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Argentina pode punir times de futebol por ofensas a presidente em estádios

Preconceito? Árbitros argentinos avaliam paralisar jogos por ofensas a Macri - Victoria Egurza/Telam/Xinhua
Preconceito? Árbitros argentinos avaliam paralisar jogos por ofensas a Macri Imagem: Victoria Egurza/Telam/Xinhua

Do UOL, em São Paulo

27/02/2018 15h53

A primeira divisão da Argentina tem sido palco de protestos de torcedores, em especial contra o presidente do país, Mauricio Macri. E as autoridades locais não têm gostado da mobilização.

Ao longo de fevereiro, tem sido comum ouvir ofensas contra Macri. De acordo com o jornal Clarín, os primeiros protestos de destaque aconteceram no dia 4, quando o San Lorenzo recebeu o Boca Juniors – clube do qual Macri foi presidente – e empatou em 1 a 1. Depois, manifestações semelhantes ocorreram em River Plate 2 x 2 Godoy Cruz no dia 18, em jogo com arbitragem bastante questionada. No último fim de semana, repetiram-se em jogos de Huracán (diante do Estudiantes), Independiente (contra o Banfield) e Chacarita Juniors (frente ao Belgrano).

Por isso, entidades que representam os árbitros dos países admitem paralisar jogos caso os protestos se repitam, a exemplo da orientação recebida em casos de outros protestos das arquibancadas. “Estamos analisando. Estamos vendo a questão legal, se isso se enquadra dentro de um ato de discriminação”, afirmou Guillermo Marconi, secretário-geral de um dos sindicatos dos árbitros argentinos, ao Clarin.

Ainda de acordo com a publicação, “é habitual que os árbitros parem os jogos quando há agressões verbais contra as comunidades bolivianas e paraguaias (no país)”. A comunidade judaica na Argentina também tem sido alvo de xingamentos. Em casos assim, a orientação da Associação de Futebol Argentino (AFA) é a paralisação dos jogos.

Olé Boca x River - Reprodução - Reprodução
Críticas foram inicialmente consideradas somente rivalidade política (foto); no entanto, entidades podem agir contra clubes que protestam
Imagem: Reprodução
Inicialmente, a questão dos xingamentos a Macri foi tratada como um suposto favorecimento histórico de políticos a clubes, polarizando a questão inicialmente entre Boca Juniors e River Plate. Porém, com a reincidência das críticas, autoridades já estudam inclusive punir equipes, caracterizando os protestos dos torcedores como preconceito.

O presidente da AFA, Claudio Tapia, foi comunicado a respeito da questão nesta terça-feira, e informou o sindicato dos árbitros de que “este é um tema político”, e “não é jurisdição dos árbitros” paralisar os jogos por tais intervenções. Ainda assim, a questão será discutida em reunião do Comitê Executivo da AFA assim que o Tapia voltar de viagem à Rússia, o que deve acontecer na próxima semana.

Punição anterior por racismo

Em 2012, de maneira inédita, o tribunal disciplinar da AFA tirou um ponto do Chacarita Juniors por conta de cânticos discriminatórios de sua torcida em um jogo disputado contra o Atlanta no dia 11 de março daquele ano. Tal precedente levou o Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racimos (Inadi) a exaltar a medida.

“Celebramos esta medida porque cremos que ela vai ajudar a visibilizar este tipo de conduta, cuja gravidade temos destacado no Inadi há bastante tempo”, declarou na ocasião Pedro Mouratian, interventor do Inadi. Segundo ele, tais manifestações “muitas vezes desembocam em situações de violência”, inclusive após os jogos.