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Palmeiras supera a própria pressão e passa em 1º "teste de fogo" emocional

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

28/03/2018 04h00

A classificação suada para a final do Campeonato Paulista, que veio com derrota no tempo normal para o Santos e vitória dramática nos pênaltis, foi o primeiro grande teste de fogo emocional do Palmeiras sob o comando de Roger Machado. Em um clássico no mata-mata, com a tensão de estar a um gol da eliminação e a pressão da torcida do Pacaembu, a equipe respondeu bem e chega fortalecida mentalmente para a grande decisão.

Depois de duas vitórias tranquilas sobre o Novorizontino nas quartas de final, os duelos contra o Santos na semi foram desafios completamente diferentes. Mesmo com a vitória no jogo de ida por 1 a 0 e com o controle da partida de volta, o Palmeiras levou dois gols em desatenções da defesa no primeiro tempo e atuou a maior parte dos 90 minutos pressionado, com a paciência das arquibancadas no limite.

Já no início do segundo tempo, boa parte da torcida palmeirense xingava jogadores do time e cobrava ataques mais contundentes, mesmo quando a bola ainda estava no meio-campo. O clima no Pacaembu fazia até parecer que o Palmeiras estava sendo eliminado com a derrota, quando na verdade a decisão estava indo para os pênaltis.

Essa afobação contaminou em certa medida o time, que passou a forçar jogadas que normalmente não tenta e tomar decisões precipitadas em campo. Com o Santos defendendo bem em seu próprio campo, o Palmeiras tinha dificuldade para criar chances claras. Mesmo com seu jogo não encaixando, porém, o time alviverde manteve as rédeas do jogo até o apito final e teve mais ocasiões de gol que o rival.

Na decisão por pênaltis, toda a tensão acumulada pela torcida em 90 minutos se reverteu em apoio, gritando o nome dos cobradores e principalmente do goleiro Jailson. Os jogadores do Palmeiras responderam da melhor forma possível: Dudu, Tchê Tchê, Moisés, Victor Luís e Guerra mostraram muita compostura e converteram suas cobranças com confiança. Já Jailson defendeu o chute de Diogo Vitor.

Depois do jogo, Roger ressaltou que os atletas bateram as penalidades exatamente como treinaram, sem sentir a pressão. O treinador também afirmou que a classificação suada fortalece o time e reforça uma mensagem que ele tem transmitido desde o início da temporada: a de que o Palmeiras, por mais que seja apontado como favorito, passará por dificuldades e terá que trabalhar muito para conquistar títulos.

Depois de um 2017 que começou com o clube investindo muito e recebendo o rótulo do favoritismo, mas terminando sem nenhuma taça conquistada, o Palmeiras mostra que quer traçar uma rota diferente neste ano. Superar a própria pressão criada na temporada passada foi um grande obstáculo para o time e minou o desempenho da equipe em vários momentos. Agora, a equipe dá o primeiro sinal de que está madura o suficiente para lidar bem com momentos de adversidade e manter a concentração nas horas mais difíceis.