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Jantar é ato final de Leila por objetivo de suceder Galiotte na presidência

Leila Pereira vai promover jantar com conselheiros para defender mudança estatutária - Cesar Greco/Fotoarena
Leila Pereira vai promover jantar com conselheiros para defender mudança estatutária Imagem: Cesar Greco/Fotoarena

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

17/05/2018 04h00

Um jantar no Hotel Intercontinental, no Jardim Paulista, na noite desta quinta-feira (17), deve ser o ato final de Leila Pereira em sua campanha pela mudança no estatuto do Palmeiras que, entre outras coisas, altera de dois para três anos o mandato presidencial. Favorável à mudança, que pode fazer com que ela atinja o objetivo de presidir o clube um ano antes do previsto, a dona da Crefisa, principal patrocinadora do time, chamou cerca de 200 outros conselheiros para o evento.

Leila vai discursar no evento para defender o aumento no tempo de mandato, e também que a alteração valha já para o pleito de novembro deste ano, na qual o atual presidente Maurício Galiotte deve tentar a reeleição. Desta forma, ele ficaria até 2021, quando Leila já teria tempo suficiente como conselheira para se lançar como candidata e suceder o atual aliado. No sistema atual, ela teria que esperar até 2022, quando Galiotte não estaria mais ocupando a cadeira.

Dentro do Conselho do Palmeiras, há muitas divergências em relação à mudança no estatuto. Vários membros, de alas distintas, entendem que aumentar o tempo do mandato já para a eleição deste ano seria como "mudar a regra no meio do jogo". Alguns defendem que a alteração de dois para três anos aconteça, mas que só entre em vigor na próxima eleição, em 2020. Outros querem manter o mandato de dois anos, mas possibilitando mais uma reeleição (duas, em vez de apenas uma). Essas duas propostas estarão em votação na próxima segunda-feira (21).

Na visão de conselheiros contrários à mudança, a alteração imediata soa como casuísmo, em uma manobra que serviria para beneficiar Leila. Do outro lado, quem apoia o aumento imediato no mandato afirma que o casuísmo seria exatamente o contrário: deixar de aprovar uma mudança estatutária que está em discussão no clube desde a gestão Paulo Nobre somente pela possibilidade de ela beneficiar uma conselheira específica. Para esse grupo, dois anos é um tempo muito curto para que um presidente faça um bom trabalho.

Muitos dos conselheiros favoráveis à mudança já para o pleito de 2018 são apoiadores da gestão Galiotte. O presidente, porém, não se manifesta publicamente sobre o assunto. O entendimento é que o assunto é um tema estrutural do Palmeiras, a ser decidido pelo conselho deliberativo, e não pode ser transformado em uma questão política. Como conselheiro do Palmeiras, Galiotte terá direito a um voto na questão, como qualquer outro membro.

Conselheiro vitalício e ex-presidente do clube, Mustafá Contursi é contrário ao aumento de mandato. Ex-aliado de Leila Pereira, ele se tornou desafeto político da dona da Crefisa e ainda detém influência no conselho deliberativo. Mas isso não significa que todos os conselheiros contrários à proposta são necessariamente ligados a Mustafá ou apoiadores dele.

O presidente do conselho, Seraphim Del Grande, recebeu críticas por não colocar em votação outras possibilidades de alteração de mandato, como a mudança para três anos sem reeleição, por exemplo. Ao UOL Esporte, ele se defendeu dizendo que disponibilizou um prazo até 10 de maio para que conselheiros apresentassem emendas às propostas, mas nenhum o fez.

Além disso, Seraphim prometeu que, caso a alteração para três anos seja aprovada, ele fará outra votação imediatamente para decidir se a mudança valerá já para a eleição deste ano ou se ficará para 2020. Conselheiros de diferentes posições, porém, não confiam plenamente que isso acontecerá, já que essa segunda votação não está na ordem do dia, e o natural seria que a mudança entrasse em vigor já em 2018.

O jantar no hotel não será a primeira mobilização de Leila em busca de apoio político no conselho alviverde. Neste ano, por exemplo, a empresária já levou conselheiros de jatinho para jogos fora de casa e convocou reunião em restaurante de luxo para falar sobre a reforma estatutária. Alguns conselheiros contrários à mudança defendida pela dona da Crefisa não irão ao evento no Intercontinental, mas isso não quer dizer que todos os presentes vão votar de acordo com a posição que ela defende.

O tema da duração do mandato presidencial é o principal a ser debatido na segunda-feira, mas o conselho deliberativo terá outras quatro pautas no dia. São elas: a redução no número de sócios vitalícios, a mudança no horário de assembleia dos sócios, adaptações para que o clube se aproveite da Lei de Incentivo ao Esporte e a alteração oficial do nome da rua Turiassu para rua Palestra Itália.