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Sem investimento: Vasco usará verba de Paulinho apenas para quitar dívidas

Paulinho está negociado para o Leverkusen e será a maior venda da história do Vasco - Thomás Santos/AGIF
Paulinho está negociado para o Leverkusen e será a maior venda da história do Vasco Imagem: Thomás Santos/AGIF

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/04/2018 04h00

A venda de Paulinho para o Bayer Leverkusen (ALE) será a maior da história do Vasco, mas quem pensa que os milhões de euros serão utilizados para investimentos na equipe ou em estrutura está enganado. Mesmo com um caminhão de dinheiro para aportar em São Januário, a verba será utilizada integralmente para o pagamento de dívidas.

Embora os valores da transação ainda não tenham sido revelados, especula-se que mais de 20 milhões de euros (cerca de R$ 85 milhões) serão pagos pelos alemães. Deste montante, o Vasco terá direito a 65% (cerca de R$ 55 milhões).

Ocorre, no entanto, que o Cruzmaltino está mergulhado em um mar de dívidas que torna difícil até calcular exatamente o quanto o clube deve. Alguns valores, porém, já foram revelados ou parcialmente divulgados.

Na reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira, por exemplo, três deles foram expostos. De cara, o clube tem de pagar, imediatamente após o recebimento da venda de Paulinho, R$ 10 milhões ao empresário Carlos Leite como forma de quitar o empréstimo feito pelo agente no início do ano.

Também foi divulgado aos conselheiros que o Vasco deve R$ 12 milhões à CBF e R$ 6 milhões à Ferj. Com o salário de março pago nesta quarta-feira, o clube ainda deve dezembro, 13º e férias. Como a folha do futebol é de cerca de R$ 5 milhões, soma-se ao montante mais cerca de R$ 15 milhões.

Alguns jogadores remanescentes da temporada passada e que possuem direitos de imagem, casos de Martín Silva, Wagner e Andrés Rios, por exemplo, também estão com estas taxas com meses de atrasos. Somadas, dão cerca de R$ 10 milhões.

Há ainda as comissões para empresários que não foram pagas e somam algo próximo de R$ 5 milhões. Por último existem as dívidas fiscais, que fizeram o Vasco perder as certidões negativas de débito e, consequentemente, impedem o Cruzmaltino de obter patrocínios estatais. Para ficar em dia com o Governo e obter novamente as CND’,s, terá ae quitar cerca de R$ 27 milhões.

Somente neste somatório, portanto, são cerca de R$ 85 milhões em dívidas, sem contar as trabalhistas já sentenciadas pela Justiça. Com a verba de Paulinho, o Vasco deverá priorizar num primeiro momento as dívidas com o elenco, funcionários e as fiscais, o que poderá abrir portas para novos patrocínios.

A falta de CND´s, por exemplo, impediu que o clube ampliasse a parceria com a TIM. A empresa de telefonia renovou o contrato com os quatro grandes do Rio e, por intermédio das leis de incentivo ao esporte, estendeu o apoio ao basquete de Botafogo e Flamengo e ao vôlei feminino do Fluminense. Por não ter as certidões negativas de débito, o basquete vascaíno - que disputa o NBB - ficou de fora da parceria.

O pagamento das dívidas fiscais também poderá reabrir negociações para um novo patrocínio com a Caixa Econômica Federal e liberar uma verba de cerca de R$ 5 milhões referente ao acordo passado e que está retida em função do débito.

Paulinho não joga mais pelo Vasco

Recuperando-se de uma fratura no cotovelo esquerdo ocorrida na partida contra o Cruzeiro pela Libertadores, Paulinho não atuará mais com a camisa do Vasco caso sua transferência seja realmente concretizada em julho, quando completa 18 anos.

O Vasco ficará com 10% de seus direitos econômicos, o que pode lhe render lucro numa futura venda do atacante pelo Bayer Leverkusen.