Pai de ex-atleta diz que estava no dia do suposto abuso de dirigente
A acusação de pedofilia contra o dirigente do Santos Ricardo Marco Crivelli, o Lica, ganhou novos capítulos nesta quinta-feira (19). Régis, pai de Ruan Petrick Aguiar de Carvalho, jogador de 19 anos que acusa o diretor santista de abuso sexual, deu seu depoimento e afirmou estar presente na casa onde o atleta afirma ter sido abusado.
“Acredito no meu filho porque eu estava lá no dia que esse safado aliciou ele. No dia que o Lica dormiu na casa do Luciano, eu estava lá. E ele disse para mim: ‘seu filho é craque e vou leva-lo para o Santos’. Uma semana depois meu filho estava no Santos. Ele nem viu meu filho jogar bola, nem foi avaliado”, disse em entrevista ao UOL Esporte nesta quinta-feira (19).
Ruan atuou no Santos em 2010, quando Lica trabalhava no departamento profissional. O jogador alega que foi abusado por ele quando tinha apenas 11 anos de idade. O ato teria acontecido no alojamento de Luciano Pereira, empresário de Ruan, - e Régis afirma que estava no local quando tudo aconteceu.
O pai do menino ainda acusa Lica de pagar dinheiro 'por fora', além do salário do Santos, e que dias após o episódio do abuso sexual Ruan já estava atuando no time alvinegro, sem sequer passar por um teste.
“Recebia salário e tudo. Inclusive ainda tinha um dinheiro por fora que ele [Lica] dava”, acrescenta Régis.
De acordo com Régis, sua ideia inicial era não envolver o Santos na história. Porém, reclamou que o clube está defendendo o funcionário acusado.
“Em momento algum eu quis prejudicar o Santos. Mas eu estive no Santos e percebi que eles estão levando para um lado político. Eu não tenho nada a ver com a política do Santos. Mas eles estão levando para a política e eu percebi que eles estão defendendo esse Lica”, completou.
Outro lado
Em contato com o UOL Esporte, Adriano Vanni, advogado de Lica, disse que seu cliente ‘só se manifestará para a autoridade policial quando for convocado’.
“Meu cliente nega veementemente as acusações. Acreditamos muito nas investigações que estão sendo feitas por policiais especializados neste tipo de acusação. A verdade virá à tona, é só uma questão de tempo”, acrescentou.
O Santos, por sua vez, prontificou-se a contribuir com todas as investigações e afirmou que Lica foi afastado de suas funções assim que soube do caso.
“O Santos FC é reconhecido internacionalmente por seu consistente trabalho com a base, que sempre apresentou resultados bastante elevados, tanto esportivos quanto de cidadania. O clube vai contribuir plenamente para as investigações em andamento. Tão logo soube do caso, Lica foi afastado pelo Comitê de Gestão do Clube”, disse.
Entenda o caso
Ricardo Marco Crivelli, que coordena a equipe de análise de atletas nas categorias de base do clube, foi acusado de pedofilia. A Delegacia de Repreensão e Combate a Pedofilia, em São Paulo, abriu inquérito para investir o suposto caso de abuso sexual.
O UOL Esporte teve acesso ao Boletim de Ocorrência. Lica, como é conhecido o dirigente santista, foi acusado por Ruan Petrick Aguiar de Carvalho, que alega ter sido abusado quando tinha apenas 11 anos de idade.
Ruan relata ter mudado do Pará para São Paulo em 2010, quando se instalou no ginásio do Ibirapuera e sofreu abusos de um empresário. Traumatizado, ele conta que recorreu ao irmão, que o indicou um outro intermediário. Este último o teria apresentado a Lica, então dirigente do Santos. Na casa deste intermediário, identificado como "Luciano", Ruan teria sofrido o abuso.
“Lica passou a aliciar a vítima e passar a mão em seu corpo, pegando em seu órgão genital e iniciando sexo oral, e após alguns dias a vitima foi até o time do Santos, fez uma avaliação e jogou por um ano e meio”, diz o boletim de ocorrência. Ruan permaneceu no clube por um ano e meio e, na mudança de categoria, teria protestado contra os abusos de Lica, que então o teria dispensado.
Nas últimas semanas, Ruan teria tentado voltar ao futebol por intermédio do mesmo Luciano, que o indicou Lica - hoje de volta ao Santos. Em depoimento, Ruan disse que a lembrança dos ocorridos o fez tomar a atitude de denunciá-lo.
Por conta das acusações, Lica foi afastado de suas atividades no Santos. O clube alega que tomou esta postura para que o dirigente centralize seus esforços apenas em sua defesa.
A diretoria santista ainda ressalta nos bastidores que o seu profissional sofre de conspiração política, pois o mesmo teria dispensado muitos jogadores de empresários e vetado a entrada de outros atletas no clube. Além de dirigente da base alvinegra, Lica também é sócio do presidente José Carlos Peres na empresa Saga Talent Sports & Marketing.
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