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Cruzeiro traça plano para mudar imagem e recuperar credibilidade no mercado

Itair Machado (à esq.) e Wagner Pires de Sá (à dir.) tentam mudar imagem do Cruzeiro - Divulgação/Cruzeiro
Itair Machado (à esq.) e Wagner Pires de Sá (à dir.) tentam mudar imagem do Cruzeiro Imagem: Divulgação/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

07/03/2018 04h00

Campeão da Copa do Brasil, com vaga na Libertadores garantida e manutenção de boa parte do elenco. O legado deixado pela antiga diretoria do Cruzeiro tinha tudo para ser bom, não fossem as dívidas que arranharam a imagem do clube no mundo da bola.

A gestão de Gilvan de Pinho Tavares deixou quase R$ 50 milhões em débitos na Fifa e três meses de salários atrasados. Não foi só a necessidade de quitá-los que atrapalhou o início do trabalho feito pela nova administração. O presidente Wagner Pires de Sá e o vice de futebol Itair Machado tiveram de abusar da criatividade para evitar que os problemas atrapalhassem a atual temporada.

O primeiro passo era recuperar a credibilidade com o elenco. Por mais que os antigos gestores fossem próximos do plantel, foram deixadas dívidas de salários e premiações. Os três meses de atrasos foram pagos logo no início de janeiro. A cúpula contraiu empréstimos em três bancos distintos para pagar os atletas.

"Quando a diretoria anterior estava saindo, disseram que estavam deixando um Boeing na pista para decolar. Mas não deixaram o motor do Boeing. Só de salários atrasados, foram três meses", disse Itair Machado ao UOL Esporte.

"Jogador tem que receber salário. Eles deixaram três meses de salário atrasado e nenhuma premiação paga. Nenhuma premiação do Cruzeiro foi paga. Estava devendo tudo, fora as dívidas normais que eles deixaram", acrescentou.

O segundo ponto era reforçar o elenco, que já era considerado bom pela própria diretoria. Só que a fama de caloteiro fez com que os cartolas se deparassem com exigências inéditas no meio do futebol. Os casos mais evidentes são nas contratações de Bruno Silva e Mancuello, ex-jogadores de Botafogo e Flamengo, respectivamente.

Para tirar o primeiro de General Severiano, o Bota exigiu o pagamento de R$ 5 milhões à vista. O temor dos cariocas era entrar na lista de calotes do Cruzeiro. A nova diretoria, entretanto, depositou o dinheiro no prazo estipulado e o atleta iniciou a pré-temporada com os demais companheiros.

A busca por Mancuello foi além. O argentino foi contratado por por 1,8 milhão de dólares (R$ 6 mi à época), mas o pagamento é parcelado em quatro vezes. A primeira prestação - 40% do valor total - já foi paga. Para evitar os calotes, o Rubro-Negro exigiu que um possível atraso seja encaminhado imediatamente para a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF. O órgão terá a incumbência de solucionar o caso, passível de sanções desportivas.

Formado em Ciências Econômicas, o mandatário Wagner Pires de Sá busca alternativas para resolver os problemas pendentes. O cartola tem marcado reuniões constantes para resolver as dívidas existentes na Fifa. Ele já até se acertou com Defensor Sporting e Club Atenas, ambos do Uruguai, pelas contratações de Arrascaeta e Gonzalo Latorre. Há reunião prevista com outras equipes para que as ações sejam retiradas da Fifa ou que haja acordos mediados pelo órgão.

"O presidente é um economista e ele tem umas ideias boas e saídas para resolver as dívidas. Eu até gostaria de ficar fora disso, porque não é minha área. Mas estamos negociando tudo e resolvendo estas pendências. Temos a vantagem de ter um presidente economista. Ele tem uma credibilidade grande no mercado financeiro", concluiu Itair Machado.