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Em ascensão no Sporting, Wendel supera "disputa" entre família e agentes

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Imagem: Divulgação

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (POR)

24/04/2018 04h00

Foram 71 dias de espera até que Wendel, principal revelação do Fluminense em 2017, entrasse em campo pelo Sporting, seu novo clube. A demora em sua estreia tem sido recompensada e deixado perspectivas positivas: o volante de 20 anos conquistou rapidamente a torcida, tem a sua entrada na equipe pedida pelos portugueses e impressiona com um fundamento.

Em quatro jogos, ele atuou 114 minutos e, o mais surpreendente, acertou praticamente todos os passes.

Em 50 bolas distribuídas aos companheiros, o reforço que chegou a um custo de 7,5 milhões de euros (R$ 30 milhões) entregou apenas uma delas aos adversários, ainda em sua primeira partida, contra o Rio Ave, em 18 de março. O desempenho tem servido para deixar de lado a desconfiança inicial e o clima tenso que acompanhou os seus primeiros meses na nova casa.

Entre outras dificuldades, ele teve de lidar com uma disputa silenciosa entre parte de sua família e seus agentes para ficarem à frente de sua carreira.

Conforme apurado pelo UOL Esporte, um exemplo disso se deu no auge de sua insatisfação, no fim de fevereiro, quando recebeu a visita em Lisboa de seu tio Cláudio Moisés dos Santos e do advogado Aguinaldo Barreto para esclarecer com o Sporting o motivo da falta de chances.

Em paralelo a isso, o empresário Frederico Moraes, que conduziu o negócio desde o seu início e tem trânsito no futebol português, pegou um voo para a Europa e procurou saber o que se passava com o receio de ser ‘atravessado’. A iniciativa dos familiares de Wendel de resolver por conta própria causou um mal-estar ainda maior na relação desgastada.

A despeito de tudo isso, Moraes acabou tendo a chance de se reunir com o diretor do Sporting, André Geraldes, e selar a paz momentânea.

Conflito entre cartolas e Jorge Jesus

Pelo Sporting, Wendel entra em campo pela primeira vez  - Reprodução/TV - Reprodução/TV
Imagem: Reprodução/TV

Wendel poderia estar jogando mais. Ao longo do último ano, demonstrou ter potencial para isso e, inclusive, entrou no radar de Tite na seleção brasileira. É natural, portanto, que cause incômodo a sua ausência recorrente na lista de relacionados do time de Alvalade. A última delas aconteceu na quarta-feira, na semifinal da Taça de Portugal, contra o Porto.

Com o costa-riquenho Bryan Ruiz destoando entre os titulares, não foram poucos aqueles que reclamaram a presença da revelação do Flu em campo. No entanto, mais uma vez o jovem jogador não estava nem no banco de reservas.

Em publicação enigmática nas redes sociais, ele escreveu a seguinte mensagem: “Deus, se não fosse você, não suportaria esse mundo”.

A sua situação não deixa de ser inusitada por coincidir com um momento em que o técnico Jorge Jesus reclama do desgaste gerado pelo calendário em seu elenco e, ainda assim, não rodá-lo, como poderia fazê-lo, especialmente, com os atletas recebidos em janeiro.

Pessoas com trânsito no Sporting creditam o panorama a um conflito entre a SAD (sociedade anônima esportiva) que comanda as suas ações no mercado e Jesus. Wendel seria uma indicação da primeira e, por consequência, sem o aval do treinador, que, em entrevistas, corroborou de forma indireta com essa versão.

Wendel esteve próximo de fechar com o PSG antes disso

“O PSG não ficou com o Wendel porque não quis. O Sporting não tem hipóteses de competir com o PSG. (Esse negócio) Surgiu porque o presidente (Bruno de Carvalho) e quem quis investir na qualidade desse jogador decidiu que era melhor clube para o desenvolver, por isso, está aqui”, disse, em uma coletiva.

No Fluminense, Wendel balançou as redes sete vezes em 56 jogos na temporada passada. Ele assinou contrato por cinco anos e meio com o Sporting.