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Além da eliminação: o que fez Fla demitir cinco e mudar todo seu futebol

Ricardo Lomba tem a missão de reformular o futebol do Flamengo para 2018 - Gilvan de Souza/ Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo
Ricardo Lomba tem a missão de reformular o futebol do Flamengo na crise em 2018
Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Rodrigo Mattos e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/03/2018 04h00

Uma eliminação e fortes declarações transformaram o departamento de futebol do Flamengo. Na última quinta-feira (29), seis profissionais deixaram o clube em uma série de demissões não vista há muito tempo na Gávea. Mas o que está por trás de tudo isso? O UOL Esporte reuniu informações para detalhar o panorama na diretoria rubro-negra. O ponto principal está no fato de que o presidente Eduardo Bandeira de Mello não teve saída. Acuado, ele foi obrigado a modificar a estrutura do carro-chefe na expectativa de salvar o último ano da gestão.

O técnico Paulo César Carpegiani, o diretor executivo Rodrigo Caetano, o gerente de futebol Mozer, os auxiliares Jayme de Almeida e Rodrigo Carpegiani, além do preparador físico Marcelo Martorelli cruzaram a porta de saída do Ninho do Urubu.

O cenário era desenhado desde o ano passado em uma exigência de vice-presidentes e do grupo político SóFLA (Sócios Pelo Flamengo) ao mandatário. O plano era por uma modificação geral, mas que parou na barca com alguns nomes do elenco: Márcio Araújo, Rafael Vaz, Alex Muralha, Gabriel, etc.

Rodrigo Caetano, Mozer, Fred Luz e o presidente Bandeira de Mello caminham pelo CT - Gilvan de Souza/ Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo
Rodrigo Caetano, Mozer, Fred Luz e o presidente Bandeira: mudanças no Flamengo
Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

A turbulência caminha lado a lado com a diretoria. Por vezes, Bandeira já precisou lidar com a ameaça de debandada dos vice-presidentes. Um dos integrantes da diretoria disse que o Flamengo ficaria ingovernável se as mudanças no futebol não fossem realizadas.

As declarações acaloradas do vice-presidente de futebol Ricardo Lomba mostraram o que estaria por vir. Ao tratar a derrota para o Botafogo como “vergonha absurda” e anunciar que mudanças seriam realizadas, o dirigente colocou o comando em uma “sinuca de bico”. De quebra, atraiu o apoio dos demais vice-presidentes, que se viram espelhados nas palavras firmes.

Isolado politicamente por centralizar as decisões, Bandeira de Mello não teve saída. Demitiu os profissionais para tentar salvar a base de apoio e fazer com que o Flamengo ainda tenha chances de conquistar títulos de relevância na temporada. Chegou-se ao denominador comum de que a estrutura do departamento de futebol, sob comando de Rodrigo Caetano, esgotou o modelo e algo novo precisava ser feito nos últimos nove meses da administração.

Apesar de não poder se candidatar na eleição presidencial de dezembro - já foi reeleito -, Bandeira sabia que optar pela manutenção de Caetano e Carpegiani seria assinar um rompimento político, o que causaria uma catástrofe para os planos eleitorais do seu grupo. A decisão, então, foi tomada pela necessidade de resultados em um elenco milionário e também com claro viés político.

Grande vencedor da crise, o vice de futebol Ricardo Lomba cresceu internamente com pessoas influentes no clube e conselheiros. A atitude era esperada há algum tempo e cobrada de forma firme pela oposição. O discurso “profissional” saiu de cena e mostrou um Flamengo que ainda tem decisões fortes sendo tomadas nos corredores da Gávea.

Agora, a diretoria trabalha pelos substitutos. Cuca e Felipão são os técnicos mais falados. O Flamengo não quer demorar a resolver a questão, já que o novo comandante precisa conhecer o elenco e trabalhar até o dia 14 de abril, quando o Rubro-negro estreia no Campeonato Brasileiro contra o Vitória, em Salvador.

Um diretor executivo também será contratado. O profissional, inclusive, terá a responsabilidade de avaliar o elenco. Neste cenário, jogadores que seguem sem agradar podem ser negociados. A revolução com pitada política no futebol do Flamengo está apenas começando.