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Multa de Fred faz Cruzeiro, sem querer, ajudar Galo em obra do estádio

Ilustração de como será a parte interna do futuro estádio do Atlético-MG - Reprodução
Ilustração de como será a parte interna do futuro estádio do Atlético-MG Imagem: Reprodução

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

07/03/2018 04h00

Ao colocar uma multa de R$ 10 milhões na rescisão de Fred em caso de acerto com o Cruzeiro, o Atlético-MG queria se resguardar de não perder um titular para o maior rival sem receber nada em troca. E o fato de o centroavante trocar a Cidade do Galo pela Toca da Raposa deixou o clube alvinegro ainda mais próximo de iniciar a construção de seu estádio.

Fred deixou claro para o Cruzeiro a existência da cláusula colocada pelo Atlético no contrato de rescisão. O atacante só assinou com a Raposa após a diretoria celeste assumir o pagamento da dívida que seria criada a partir de então. Até o momento, o Atlético ainda não recebeu. O dinheiro que pode entrar na conta atleticana pela multa de Fred não será usado na construção do estádio. Porém, a discussão sobre quem vai pagar ou se alguém deve pagar, fez os dirigentes atleticanos se aproximarem de um antigo credor.

Fred aparece vestido com a camisa do Cruzeiro - Divulgação - Divulgação
Fred informou para a diretoria do Cruzeiro sobre a multa antes de assinar o contrato
Imagem: Divulgação

Em 2000, a WRV Empreendimentos emprestou dinheiro para que o Atlético pudesse comprar o zagueiro Cláudio Caçapa e o atacante Guilherme, dois dos destaques do time alvinegro na campanha do vice-campeonato brasileiro da temporada anterior. Há muitos anos a empresa tenta receber do Galo. De acordo com o credor, o valor emprestado foi de R$ 7 milhões. Hoje a WRV cobra R$ 64,3 milhões do Atlético.

A cada transação feita pelo clube, os advogados da empresa tentam penhorar os valores, para receber a quantia desejada. Dívida que é reconhecida pelo presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara. Por outro lado, o valor é questionado pelo clube. Uma diferença “abissal”, como descreve o mandatário alvinegro.

Foi então que surgiu o Cruzeiro na história. O clube celeste foi notificado para depositar a quantia em juízo, em função da ação que WRV move contra o Atlético. O que parecia ser o fim da polêmica, com o dinheiro cruzeirense não indo para o Atlético, se tornou uma enorme ajuda para o andamento da construção do estádio atleticano.

A jogada do Cruzeiro fez com que o Atlético conseguisse uma aproximação da WRV. Enquanto a ação segue na Justiça, o clube se aproxima de um acordo com a empresa. O Galo já apresentou uma proposta para finalizar a discussão, no começo de fevereiro. Desde então, as duas partes seguem negociando e o clube se mostra bastante otimista.

Então, caso o Atlético se acerte com a WRV, o dinheiro referente à multa de Fred não pode ser bloqueado pela Justiça. É aí que entra a ajuda indireta do Cruzeiro para que o grande rival possa dar seguimento ao projeto de construção do estádio. Não só os R$ 10 milhões da multa de Fred, mas também qualquer outra transação feita pelo clube alvinegro não vai poder ser bloqueada em função da dívida com a WRV.

Em setembro do ano passado o conselho deliberativo do Atlético aprovou a venda de 50,1% de um shopping que pertence ao clube, localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para que o dinheiro seja usado na construção do estádio. O acordo feito com a Multiplan foi de R$ 250 milhões, o que significa 61% do valor estimado da obra, orçada em R$ 410 milhões. Portanto, qualquer valor bloqueado poderia interferir diretamente no ritmo da construção do estádio.

Expectativa é para início das obras até junho

Projeto do estádio do Atlético-MG - Divulgação/Atlético-MG - Divulgação/Atlético-MG
Projeção de como será o estádio do Atlético-MG, no bairro Califórnia, em Belo Horizonte
Imagem: Divulgação/Atlético-MG

Quando a negociação de parte do shopping foi aprovada, em setembro do ano passado, o Atlético trabalhava com março como o prazo mais otimista para início das obras. Algo que não vai acontecer. Neste momento, segundo apurou o UOL Esporte, existe muita confiança entre diretores e demais participantes do projeto é de que o estádio comece a ser erguido ainda neste primeiro semestre. Portanto, a expectativa é que o primeiro dia de trabalho seja ainda em junho.

Além da negociação com WRV, que ainda não está acertada, o Atlético também depende da Prefeitura de Belo Horizonte, da Câmara Municipal e de outros órgãos municipais. O projeto precisa ser encaminhado pelo prefeito de BH, Alexandre Kalil, que já foi presidente do Galo, até os vereadores. Então será votado em dois turnos, o que pode acontecer no mesmo dia. A aprovação depende de 28 dos 40 votos possíveis.

Os passos seguintes são pela avaliação Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) – nesta etapa incluí a análise feita por diversas secretárias e autarquias – e também o alvará de construção, concedido Secretaria de Regulação Urbana. Clique aqui e veja todos os passos que faltam.

O Atlético espera pelo acerto com a WRV, para então iniciar todo esse processo, evitando assim qualquer tipo de surpresa negativa capaz de atrasar o início da obra.