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Na Colômbia, restrições na arquibancada diminuem pressão sobre Corinthians

Estádio El Campín, na Colômbia - Fernando Moura/Colaboração para o UOL
Estádio El Campín, na Colômbia Imagem: Fernando Moura/Colaboração para o UOL

Fernando Moura

Colaboração para o UOL, de Bogotá (Colômbia)

28/02/2018 04h00

Pela motivação da torcida do Millonarios, segundo clube mais popular da Colômbia, o Corinthians poderia sofrer uma pressão muito maior do que de fato deve acontecer na noite desta quarta-feira (28) em sua estreia fora de casa pela Copa Libertadores 2018, no Estádio El Campín, em Bogotá.

Como acontece no Brasil, nos últimos anos a Colômbia vem restringindo gradativamente o uso de instrumentos e adereços nas arquibancadas como punição a diversos conflitos envolvendo torcedores com vestimentas de torcidas organizadas. Os clássicos também já passaram a ser realizados com torcida única, inclusive entre equipes de Medellín e Bogotá.

Apesar disso, as organizadas do clube, tanto das arquibancadas populares como dos setores centrais, tentaram abrir uma exceção e fizeram uma solicitação formal à Conmebol e à Prefeitura local para incrementar a festa devido à importância do jogo, mas tiveram negadas grande parte de suas intenções.

"Pedimos para levar um bandeirão que cobre apenas um setor e bexigas", diz Alejo Cortes, presidente da Unibam (União das 'Barras' do Millonarios), agremiação que reúne três grupos organizados dos setores centrais do estádio. Cortes não tiveram retorno até esta segunda-feira, mas acredita que apenas as bexigas serão liberadas.

Diretoria da torcida organizada Comandos Azules - Fernando Moura/ Colaboração para o UOL  - Fernando Moura/ Colaboração para o UOL
Diretoria da torcida organizada Comandos Azules
Imagem: Fernando Moura/ Colaboração para o UOL

A 'Comandos Azules', principal torcida organizada da equipe, tentou ir mais além e pediu para entrar com seus tradicionais guarda-chuvas, bandeirões, rolos de papel e até extintores, que fazem fumaça com as cores azul e branca. "Negaram quase tudo que pedimos. Só vamos poder levar bandeiras", lamentou o presidente John Lozano, conhecido como 'Petri'.

A restrição, porém, não é exclusiva da Colômbia. Grande parte dos materiais tradicionalmente usados pelas torcidas latino-americanas está estritamente restringida pelo Regulamento da Conmebol Libertadores. O artigo 129 desta edição proíbe, entre outras coisas, o uso de faixas, telas ou bandeiras que "impeçam a correta identificação dos torcedores", rolos de papel e guarda-chuvas.

As proibições frustram aos torcedores que voltam a ver o clube na fase de grupos da Libertadores após cinco anos. O último jogo em casa foi justamente contra o Corinthians, em 2013, quando um gol de Danilo garantiu a magra vitória alvinegra e eliminou a equipe local, ainda na 5ª rodada. Apesar da pífia campanha daquele momento, a torcida lotou o estádio e abriu o que considera ser o maior bandeirão do mundo, cobrindo o estádio inteiro.

Além destes confrontos, outras coincidências históricas aproximam os dois rivais desta quarta-feira. "Nós ficamos 24 anos sem conquistar um título e seguimos apoiando, sempre lotando os estádios e viajando com o time. Somos uma torcida muito fiel", se orgulha Camilo Lara, da 'Barra del Bufalo', torcida do setor central do estádio. Ainda, o fim da fila enlouqueceu a capital colombiana no dia 16 de dezembro de 2012, mesmo dia em que o Corinthians era campeão mundial no Japão.

Camilo Lara - Fernando Moura/Colaboração para o UOL  - Fernando Moura/Colaboração para o UOL
Imagem: Fernando Moura/Colaboração para o UOL

Otimismo colombiano pela classificação

Mural da torcida do Millionarios - Fernando Moura/Colaboração para o UOL - Fernando Moura/Colaboração para o UOL
Mural da torcida do Millionarios
Imagem: Fernando Moura/Colaboração para o UOL

Da mesma forma que em 2013, o Millonarios chega à disputa como atual campeão colombiano, após vencer a Liga do segundo semestre de 2017 (na Colômbia, a competição nacional é semestral). Desta vez, porém, a torcida garante estar com uma equipe mais forte do que naquela ocasião, sendo capaz de disputar a vaga tanto com o Independiente da Argentina, como com o Corinthians.

O otimismo se deve principalmente às contratações do goleiro titular da seleção venezuelana Wuilker Faríñez e do atacante paraguaio Roberto Ovelar, destaque do Junior de Barranquilla em 2017, incorporados ao plantel do técnico argentino Miguel Ángel Russo, campeão da Libertadores pelo Boca Juniors em 2007.

Na Superliga (confronto de ida e volta entre os campeões do ano anterior), disputada no início do mês contra o Atlético Nacional, o goleiro venezuelano brilhou com grandes defesas e o centroavante paraguaio foi o destaque ao fazer dois golaços, sendo um de cobertura da intermediária, e garantir o título ao time da capital dentro de Medellín.

Apesar do início animador, a fase atual não é boa. A equipe está há três rodadas sem vencer, com duas derrotas e um empate. Outro problema é o estado de saúde do técnico argentino. No final do ano passado ele anunciou que lutava em silêncio contra um câncer de próstata, comovendo toda a torcida, principalmente por continuar o trabalho e sagrar-se campeão.

Mesmo com a confirmação dos médicos de que o treinador estaria curado após fazer duas operações, no fim de janeiro ele foi internado por duas semanas, voltou aos trabalhos em seguida, mas teve que voltar ao hospital na última semana por infecção urinária. A assessoria do clube garante que este problema não tem relação com o câncer.

O treinador não deverá estar presente neste confronto e a equipe será novamente dirigida por seu assistente, também argentino, Hugo Gottardi. O Millonarios sabe que uma vitória na estreia pode dar um importante ânimo para o resto da competição e conseguir a classificação.