio.

Com uma vitória a mais que São Paulo e o Flamengo, o Colorado só dependia que os cariocas perdessem o seu jogo para levar o caneco. O Grêmio, sob pedidos da torcida de 'entrega', discursou que faria seu melhor. Mas levou um time recheado de jovens da base para o confronto, dando férias a seus principais atletas. Até saiu na frente, mas levou a virada.

Na ocasião ocorreu algo inédito: o Beira-Rio inteiro, acostumado a vibrar nos gols contra o Grêmio pela natural rivalidade gaúcha, celebrou o gol gremista que abriu o placar. Mas não foi suficiente. O Inter fez 4 a 1 no Santo André, o São Paulo fez 4 a 0 no Sport, mas o Fla foi campeão.

A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com Fernando Carvalho, vice presidente do Inter na ocasião, que preferiu não se manifestar sobre o tema.