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Rogério diz entender filho e mira acordo para evitar nova prisão por pensão

Ex-jogador foi detido em dezembro logo depois de participar de um jogo festivo - Divulgação
Ex-jogador foi detido em dezembro logo depois de participar de um jogo festivo Imagem: Divulgação

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

25/02/2018 04h00

Rogério já deixou a prisão, mas ainda está longe de ter todos seus problemas relacionados à pensão alimentícia resolvidos. Além do primeiro processo, que o deixou por 30 dias na cadeia e chega a quase R$ 700 mil, o ex-jogador de Palmeiras e Corinthians tem um novo processo – na casa de R$ 200 mil – e corre o risco de ter de voltar a prisão.

Hoje com 41 anos, o ex-meio-campista/lateral foi preso em dezembro de 2017, depois de participar de um evento na cidade de Ourinhos com outros ex-atletas - como Edilson Capetinha, Pavão, Careca. Depois de 30 dias preso, foi solto, e agora tenta um acordo com o próprio filho, de 19 anos, fruto de um antigo relacionamento com quem não foi casado.

“Eu passei os 30 dias lá, a dívida não morre, ela permanece, mas ela [ex-mulher] não pode entrar com o processo novamente e pedir a minha prisão por este processo. Vão tentar bloquear algum bem, algum imóvel, e eu não tenho, pago aluguel. Aliás, agradeço imensamente, de coração, ao pessoal da imobiliária Mateus, ao Rafael, o proprietário, que foram as pessoas que me deram todo suporte nesse tempo, todo o apoio a minha esposa e filhos. Ele foi um parceirão para mim e para a minha família. Mas existe uma outra dívida em andamento que estou tentando negociar para fazer esse pagamento, gira em torno de uns R$ 200 mil”, contou Rogério, em entrevista ao UOL Esporte.

"Fico chateado, mas entendo"

O novo processo é referente ao período de agosto de 2016 a dezembro de 2017, e o mandado de prisão poderá ser expedido a qualquer momento.

Rogério comemora gol pelo Corinthians em jogo em 2003 - Antônio Gaudério/Folha Imagem - Antônio Gaudério/Folha Imagem
Imagem: Antônio Gaudério/Folha Imagem
“Foi feito um primeiro contato. Ele [filho] esteve com a minha mãe no fim de ano e, por ele ser maior de idade [19 anos], já responde por ele, não precisa da mãe neste sentido. Ele responde pelos atos dele e disse para a minha mãe que iria tocar o processo novamente. Mas já estou com os advogados, a gente vai tentar fazer um acordo, uma proposta de uma coisa que eu possa pagar, arcar, cumprir”, diz o ex-jogador.

Por enquanto, Rogério busca um acordo com o filho, que carrega o mesmo nome que o seu. O jogador lamenta a situação, mas por outro lado diz compreender as atitudes do filho.

“É ruim, mas eu teria que cumprir a minha obrigação como pai e eu acabei deixando nas mãos dos outros, não tomei conhecimento em que pé estava. A gente fica chateado, mas entendo. Por outro lado é um direito dele, que quer buscar. Eu só gostaria que ele entendesse que não tenho mais os mesmos rendimentos que tinha antes, então eu não posso arcar com isso, com essa obrigação de pagar hoje dez salários mínimos por mês”, afirma.

“Hoje a minha vida é mais regrada, mais tranquila, e é uma situação que eu não posso, não tenho condições de arcar com o valor que é pedido por esta pensão porque hoje estou desempregado, não trabalho, não tenho vencimento nenhum e não posso arcar com uma situação dessas”, acrescenta Rogério, campeão da Libertadores pelo Palmeiras em 1999.

"Deixei minhas coisas nas mãos dos outros"

Rogério, lateral do Corinthians, participa de treinamento do clube no Parque São Jorge - Fernando Santos/Folhapress - Fernando Santos/Folhapress
Imagem: Fernando Santos/Folhapress
Sincero, Rogério não esconde que cometeu erros no passado, como ter comprado imóveis que não lhe trouxeram benefícios e ter administrado mal alguns investimentos. Porém, aponta terceiros como principais culpados por sua situação.

“É o que eu falei quando sai da prisão: no momento que você está no auge, vivendo um grande momento, é cercado de pessoas que só querem se aproveitar, e foi o que aconteceu comigo. Eu deixei minhas coisas muito nas mãos dos outros, não tomava conhecimento, e chegou nesse ponto todo aí. A gente já vinha há um tempo tentando acertar isso, negociando, e não chegávamos num acordo, então já era esperado [a prisão]”, declara Rogério, citando um advogado entre as ‘pessoas que o cercaram e o fizeram mal’.

"Deixei muito nas mãos dos outros e chegou nessa situação, nessa dívida toda [R$ 663.101,24] que acabou acarretando na minha prisão. Eu fui mal orientado, tudo poderia ter sido feito de outras formas, poderia ter estancado isso lá atrás, há 10 anos. E já não tinha mais os mesmos vencimentos, por isso que foi aumentando e chegou nesse valor todo”, lamenta.

Poderia ter estancado isso lá atrás, há 10 anos"

Duas casas localizadas no bairro nobre de Alphaville, em São Paulo, estiveram na lista de ‘maus investimentos’ feitos por Rogério. “Eu não gosto muito de falar sobre estes assuntos porque é uma coisa muito particular, até porque tem o outro processo em andamento e estou tentando acertar da melhor forma. Eu fiz alguns investimentos que não deram certo, acabei comprando alguns imóveis de alto padrão que não me trouxeram benefícios. Foi um dos meus erros. Eu havia comprado duas casas em Alphaville e os valores que eu paguei foram alto, e chegou na hora da venda e eu acabei perdendo muito dinheiro”, recorda.

Corinthians foi onde mais ganhou dinheiro

Apesar de admitir seus erros, Rogério garante não ter ganho tanto dinheiro assim como algumas pessoas pensam. Segundo ele, o Corinthians foi o clube que lhe deu mais ‘benefícios’.

No Palmeiras eu não ganhei tanto dinheiro assim como acham que eu ganhei"

“Eu administrei mal alguns investimentos. Ganhei dinheiro na carreira? Ganhei, lógico, eu não posso reclamar, mas o meu melhor momento, digamos assim, financeiro foi quando eu fui para o Corinthians. No Palmeiras não ganhei tanto dinheiro assim como acham que ganhei. Tinha um salário legal? Lógico que tinha, mas eu nunca peguei luvas, nunca tive adiantamento de nada, de transferência... Então o dinheiro que ganhei foi do Corinthians, com salários”, diz.

Decepção grande com as pessoas: “nem ligaram”

Enquanto esteve preso, Rogério deixou o celular com a mulher Renata. Foi ela a responsável por atender ligações de amigos que queriam ter informações sobre o ex-jogador e até checar se poderiam ajudar de alguma forma. Porém, muitos ‘amigos’ não se mostraram preocupados, o que deixou Rogério decepcionado depois que deixou a prisão e conversou com a esposa.

A decepção foi grande com alguns, porque não fizeram nem uma ligação"

“Algumas pessoas realmente ajudaram nesse momento de dificuldade, principalmente no mês que eu estava na prisão, e é difícil falar porque posso esquecer de um ou de outro. Não quero julgar ninguém, mas a decepção foi grande com alguns, porque não fizeram nem uma ligação para perguntar. Não digo na parte financeira, mas aquela preocupação de amigo, de companheiro, do tempo que a gente passou junto, o lado sentimental. Se fosse com outra pessoa que eu conhecesse, passaria a mão no telefone e ligaria. E o meu telefone ficou com a minha esposa no momento que fiquei lá no interior, e ela me passou quem foram as pessoas que ligaram, quem foram as pessoas que se propuseram a ajudar”, conta Rogério.

Desempregado, Rogério busca trabalho para aliviar situação

Pai de outros dois filhos, Rogério usou os jogos de fim de ano em 2017 para conseguir uma renda extra, já que atualmente encontra-se desempregado. Ele está sem trabalho desde quando saiu do comando do Taboão da Serra, em 2015.

“Como eu estou desempregado, o que acontece? Estava fazendo muitos jogos no fim de ano, é onde a gente acaba cobrando os nossos cachês, era o momento que estava tranquilo para mim, para deixar a família tranquila, até porque tenho dois filhos agora com a atual esposa e ela não trabalha, então estava dependendo de mim, dessas situações”, diz.

Não sei se como treinador, como gerente, como gestor, auxiliar técnico, alguma situação assim"

A ideia de Rogério é aproveitar a sua experiência dentro do futebol para conseguir algum trabalho no meio. Ele segue à espera de convites e continua correndo atrás de um emprego. “É o que eu falo: conhecido a gente tem bastante no futebol, agora, aqueles que realmente podem abrir uma porta para eu retomar a minha vida... Não sei se como treinador, como gerente, como gestor, auxiliar técnico, alguma situação assim. Eu quero é voltar para o mercado, nesse momento é o mais importante, até porque estou parado desde que saí do Taboão”, completa.