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Indicado por Mano, auxiliar do Cruzeiro cresceu vendo Zico e já treinou R10

Júnior Lopes, auxiliar técnico do Cruzeiro, concedeu entrevista ao UOL Esporte - Thiago Fernandes/UOL Esporte
Júnior Lopes, auxiliar técnico do Cruzeiro, concedeu entrevista ao UOL Esporte Imagem: Thiago Fernandes/UOL Esporte

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

01/03/2018 04h00

Filho de Antônio Lopes, amigo de Zico e Vanderlei Luxemburgo e treinador de Ronaldinho Gaúcho. Junior Lopes tem todos os predicados para conhecer e viver do futebol. E foi assim que decidiu ganhar a vida.

Hoje auxiliar da comissão técnica fixa do Cruzeiro, ele chegou ao clube a pedido de Mano Menezes. E por incrível que pareça, jamais havia trabalhado com o treinador em outro lugar.

"Recebi o convite com muita satisfação e com uma certa dose de surpresa, porque não tinha muito contato com o Mano, só aquela coisa de cumprimentar quando encontra. Coube ao Mano a indicação. Ele procurou saber informações minhas e, segundo ele, teve informações positivas. Me causou satisfação porque a gente não tinha amizade e pesou o lado profissional", disse ao UOL Esporte.

Aos 44 anos, Junior Lopes coleciona história no meio do futebol. Herdeiro de Antônio Lopes, campeão brasileiro por Corinthians e Vasco, o assistente de Mano sempre viveu no meio do futebol.

"Eu vivo futebol desde seis anos de idade, não da arquibancada, mas do vestiário, dos pormenores, ali por dentro. Eu cresci ao lado de grandes jogadores, como Zico, Romário, Bebeto... É uma coisa que sempre gostei muito", contou.

O futebol ficou no DNA de Junior. Mesmo que não tenha se profissionalizado como atleta, chegou a jogar nas categorias de base do Tijuca Tênis Clube e do São Cristóvão. Em 1989, por pouco não defendeu o Flamengo. Ao ver que teria que escolher entre o futebol e os estudos, o então lateral direito não teve dúvidas: era melhor investir na carreira acadêmica.

Formou-se em Educação Física e logo passou a atuar como auxiliar técnico. Em 2001, aos 26 anos, teve a primeira grande experiência e uma ideia que marcaria para sempre a sua trajetória no esporte. Convidou Ronaldinho, recém-contratado pelo PSG e em litígio com o Grêmio, para treinar no Bangu.

"Era auxiliar técnico e meu pai era diretor da CBF. Estava saindo a Lei Pelé. O Ronaldinho estava saindo do Grêmio para ir para o Paris Saint-Germain, só que estava um imbróglio e ele não pôde ir. O pessoal da CBF queria convocá-lo, mas como convocariam um jogador que não estava nem treinando? Eu falei com o Antonio Lopes para levá-lo para treinar no Bangu. Ele pediu para falar com o presidente do Bangu, que era o doutor Rubens Lopes, e eu falei. Aí o Ronaldinho ficou lá treinando por duas ou três semanas. Ele chegou a jogar com a seleção e ganhou do Equador, se não me engano, mas não voltou. Já tinha ido para o PSG", relatou.

O tempo passou e Junior Lopes foi ficando cada vez mais conhecido no futebol. Longe do estigma de filho de Antônio Lopes, passou a contar com o apreço de Vanderlei Luxemburgo. E desde então já esteve ao lado de um dos treinadores mais vitorioso do futebol nacional em seis oportunidades.

"Trabalhou comigo no Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Fluminense e Sport. O Vanderlei, a gente tem uma relação muito boa, muito próxima. Eu fui auxiliar dele na primeira vez no Palmeiras. Fui no Flamengo, Fluminense e, agora, no Sport. A gente se entende bem, se relaciona bem. Eu até deixei de trabalhar com ele em algumas situações para ser treinador principal, porque era o que queria no momento. A gente tem uma história bacana junto. É um cara dos mais competentes do país e tive prazer de trabalhar com ele também", afirmou.

Há quase dois meses na Toca da Raposa II, Junior Lopes gosta do atual trabalho, mas sonha mesmo em se tornar treinador principal de um grande clube do Brasil. As chances vieram somente em times de menor expressão. E um de seus trabalhos mais marcantes culminou na última derrota do Cruzeiro para um clube do interior de Minas Gerais.

"Com o Tombense, foi o mais legal aqui em Minas Gerais. Foi o trabalho que chamou mais atenção aqui. Chegamos à semifinal e, no último jogo, ganhamos do Cruzeiro aqui. Até vi agora que foi a última derrota do Cruzeiro para times do interior. O Cruzeiro não perde para times do interior há dois anos e pouco. Isso chamou bastante atenção. Foi um jogo épico. O pessoal de Tombos fala que foi o melhor jogo da história do Tombense. Chegamos à semifinal contra a Caldense. Poderíamos ter ido à final", concluiu.

Júnior chegou ao Cruzeiro no início de 2018 para substituir James Freitas. O antigo auxiliar aceitou o convite de Roger Machado para trabalhar no Palmeiras e deixou a Toca da Raposa II.