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Ex-Fla, Filho de Júnior Baiano tenta embalar na 4ª divisão em Portugal

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Imagem: Divulgação

Por Marcus Alves

Colaboração para o UOL Esporte, de Lisboa (POR)

09/03/2018 04h00

No fim dos anos 2000, ao se dirigir ao centro de treinamento de Vargem Grande para acompanhar um treino da categoria mirim do Flamengo, era possível esbarrar em Bebeto chegando para deixar o filho Mattheus Oliveira. Ou ainda Júnior Baiano e o seu herdeiro Patrick Ramos. Pedro, primo de Adriano Imperador, e Lucas, filho do ex-meia Leonardo, também faziam parte da mesma geração.

Mais de dez anos se passaram e a ligação entre os garotos que tinham entre 12 e 13 anos naquela altura não se rompeu totalmente.

Cedido pelo Sporting ao Vitória de Guimarães, Mattheus joga a primeira divisão em Portugal e, sempre que tem folga, pega a estrada e dirige pouco mais de meia hora para encontrar o amigo Patrick.

Sucessor de Júnior Baiano, ele atuou por sete anos na base do Fla até que, em meio a uma confusão interna, resolveu deixá-la aos 17 e se aventurar pela primeira vez no exterior. Partiu para a Espanha e tentou a sorte na região de Valencia confiante de que a sua dupla cidadania sairia em tempo. Não saiu e teve voltar ao Brasil para defender o São Caetano.

O sonho de atuar no velho continente nunca ficou de lado, no entanto.

Hoje, Patrick Ramos joga pelo Sobrado nos distritais do Porto, equivalente à quarta divisão portuguesa, e é titular a cada fim de semana ao lado de atletas locais e outros compatriotas que desejam chegar à elite em breve.

Ao assistirem a Premier League, não seria exagero dizer que espelho melhor não existe: o goleiro Ederson, do Manchester City, que, antes de brilhar no país com o Benfica, acabou sendo dispensado na Luz e foi parar na Terceirona com o modesto Ribeirão. Agora, está quase garantido na Copa do Mundo.

Exemplo para ir longe

"Eu vim (para o Sobrado) através de meu empresário, o Gelson Baresi, ex-Flamengo, São Paulo e Cruzeiro, amigo de meu pai que me fez o convite para jogar aqui e aceitei. Nunca tinha vindo para Portugal, passei pela Espanha, não para jogar, era menor de idade", conta o zagueiro de 22 anos ao UOL Esporte.

Patrick Ramos, filho de Júnior Baiano - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"A experiência está sendo muito boa, é uma porta de entrada para a Europa, estou jogando sempre e, de repente, na próxima temporada, consigo crescer ainda mais. Tenho gostado bastante. Quero fazer a minha carreira por aqui", prossegue.

O defensor, que costumava ser elogiado na base do Fla pelo estilo mais técnico que contrastava com o do pai, mudou um pouco as suas características no novo país e passou a adotar a linha dura em campo. Não se trata de uma estratégia para alterar a direção de sua carreira, mas uma necessidade que surgiu em gramados portugueses.

"O ritmo é muito mais intenso, tem mais preocupação com posicionamento e ser ligeiro. Joga-se em linha, com marcação alta enquanto no Brasil sempre ficava um na sobra", explica. "Antes de vir, não chegava forte, cercava mais. Por aqui, tem de ser mais agressivo, pessoal não gosta tanto que saia jogando, preferem que não arrisquem atrás".

O seu companheiro de zaga é um compatriota, Léo Bonfim, veterano de 35 anos que atuou por Portuguesa e Ceará. Mais à frente, ele tem a companhia do meia Caio Quiroga, com quem dividiu vestiário no Flamengo. Os dois moraram juntos logo que desembarcaram no Sobrado.

"O nosso projeto era subir de divisão, mas fizemos o time todo em menos de um mês. Havia essa expectativa, hoje estamos no meio da tabela (em oitavo lugar) e, como são promovidos apenas dois, queremos ver se até o final conseguimos nos aproximar ao máximo deles", conta Patrick.

Longe de casa, o jovem jogador escapou apenas das cornetadas do pai Júnior Baiano e de Djalminha, a quem trata como tio.

"O meu pai, quando fala... Está louco, sai de baixo. Temos uma relação muito boa, falamos diariamente, é o meu maior exemplo. O tio Djalma puxa um pouquinho a orelha, mas é mais tranquilo", sorri.

Flamenguista de coração, Patrick Ramos ainda acompanha o clube, mas quer retornar ao Brasil somente de férias. Ele tem contrato até o fim de abril e pretende seguir em Portugal na próxima temporada.