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Novo diretor do Fla precisa "ganhar vestiário" e resolver falhas do elenco

Novo homem-forte do futebol do Fla, Noval já sabe o que terá que fazer no clube - Gilvan de Souza / Flamengo
Novo homem-forte do futebol do Fla, Noval já sabe o que terá que fazer no clube Imagem: Gilvan de Souza / Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/04/2018 04h00

Especialista nas categorias de base, Carlos Noval tem pela frente o maior desafio da carreira. Promovido ao cargo de diretor executivo de futebol do Flamengo, o dirigente precisa contornar a crise deflagrada desde a eliminação para o Botafogo no Campeonato Carioca. A formação de atletas e os títulos com os mais jovens foram substituídos pelo turbilhão do departamento de futebol profissional.

De forma emergencial, Noval terá de ganhar a confiança dos atletas, algo que o antecessor Rodrigo Caetano conquistou nos anos em que ficou no Ninho do Urubu. As críticas do vice-presidente Ricardo Lomba não foram bem digeridas por eles após a queda no Estadual. Já houve uma conversa entre as partes, mas a relação ainda precisa caminhar para se dizer que tudo ficou bem.

“Ganhar o vestiário” é obrigação para qualquer um que atua no futebol. Fazer o meio de campo entre diretoria e atletas será uma das principais atribuições em um momento de abalo e no qual o milionário elenco rubro-negro precisa dar a resposta.

“Tivemos uma conversa muito boa. Os jogadores estão com muita vontade de reverter a situação. É trabalho de formiguinha. Chegando pouco a pouco”, afirmou o diretor.

Noval trabalhará diretamente com o presidente Eduardo Bandeira de Mello, o CEO Fred Luz e o vice de futebol Ricardo Lomba. Os quatro são os responsáveis pelas decisões do futebol. Mas é o diretor executivo que precisará suprir as claras deficiências do elenco. O Rubro-negro tem problemas nas laterais, na zaga e com os volantes.

As três posições são prioritárias no que diz respeito ao processo de contratações. Rodinei, Pará, Renê e Trauco não gozam de prestígio com a maioria da torcida e alternam problemas nas laterais. Na defesa, existe a necessidade de um zagueiro mais novo e rápido, assim como um volante com boa saída de bola e poder de marcação é algo considerado primordial.

As carências do elenco ficaram nítidas nos jogos realizados até aqui na temporada. O Flamengo reconheceu os problemas, tanto que procurou, mas não obteve sucesso nas contratações do lateral Zeca, do zagueiro Pablo e do volante Walace.

“O elenco é o que está aí. Um grupo extremamente qualificado. Lógico, com algumas carências, precisamos ir ao mercado. Só que não vejo o Flamengo atrás de ninguém. Não vejo diferença para outro clube. Já conversamos bastante, mas não chegamos na parte de orçamento, carências, para ver o que teremos para contratar”, comentou Noval.

Para disputar títulos de expressão, o clube não tem alternativa. É preciso ir ao mercado de forma assertiva. Caso contrário, as deficiências podem comprometer o trabalho do técnico que substituirá Paulo César Carpegiani - outra missão de Noval e companhia.

A gestão Bandeira de Mello tem pouco mais de oito meses pela frente. O tempo é curto para resolver velhos problemas no futebol do Flamengo, mas uma nova tentativa está em curso no clube. Por meio de Noval, a torcida sonha com dias melhores.

Raiz rubro-negra e campeão na base

Carlos Noval vive o Flamengo há anos - seu pai foi diretor do clube na década de 1980. O atual diretor executivo de futebol se notabilizou ao conduzir o trabalho de reformulação das categorias de base do Rubro-negro. Ele seguiu na gestão Bandeira mesmo sendo remanescente da presidente Patrícia Amorim.

Tricampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior (2011, 2015 e 2018), Noval ajudou o clube a revelar talentos e também a adquirir jovens valores de outras instituições. O trabalho bem avaliado e o baixo custo mensal fizeram com que o Rubro-negro apostasse nele para substituir o conhecido Rodrigo Caetano.

Pela dificuldade de um ano eleitoral e com toda a efervescência política da Gávea, a diretoria preferiu apostar em um “prata da casa”. Noval conhece bem os atalhos do clube. Resta saber se a alma rubro-negra fará diferença em um tumultuado Flamengo.