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PM-PE diz que atuou de forma precisa e culpa parte de torcida por confusão

CARLOS EZEQUIEL VANNONI/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: CARLOS EZEQUIEL VANNONI/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

08/03/2018 12h23

Diante da confusão nas arquibancadas da Ilha do Retiro na noite da última quarta-feira, a Polícia Militar de Pernambuco avalia que teve uma atuação correta e culpou um grupo de torcedores pelo incidente no intervalo do jogo Sport x Santa Cruz.

Em entrevista coletiva, o tenente-coronel Cesar Moraes disse que a ação foi técnica e 170 policiais estavam no local para cuidar da segurança de 13 mil pessoas. 

"Ao notar o sinalizador, nossa patrulha foi calmamente até o responsável, fez a imobilização e o retirou pela lateral, como deve ser feito. Um grupo começou a correr, de cima para baixo. A estrutura da arquibancada é inapropriada para isso. Quem está na parte inferior não vê o que está acontecendo. Só é empurrado e naturalmente cai, muitas vezes se machucando”, disse.

Já em declarações ao “SporTV”, o assessor da PM de Pernambuco, Coronel Alexandre Cruz, explicou que a abordagem ao torcedor que acendeu um sinalizador foi precisa e o corre-corre teve como origem o comportamento inadequado de alguns torcedores.   

“Nós temos o entendimento que, mais uma vez, a polícia de Pernambuco atuou de forma precisa no episódio, usando a técnica necessária e evitando que o ocorrido tivesse um caráter mais desastroso”, disse Alexandre Cruz, que explicou o caso.

“Uma patrulha do batalhão de  choque verificou que um dos torcedores estava com sinalizador e de imediato foi fazer essa repressão. Naturalmente, quando prendeu esse indivíduo, ele foi retirado com todos os cuidados necessários para que não houvesse qualquer tipo de confusão. Foi retirado pela lateral evitando que chamasse a atenção da massa”, disse.

“Entretanto, algum grupo, que deve ser de torcida organizada, tomou um comportamento inesperado, que foi descer de forma abrupta a arquibancada e isso gerou uma reação em cadeia que levou todos aqueles torcedores naquele perímetro também a efetuarem esse movimento. Isso causou um transtorno grande, pessoas se machucaram em razão desta provocação, destas pessoas que tiveram esse comportamento”, completou.

O Coronel Alexandre Cruz ainda explicou o motivo de a polícia ter limitado o acesso ao campo. “A intenção de muitos destes indivíduos que não estavam preocupados com a integridade física dos fieis torcedores... Tentaram, de certa forma, atrapalhar ainda mais o espetáculo. A intenção deles era entrar em campo. Era um grupo considerável. Naquele espaço tinham em torno de 2500 pessoas, e o batalhão de choque, usando a técnica necessária, fez a retenção para que não fizesse a entrada, que era única e exclusiva para dar assistência as pessoas que se lesionaram”, explicou.

Por último, ele defendeu o uso de spray de pimenta. Segundo pessoas presentes no estádio, os policiais usaram grande quantidade de gás de pimenta para intervir quando um torcedor tentou acender um sinalizador, objeto proibido em jogos de futebol.

“Tudo que foi feito foi dentro da técnica. Onde houve a contenção, a dispersão dos que estava provocando o tumulto e fez a assistência daqueles que lesionaram”, disse.

De acordo com a polícia, cerca de 60 pessoas foram socorridas ainda no gramado da Ilha do Retiro. Dentre elas, as que requeriam de maiores cuidados foram levadas a hospitais da região. mas já foram liberadas.

Ação prévia

A polícia ainda disse, em nota, que atuou de forma prévia e evitou maiores confusões. "Durante todo o dia de ontem, o serviço de Inteligência da PM identificou grupos de torcidas organizadas dos dois clubes marcando brigas pela internet, dentro e fora do estádio. Os locais foram monitorados e o policiamento se antecipou aos vândalos e evitou confrontos em vários pontos da cidade, como na Avenida Caxangá e outros mais distantes da Ilha do Retiro", diz a nota.

Para o major Eliel Aquino, do 12º BPM, responsável por coordenar esse trabalho e que também esteve presente à coletiva, a ação da tropa foi fundamental na prevenção e contenção de conflitos: “Sufocamos os planos desses grupos e impedimos que eles transtornassem a vida dos cidadãos, que não têm nada a ver com essas pessoas”, disse.

Posição dos clubes e da federação

Em nota, o Santa Cruz diz que vai prestar assistências aos torcedores feridos. “O clube vai prestar toda assistência aos torcedores que ficaram feridos. Temos a consciência e lutamos sempre para ter essa família coral ao lado do clube, e não afastá-la. Não é apontar erro para ninguém, mas como o torcedor entrou com sinalizador? Temos que repensar, evitar algumas situações. Pedimos tanto ao torcedor para comparecer. Diante de tantos fatos, será que ele se sente à vontade para sair de casa? Precisamos reduzir estas situações que afastam o torcedor de bem”, afirmou o presidente Constantino Junior.

Já o Sport disse que o esquema de segurança da Ilha do Retiro estava de acordo com o necessário para um jogo. "O clube explica que, em todas as partidas na Ilha do Retiro, adota medidas preventivas de segurança, como determinam as instituições competentes e a Legislação. Nesta quarta-feira, eram 4 ambulâncias privadas (cada uma com médico e enfermeiros) e 18 brigadistas particulares, capacitados para também prestarem os primeiros socorros. Na área externa, 120 homens reforçavam a segurança particular. Números bem superiores aos exigidos pela Lei em uma partida com pouco mais de 13 mil torcedores, como foi o clássico", diz a nota.

Por último, a Federação Pernambucana de Futebol (FPF-PE) disse que o jogo só foi reiniciado após as garantias necessárias de segurança. "Todos os procedimentos de assistência e proteção à vida foram prestados aos torcedores durante o incidente e imediatamente o plano de ação do jogo elaborado em conjunto com as autoridades, entidade e do clube mandante foi acionado e mais ambulâncias foram disponibilizadas para o pronto atendimento aos torcedores dentro do campo. A partida somente foi reiniciada, com a garantia da contenção do tumulto, bem como da prestação do socorro necessário aos feridos, tanto que logo após o reinício não houve mais incidentes. É lamentável que episódios como esses continuem acontecendo no futebol. Continuaremos trabalhando pela paz dentro e fora dos campos".