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"Baleia no aquário", Allianz Parque bate Arena Corinthians em eventos

Arena Corinthians e Allianz Parque foram inaugurados em 2014 e têm quatro anos de vida - Paulo Whitaker/Reuters e Eduardo Knapp/Folhapress
Arena Corinthians e Allianz Parque foram inaugurados em 2014 e têm quatro anos de vida Imagem: Paulo Whitaker/Reuters e Eduardo Knapp/Folhapress

Danilo Lavieri e Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

23/02/2018 04h00

O clássico entre Corinthians e Palmeiras, neste sábado, às 17h, traz novamente à tona comparações entre suas respectivas arenas. O embate ganhou um novo capítulo com a vitória de Andrés Sanchez nas eleições alvinegras e o retorno de Luís Paulo Rosenberg à diretoria. Assim que assumiu o marketing corintiano, o cartola provocou o estádio rival em uma entrevista ao programa Bate-Bola, da ESPN Brasil.

"Tem comparação a localização da Allianz com a do Corinthians? Não tem. É privilegiada. E para esses eventos com 40 mil pessoas e artistas internacionais, é imbatível. Mas você há de convir que a essa vantagem corresponde uma desvantagem. Você olha a arena do Palmeiras e parece uma baleia em um aquário. O espaço lá é muito escasso e tem de ser ocupado. A saída do estacionamento do Palmeiras é uma tragédia", disse Rosemberg.

A declaração acirrou as rivalidades entre os rivais, que se enfrentam pela primeira vez em 2018.

No ano passado, por exemplo, o Allianz Parque se tornou o estádio que mais recebeu megashows em todo o mundo, segundo uma pesquisa da Pollstar, uma das principais agências do mercado da música: foram 17 noites de atrações com nomes como The Who, Deep Purple e Paul McCartney.

Em 2016, a casa palmeirense já tinha ficado na segunda colocação neste mesmo levantamento, com 14 shows, só atrás do MetLife Stadium, nos Estados Unidos. Apesar de ficar fora de casa se as datas coincidirem com a tabela, o time é recompensado com uma porcentagem do lucro do show e ainda joga em outro estádio com o aluguel pago pela WTorre.

Sem concorrência

O Corinthians admite que a ideia não é entrar na concorrência pelos grandes shows musicais, sejam nacionais ou internacionais. A meta corintiana, segundo Rosenberg, é fazer do estádio de Itaquera um "point da zona leste", com atrações locais. Os shows menores ocorreria nos dois estacionamentos do estádio.

Arena Corinthians  - Diego Salgado/UOL Esporte - Diego Salgado/UOL Esporte
Ideia do Corinthians é fazer shows locais nos dois estacionamentos da arena de Itaquera
Imagem: Diego Salgado/UOL Esporte

"Temos esse privilégio de estar no coração da Zona Leste, em um espaço disponível para estacionamento, para shows em um estacionamento descoberto em que não vai a Madonna, mas de músicas populares uma vez por semana. Aquela Arena, se comparar com o Allianz, é localizada em lugar 'mosca branca', um privilégio enorme, fácil de chegar", disse Rosemberg, em entrevista ao UOL Esporte, no último dia 16.

O diretor de marketing ainda exaltou a imagem da Arena Corinthians e a julgou superior à do Palmeiras. "O Allianz não tem a monumentalidade que tem o estádio do Corinthians. Você passa e fala "oh!". No Palmeiras, você passa e nem viu que tinha um estádio do lado", afirmou à ESPN Brasil.

Allianz Parque - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Allianz recebeu 17 megashows em 2017
Imagem: Mariana Pekin/UOL

Corinthians quer atrair eventos com sua "vocação"

Com o retorno de Andrés e Rosenberg, o discurso da diretoria do Corinthians passou a ser o de ocupar o estádio com eventos semanais. Na avaliação dos dirigentes, o estádio foi pouco explorado nos últimos anos e possui potencial de uma maior arrecadação, que ajudaria a pagar a Arena com mais facilidade.

"É todo um trabalho de atrair, de se integrar com shopping, fazer com que a moçada de noite se encontre no shopping. Se vão jogar boliche, se vão numa lanchonete ou assistir aula, o point onde vão se encontrar é a Arena. Nessa hora, meu valor como naming rights explode, a exposição da marca que coloque o nome fica maior que os 80 ou 100 shows da Allianz. Esse respeito à vocação de cada Arena é que precisa haver", explicou Rosenberg.

Inaugurado em 2014, assim como a Arena Corinthians, o Allianz Parque também funciona todos os dias da semana, com um prédio de estacionamento, lanchonetes e um restaurante panorâmico. Os torcedores também podem fazer o tour para conhecer vestiários, sala de imprensa e até o gramado. Ainda há outras atrações que variam entre um rapel de 40 metros e um jogo com amigos com direito a foto e vídeo de melhores momentos com narração.

No modo em que o contrato foi feito, o gasto com a reforma do local e boa parte da manutenção fica por conta da WTorre. Em contrapartida, a construtora tem o direito de explorar a área por 30 anos e tem seu retorno financeiro concentrado nos shows e outras locações: em 2017, o estádio recebeu 77 eventos corporativos.

A Arena Corinthians, por sua vez, é gerida por um Fundo criado pelo clube alvinegro, que define os eventos lá realizados. Toda a renda obtida, porém, é destinada ao pagamento do estádio. Hoje, a dívida, contando os juros dos financiamentos e empréstimos, supera a marca de R$ 1,7 bilhão.