Topo

Erros, negociações e resultados pressionam Gallo no conselho do Atlético-MG

Alexandre Gallo é diretor de futebol do Atlético-MG desde dezembro de 2017 - Pedro Souza/Clube Atlético Mineiro
Alexandre Gallo é diretor de futebol do Atlético-MG desde dezembro de 2017 Imagem: Pedro Souza/Clube Atlético Mineiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

05/06/2018 04h00

Nome de confiança do presidente Sérgio Sette Câmara, o diretor de futebol Alexandre Gallo convive com cobrança quase diária no Atlético-MG. Os recentes fracassos em negociações deixaram o dirigente (ainda mais) pressionado no conselho do clube.

Há uma ala influente de conselheiros que é favorável à demissão do ex-jogador do cargo. Sette Câmara já escutou críticas de amigos do Conselho Deliberativo e alguns pediram ao cartola a saída de Gallo do clube abertamente.

O diretor de futebol, porém, goza de prestígio na diretoria do Atlético. O mandatário o vê como nome ideal para o cargo e crê que ele pode ajudar na gestão do elenco pelo fato de ter sido atleta. Ele tem carta branca também para a busca por reforços.

As críticas vindas do Conselho e também da torcida são devidos aos fracassos nas negociações.

As primeiras cobranças ocorreram logo após a queda de Oswaldo de Oliveira, no início de fevereiro. À época, ele prometeu buscar um técnico em menos de uma semana, mas não obteve êxito nas tentativas e optou por dar sequência a Thiago Larghi, auxiliar da comissão técnica fixa do clube. Cuca e Luiz Felipe Scolari foram procurados, mas ambos não entraram em acordo. O interino permanece no cargo há 29 partidas.

Embora o clube justifique as mudanças no elenco pela ausência de dinheiro, as escolhas do diretor de futebol não foram bem vistas nos bastidores. Dos dez reforços contratados, somente três atuam com frequência entre os titulares: Emerson, Ricardo Oliveira e Róger Guedes. Os outros sete - Arouca, Samuel Xavier, Erik, Iago Maidana, Tomás Andrade, Matheus Galdezani e Juninho - têm poucas chances.

A situação mais chamativa é a de Samuel Xavier. Contratado por empréstimo do Sport, o lateral direito já deixou o clube. Depois de oito jogos, ele foi repassado ao Ceará em 10 de maio. Arouca também causou críticas ao dirigente. Sem espaço, o meio-campista já foi liberado para acertar com outro clube, mas não encontra interessados. O Vasco recusou incorporar o atleta recentemente.

As contratações consideradas equivocadas, no entanto, não são o único motivo para a transformação de Alexandre Gallo em alvo no Atlético-MG. Há outros aspectos.

O primeiro deles foi a busca pelo volante Walace. O meio-campista do Hamburgo recebeu oferta do Galo para voltar a Belo Horizonte, mas o próprio estafe do atleta deixou claro que o desejo era ir ao Flamengo. A manifestação dos agentes do jogador atrapalhou o negócio. Outro fator preponderante para o fracasso na tentativa foi a pedida elevada dos alemães. Eles queriam cerca de 10 milhões de euros para liberá-lo em definitivo e não aceitavam empréstimo.

Os moldes da troca envolvendo a chegada de Róger Guedes e a ida de Marcos Rocha ao Palmeiras são um agravante. O lateral direito foi para a Academia do Futebol por empréstimo com os direitos fixados em 2 milhões de euros (R$ 8,7 mi), enquanto o atacante chegou à Cidade do Galo sem cláusula semelhante. Há ainda uma minuta que permite a saída do atleta no decorrer da temporada em caso de oferta do exterior.

Recentemente, Alexandre Gallo ainda teve dificuldades para tirar Evander do Vasco e Denilson do Vitória. Ambos os casos minaram a situação do dirigente no clube.

Por fim, durante o feriado de Corpus Christi, em viagem a Portugal, acompanhado de um dirigente da TFM Agency, antiga Traffic, ele tentou acordo por empréstimo de Bruno César, mas escutou uma resposta negativa do Sporting, detentor dos direitos do meio-campista. O fato, que já é de conhecimento de membros do Conselho, desgastou ainda mais a imagem de Gallo.

A cobrança a Alexandre Gallo se iniciou às vésperas da decisão do Campeonato Mineiro, mas houve um trégua após o triunfo no jogo de ida, no Independência. O bom início no Brasileirão amenizou ainda mais a sua situação, mesmo que este período tenha marcado as eliminações na Sul-Americana e na Copa do Brasil.

As críticas voltaram a assombrá-lo com a sequência negativa na principal competição nacional. O Galo perdeu para o Flamengo em casa e para o Sport na Ilha do Retiro e empatou com a Chapecoense em pleno estádio Independência.

Para piorar a situação do diretor de futebol, o clube se desfez de Rómulo Otero, um dos principais nomes do elenco na temporada. O venezuelano foi emprestado ao Al Wehda, dos Emirados Árabes Unidos, por 5 milhões de euros (R$ 21,9 mi na cotação atual). O valor foi considerado positivo, mas a perda técnica ainda não foi reparada.