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Perrella coloca assessor parlamentar no Cruzeiro e é atacado por opositor

Zezé Perrella em votação para o conselho deliberativo do Cruzeiro - Jaci Silveira / Cruzeiro / Divulgação
Zezé Perrella em votação para o conselho deliberativo do Cruzeiro Imagem: Jaci Silveira / Cruzeiro / Divulgação

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

02/05/2018 04h00

Zezé Perrella (PMDB) conta com um braço-direito para assuntos profissionais. Rogério Nunes de Oliveira, seu funcionário no Senado Federal, foi contratado para auxiliá-lo e está no cargo de assessor da presidência do Conselho Deliberativo.

Rogerinho, como é conhecido no clube, tem participado frequentemente dos encontros na sede campestre do Cruzeiro. Durante as reuniões, ele se senta ao lado de Zezé Perrella, presidente do conselho, José Dalai Rocha, vice-presidente do conselho, Paulo Roberto Sifuentes Costa, 1º secretário, e Waldeyr Estevão de Paula Júnior, 2º secretário. Eles compõem a mesa que decide as questões referentes aos associados.

Como possui cargo remunerado, Rogério terá que abdicar da condição de conselheiro, cargo conseguido em novembro do ano passado, na eleição para o conselho. O fato é estabelecido no Estatuto do Cruzeiro Esporte Clube e confirmado por José Dalai Rocha. Ele é associado conselheiro, conforme o site do próprio clube.

Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, e o assessor da presidência Rogério Nunes de Oliveira - Reprodução Facebook - Reprodução Facebook
Perrella (à esq.) ao lado de Rogerinho
Imagem: Reprodução Facebook

"Sim, ele é assessor do conselho deliberativo. Ele é um funcionário remunerado do clube. Ele foi nomeado pelo Wagner [Pires de Sá] para este cargo. Ele terá que renunciar à condição de conselheiro. Está no estatuto e ele precisa cumprir", disse ao UOL Esporte.

Opositor de Zezé Perrella, o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares também fala sobre o caso. Ele brinca e diz que o senador "terceirizou" a sua função no clube.

"Tem uma pessoa que está comparecendo diariamente no conselho. É funcionário dele, Rogerinho. Não sei se ele foi contratado pelo Cruzeiro. Ele está cuidando do conselho para o Zezé. Os conselheiros estão brincando que ele terceirizou a presidência do conselho. Se o presidente do conselho não pode comparecer, há o vice-presidente e dois diretores", declarou à reportagem.

Rogério Nunes de Oliveira aparece também como funcionário de Zezé Perrella no portal de transparência do governo federal. Ele ocupa o cargo de assessor parlamentar e recebe vencimentos mensais de R$ 4.304,00. Em suas redes sociais, ele se denomina Rogerinho Perrella.

A ideia de tê-lo no quadro de funcionários do clube é para o caso de Zezé Perrella ter algum compromisso político em dias de reunião, conforme apurado pela reportagem. Ele ocupa o cargo desde 15 de dezembro, quando o presidente Wagner Pires de Sá o nomeou para a função.

Rogerinho acompanha Perrella desde os tempos de câmara dos deputados federal. Em 2014, eles tiveram que se defender de uma acusação de ocupação ilegal de apartamentos funcionais da Câmara dos Deputados. O senador, contudo, foi absolvido da acusação.

O UOL tentou contato em três telefones distintos de Zezé Perrella. Os aparelhos do senador, entretanto, estavam desligados. Foram enviadas mensagens ao dirigente, mas ele não respondeu. O mesmo aconteceu com Rogério. O funcionário do político, entretanto, não atendeu às chamadas e tampouco respondeu à mensagem, enviada em uma rede social pela reportagem.

Gilvan dispara contra Perrella

Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro entre 2012 e 2017, rebateu as críticas de Zezé Perrella. O senador disse que a gestão anterior à de Wagner Pires de Sá deixaria uma dívida de R$ 400 milhões. O fato, porém, não foi divulgado no balanço financeiro.

"É próprio dele conversar fiado. O balanço financeiro é com base nas normas contábeis. Lá dispõe o que tem que constar no balanço. Ele tem ranço político por perder a última gestão, quer hostilizar para que ninguém supere a gestão Perrella no Cruzeiro. Ele fica chateado, porque ficou 18 anos e ganhou menos títulos que ganhei", disse ao UOL.

À frente do Cruzeiro, Gilvan venceu duas edições do Campeonato Brasileiro (2013 e 2014) e uma da Copa do Brasil (2017) no cargo de presidente. Perrella, por sua vez, venceu duas edições de Copa do Brasil (1996 e 2000) e uma Libertadores (1997).

Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro - © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro - © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Gilvan de Pinho Tavares dispara contra Zezé Perrella
Imagem: © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Na reunião da última quarta-feira (25), Zezé Perrella alegou que o balanço financeiro, que tem superávit de R$ 30,5 milhões em 2017, apresentava divergências de análise feita por outra auditoria externa. Gilvan, porém, diz não haver problemas no documento.

"Ele fala que devemos à Minas Arena, mas não devemos, há uma briga judicial. As despesas que o Cruzeiro tem que apresentar estão no estatuto. Ele disse, na reunião passada, que aguardaria uma auditoria externa. Isso não é papel de presidente do conselho. Ele convocou reunião para 16 de abril e, depois, adiou para data futura. Ele não teve o papel de examinar", disse Gilvan.