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Homem da grana do PSG atua nos bastidores e jamais viu Neymar

O emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, é o dono do PSG - Fayez Nureldine/AFP
O emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, é o dono do PSG Imagem: Fayez Nureldine/AFP

João Henrique Marques

Do UOL, em Paris

02/04/2018 10h01

Presente no Parque dos Príncipes na eliminação do Paris Saint-Germain pelo Real Madrid nas oitavas de final da Liga dos Campeões, o emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani, não esperou nem o apito final. Deixou o estádio assim que Verratti foi expulso, quando o time francês perdia por 1 a 0 – o placar final foi por 2 a 1 para os espanhóis. Foi a demonstração da revolta de quem esperava ver o investimento de mais de 400 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão) na temporada dar resultado. A saída do local foi sem passar pelos vestiários, falar com o presidente do clube, e muito menos jornalistas. O dono do fundo que administra o PSG é figura extremamente discreta.

A atuação nos bastidores é quase imperceptível. Tanto que o presidente do PSG, o xeque Nasser Al Khelaifi, figura comum na mídia, parece ter plenos poderes. No entanto, é Tamim bin Hamad quem articulou, por exemplo, o pagamento de 222 milhões de euros para a compra de Neymar. O sucesso na operação se resumiu todo ao telefone e interlocutores. Ele jamais viu sua principal contratação pessoalmente.

Aos 37 anos, Tamim bin Hamad é o emir do Qatar desde 2013. Já a posição de destaque no esporte é mais antiga. Em 2005, usou a riqueza da família para criar Qatar Sport Investiments, com o objetivo de promover o país através do esporte.

Em 2006, a empresa foi a responsável pela organização dos Jogos Asiáticos, em Doha. Pouco depois, articulou a candidatura do Qatar aos Jogos Olímpicos de 2020 – vencido por Tóquio, no Japão. Mas a grande conquista foi o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022.

A fortuna da família está ligada ao controle do Qatar, país rico em petróleo e gás natural. No PSG, os gastos da Qatar Sport Investment em contratações já passaram do 1 bilhão de euros (R$ 4 bilhões). A aquisição foi em 2011, quando encontrou um time europeu médio em crise esportiva e financeira.

O presidente do PSG, Nasser Al Khelaifi é amigo pessoal do emir do Qatar e tem cargo de confiança. O controle financeiro, no entanto, cabe todo ao fundo de investimentos.

Com salário de cerca de 30 milhões de euros (R$ 120) ao ano, Neymar assinou contrato com o PSG até 2022, o ano da Copa do Mundo no Qatar. E as especulações em torno do Real Madrid em nada afetam Tamim (bin Hamad Al Thani. Quem o rodeia avalia como provável o brasileiro cumprir o contrato até o fim.

“É normal que se atribua ao Nasser todo o sucesso administrativo do PSG. Mas o Neymar só está aqui por um desejo do Tamim (bin Hamad Al Thani). Ele é apaixonado por futebol. Já falou em comprar Messi e Cristiano Ronado, e não se mete em nenhuma negociação. Com ele o dinheiro parece não ter limite”, explicou Florent Tourchet, repórter do jornal esportivo francês L’Equipe.