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Independência não dá lucro, e Mineirão tenta atrair o Galo apesar de dívida

Atlético-MG como mandante no Mineirão é algo raro desde 2013 - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Atlético-MG como mandante no Mineirão é algo raro desde 2013 Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Thiago Fernandes e Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

20/04/2018 04h00

Na segunda-feira (16) o Conselho Deliberativo do Atlético-MG aprovou as contas do clube referentes a 2017. No balanço financeiro apresentado pela diretoria executiva, uma informação no documento de 12 páginas foi a mesma dos anos anteriores. O Independência não deu lucro ao clube. E é neste cenário que entra o Mineirão, que se apresentou para atrair o Galo.

De acordo com os números mostrados à diretoria alvinegra, jogar no Mineirão é mais rentável do que seguir atuando no Horto. Quando opta pelo Gigante da Pampulha, o custo do Atlético é em média de R$ 6 por torcedor. O UOL Esporte teve acesso ao estudo feito pelo Mineirão e que foi apresentado aos dirigentes atleticanos.

Sem contar a final da Copa Libertadores de 2013, quando o Atlético teve a maior renda de um clube brasileiro, a média de arrecadação do Galo no Mineirão é bastante alta. Nos últimos 13 jogos da equipe alvinegra por lá, a média de arrecadação líquida foi de R$ 605 mil, isso com ingresso médio de R$ 28,30.

"O Mineirão está sempre de portas abertas com o Atlético. Nós tentamos manter um diálogo constante com o clube. É o nosso sonho que o Atlético jogue mais vezes no Mineirão. Gostaríamos que o Atlético planejasse essas partidas, para que a gente bloqueasse essas datas", afirmou Samuel Lloyd, diretor comercial da Minas Arena.

"O atleticano gosta muito do Mineirão e ele enche o Mineirão. Todos os jogos do Atlético têm mais de 30 mil pessoas. O torcedor não consegue ir para o Independência, lá não cabe a torcida do Atlético. Como ele não cabe no Independência, ele perde o hábito de ir ao estádio. Quando ele vem para o Mineirão, ele faz uma grande festa. Ele, inclusive, chama de salão de festas, porque é uma grande festa", acrescentou.

Como comparação, para ter esse resultado no Independência, o Atlético precisa jogar com o estádio lotado e com os ingressos caros. O duelo com o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro de 2015, é usado como comparativo pelo Mineirão. Na ocasião o público pagante foi de quase 22 mil torcedores. A renda bruta de R$ 1,4 milhão, mas com o preço médio do bilhete em R$ 68.

Apesar dos dados apresentados pelo Mineirão e de o Independência seguir sem apresentar números positivos, o Atlético não mostra muito interesse em deixar o estádio do Horto. Pelo menos não neste momento. No domingo tem a estreia em casa no Campeonato Brasileiro, contra o Vitória, às 16h, no Independência.

Reunião um dia antes da morte de Bebeto de Freitas

No dia 13 de março o Atlético perdeu Bebeto de Freitas. O diretor de Administração e Controle do clube passou mal após um evento na Cidade do Galo e não resistiu. Um dia antes, no entanto, o dirigente atleticano esteve reunido no Mineirão. Foi quando o Atlético teve acesso pela primeira vez aos números citados acima.

"Tivemos uma reunião no Atlético um dia antes da morte do próprio Bebeto [de Freitas]. O Atlético teve uma média de renda líquida de R$ 900 mil. No principal jogo deste ano, que foi um clássico, a arrecadação líquida foi de R$ 480 mil", disse Samuel Lloyd.

"O Bebeto viu como ótimos olhos. A reunião foi com o Bebeto, ele estava conduzindo, ele nos convocou lá. O Sette Câmara estava lá, apareceu, mas não pôde ficar. Foi uma reunião muito produtivo, mas ficou interrompido por aquela fatalidade. Mas vamos retomar em breve as negociações. Já enviamos um comunicado formal ao Atlético e estamos aguardando", completou.

Independência sem lucro pelo sexto ano

Jogadores de Atlético-MG e Corinthians perfilados antes do jogo no Independência - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Independência lotado para Atlético-MG x Corinthians
Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

“O Clube Atlético Mineiro é sócio participante SCP Arena Independência, cabendo-lhe 50% dos resultados líquidos obtidos na referida SCP – Sociedade em Conta de Participação. Em 2017 e 2016 não foram apurados resultados positivos”.

O trecho acima foi retirado do balanço financeiro do Atlético. Desde 2012 o clube é sócio na operação do estádio e desde então não teve lucro com o local. A conta não inclui a receita com bilheteria. Os números detalhados do Independência não são revelados pelo clube.

Clube possui dívida com Mineirão

O Atlético-MG tem uma dívida em aberto com a Minas Arena, gestora do Mineirão. Em 2017, a diretoria comandada pelo presidente Daniel Nepomuceno acertou que faria três jogos no local sob pena de multa em caso de desistência.

Como o Galo optou por realizar uma partida das três combinadas no estádio Independência, teria que desembolsar R$ 200 mil pela escolha. A empresa que administra o local, no entanto, trata o caso com flexibilidade e aguarda uma manifestação do clube para findar o problema.

“Sobre o ano passado. Fizemos um contrato com o Atlético, de três partidas. Após a venda para o jogo com o Flamengo ter sido aberta para os torcedores, o Atlético mudou para o estádio Independência sem nos avisar. No caso da não realização das partidas, existia uma multa de R$ 200 mil. Essa multa continua em aberto e o Atlético ainda não quitou”, explica Samuel Lloyd.