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Time de guerreiros. Como personalidade pesa na escolha de reforços do Inter

Lucca estreou pelo Inter no último domingo diante do Cruzeiro e agradou de cara - Ricardo Duarte/Inter
Lucca estreou pelo Inter no último domingo diante do Cruzeiro e agradou de cara Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

01/05/2018 04h00

Uma das premissas para reforçar o Inter desde o ano passado era: 'querer jogar no time'. A direção definiu que só estaria vestindo a camisa do Colorado quem mostrasse que isso era um objetivo, que não estava acontecendo por contingência. E neste ano, o padrão de reforços teve filtro refinado. Não basta querer, tem que mostrar espírito para tanto.

A última leva de chegadas foi pautada pelo poder de indignação. Jogadores dispostos a firmar posse de sua posição, a revoltar-se contra tudo que estivesse do lado oposto. O potencial de indignação poderia, na avaliação do comando, até atingir quem não fosse assim por característica pessoal.

Neste molde, o reforço mais saliente é Rossi. "Sou assim, não gosto de perder", disse em sua apresentação. O ex-Chapecoense já teve até problemas extra-campo pelo perfil 'esquentadinho' e vinha de uma longa suspensão no futebol chinês.

Outro que, na avaliação do comando do clube, tem poder de indignação contra resultados ou comportamentos adversos é Lucca. Estreante no último domingo, ele já participou de um momento que confirmou tal ideia. Ao sofrer uma falta dura, ele levantou-se do chão e 'peitou' o árbitro repetindo: "Não me ameaça, não me ameaça". Acabou levando amarelo.

De toda forma mostrou que não será facilmente batido, não será omisso ao firmar posto em campo. Desejo antigo do clube, sua estreia foi totalmente satisfatória sob a ótica vermelha.

Zeca também é considerado um jogador de opinião forte. Não deixa-se abater, protesta contra o que não considera certo. Até por isso entrou em litígio contra o clube que o formou e saiu do Santos por força de sua postura.

O perfil psicológico dos últimos reforços combina com o do maior ídolo recente do Inter: D'Alessandro. Hoje um pouco menos do que em outros tempos, o gringo colecionou posturas que às vezes até extrapolaram o comum. Se envolveu em brigas, polêmicas e até confusões por simplesmente não aceitar passivamente ser derrotado.

Reflexo do rebaixamento

O diagnóstico que apontou para necessidade de jogadores com este perfil psicológico veio do time que acabou rebaixado em 2016. Aquele elenco era considerado 'melancólico', um grupo de atletas sem poder de revolta, sem indignação, que aceitava passivamente resultados adversos e assustou-se, muitas vezes, com a pressão exercida pela torcida.

O técnico Lisca, último a comandar o time naquele ano, revelou perplexidade com as reações dos jogadores. "Eu nunca tinha passado por isso na minha vida. Meu time fez um gol (contra o Cruzeiro, de Valdívia) e cinco jogadores caíram no chão chorando. Era um gol, uma alegria, vencemos o jogo, e cinco jogadores começaram a chorar", disse na ocasião.

O Inter encara o Flamengo na quarta rodada do Brasileirão. O confronto aponta para domingo, no Rio de Janeiro.