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Promessa deixa Flu, fecha contrato milionário e chama a atenção em Portugal

Ex-promessa do Flu, João Victor brilha em Portugal - Reprodução/Facebook
Ex-promessa do Flu, João Victor brilha em Portugal Imagem: Reprodução/Facebook

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (POR)

19/04/2018 04h00

Ex-promessa do Fluminense, João Victor pega carona quase todos os dias com o português Pedro Eira e o cabo-verdiano Adílson Vaz e percorre os poucos mais de 30 km que separam a tradicional Braga de Fafe, uma pequena cidade no Norte de Portugal cuja população gira em torno de 15 mil pessoas.

Desde o início do mês, o jovem jogador de 18 anos tem atraído a atenção de empresários e dos principais veículos de imprensa do país.

O motivo? Logo em sua estreia com a camiseta do Fafe, o meia-atacante entrou no segundo tempo e abriu o caminho para a vitória de 2 a 0 com apenas um toque na bola, em menos de 15 minutos em campo. Foi o suficiente para todos se perguntarem se estavam diante de uma joia perdida no Campeonato de Portugal, que equivale à terceira divisão local.

A multa rescisória de 500 mil euros (ao redor de R$ 2 milhões) em seu contrato e anunciada publicamente sugere que sim. Essa não costuma ser uma prática habitual nesse escalão. A passagem pelo Bournemouth, da Premier League, também é outro indício nesse sentido.

O Fluminense se precaveu e, em troca da carta de liberação, manteve 10% dos direitos econômicos de João Victor. A sua saída de Xerém, celeiro da garotada tricolor, aconteceu por causa de uma decisão de seus pais, que planejavam morar fora para dar uma maior qualidade de vida aos filhos e, claro, coincidiu com o agravamento do cenário de violência no Rio de Janeiro.

Não foram os únicos a fazer isso. É cada vez maior o número de brasileiros trocando o Rio por Portugal e sua tranquilidade. A fuga de talentos atingiria naturalmente também o futebol.

A carreira de João Victor é comandada por seu pai, Marco André Loureiro, que tem sido abordado por outros empresários e cogita uma alternativa para gerenciá-la.

“Agora está aparecendo muita gente, temos duas possibilidades na mesa, porém, ainda sem convicção da melhor opção. É um caminho necessário porque não possuo conhecimento do mercado local. E precisamos levar em conta principalmente o fator emocional, que interfere no meu caso para comandá-la”, afirma Loureiro, ao UOL Esporte.

Foram seis meses treinando, sem poder entrar em campo, no aguardo da reabertura da janela de transferências em janeiro. Posteriormente, ainda foi preciso esperar pela autorização da Fifa, que demorou a sair por se tratar de menor de idade naquela altura.

Mais qualidade de vida fora do Rio

Promessa deixa Flu e fecha contrato milionário em Portugal - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Natural de Petrópolis, João Victor começou no futsal e depois migrou para o campo. A sua passagem pelo Fluminense se estendeu dos 12 aos 17 anos, com direito a diversos títulos e artilharia da Copa Zico, tradicional competição de base. A vinda para o exterior, no entanto, sempre esteve nos planos da família e quase a conduziu inicialmente para a Inglaterra.

O Bournemouth seria o seu destino, mas, mesmo agradando nos treinos, a falta de fluência no inglês pesou para que não assinasse contrato. Na Premier League, é preciso estar estudando para ser registrado e a dificuldade no idioma melou o negócio.

“Ele foi aprovado, mas teria que fazer um curso de inglês para desenvolver a parte gramatical, porém, o clube não aceitou e disse que, na verdade, ele tinha de estar matriculado em um colégio”, explica Marco André Loureiro, que trabalhava com vendas e mantém investimentos no Brasil.

“A saída do Fluminense aconteceu de forma tranquila porque entenderam que era um projeto familiar e não porque estava insatisfeito com o clube ou qualquer motivo dessa natureza. Queríamos apenas mais qualidade de vida”, completa.

Flu cogitava mandá-lo para projeto europeu

Desde o início do mês, João Victor, de 18 anos, tem atraído a atenção de empresários  - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Em Portugal, João Victor saltou dos juvenis direto para os profissionais. Ao balançar as redes pelo Fafe, o meia-atacante se tornou o primeiro nome da geração 2000 revelada pelo Flu a marcar entre os adultos. O time tricolor cogitava mandá-lo inicialmente para o seu time satélite na Europa, o Samorin, que disputa a segunda divisão na Eslováquia e rende frutos para o seu elenco.

Ao todo, o atleta, que possui dupla nacionalidade, está há nove meses em Braga. A adaptação não poderia ter sido mais fácil.

“Ela foi tranquila demais. Fafe fica um pouco longe de Braga, então, sempre vim de carona com mais quatro colegas e eles me ajudaram demais no vestiário a se enturmar. Sou meio tímido e isso colaborou”, conta a promessa.

Agora, ele tem de se acostumar a uma nova rotina. O anúncio de sua contratação foi feito de forma badalada, chamou a atenção no futebol português e, logo após marcar na estreia, teve de enfrentar ainda os microfones em entrevista coletiva.

“Não vou te falar que mudou tudo. Mudou, sim, que as pessoas passaram a me reconhecer mais e a imprensa veio em peso para aqui”, prossegue. “Mas é aquele negócio, passou e é preciso fazer mais”.

O seu contrato com o Fafe é até 2020.