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Ex-presidente do Barça defende contratos com CBF e fala em linchamento

Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona - Albert Gea/Reuters
Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona Imagem: Albert Gea/Reuters

Do UOL, em São Paulo

17/07/2018 07h39

Ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell afirmou que seu trabalho beneficiou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e defendeu os contratos feitos com a entidade, que são alvos de investigação na Espanha. O dirigente é acusado pela justiça espanhola por lavagem de dinheiro em uma suposta comissão de US$ 26 milhões (R$ 96,7 milhões) recebida pela renovação de contrato da Nike com a entidade em 2008.

Em entrevista ao jornal espanhol "El Mundo", Rosell defende os contratos que firmou e diz que não houve crime na comissão recebida.

"Uma das coisas que denunciamos publicamente há meses é que a evidência que fornecemos no procedimento não está sendo devidamente avaliada. Este caso é um exemplo claro. A seleção brasileira de futebol se tornou a mais bem paga do mundo. A própria CBF emitiu um certificado afirmando que não apenas não foram prejudicados, mas que foram beneficiados pelo meu trabalho. Além disso, confirmaram que era uma entidade privada que não recebia fundos públicos e que seus interesses eram privados, algo que o Ministério Público e o juiz Lamela continuam a contradizer em seus escritos", disse Rosell.

"Por que você não pergunta diretamente à CBF se ela se sente prejudicada? Em três anos eles não entraram em contato com essa entidade, e isso só pode ser porque eles sabem as respostas e não se importam. Tanto a CBF como o ISE (empresa que Rossell presidia) foram muito beneficiados pelo contrato em que trabalhei, e eles o disseram no Tribunal. Onde está a fraude, se não há prejudicados? Durante todo o procedimento, as suspeitas iniciais da Polícia e do Ministério Público pesaram mais do que as provas fornecidas a meu favor nos tribunais", completou.

De acordo com o jornal espanhol "El Confidencial", Rosell, que está preso desde o ano passado, ocultou o montante recebido ao fisco e teria repassado US$ 5 milhões (R$ 18,5 milhões) para Ricardo Teixeira, que presidia a CBF na época. O ex-presidente do Barcelona alega que as matérias a seu respeito são motivadas por um “linchamento” para que sua prisão seja justificada frente à opinião pública.

"Por trás dessas notícias, apenas se esconde a vontade de prejudicar minha imagem. Como a fase de investigação terminou e eles não podem publicar mais informações sobre o caso, eles usaram relatórios antigos que não foram bem-sucedidos, porque as informações contidas neles não eram verdadeiras. Se quer construir uma imagem minha distorcida para tentar justificar à opinião pública a minha detenção preventiva desproporcional. Estou sofrendo de um linchamento da mídia, um julgamento paralelo que visa cobrir as deficiências do processo penal", opinou.

Rosell também é investigado no “caso Neymar”, já que alega-se que o Barcelona pagou mais do que o informado pela contratação do brasileiro junto ao Santos em 2013. O dirigente também se diz inocente das acusações.

"Estou muito tranquilo. Eu gostaria de ir depor em liberdade e não algemado, é claro, mas tenho consciência muito limpa e vamos explicar a verdade", declarou.

O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira confirma que recebeu US$ 5 milhões de Rosell, mas alega que foi o pagamento de um empréstimo feito pelo brasileiro ao espanhol. "Esse valor de US$ 5 milhões recebido pelo Ricardo não tem relação com o contrato [de renovação de contrato com a Nike]. Foi o pagamento de um empréstimo feito pelo Teixeira ao Rosell, tudo declarado às autoridades brasileiras. Inclusive o Rosell falou isso em depoimento na audiência nacional", disse o advogado Michel Assef Filho, que defende Teixeira.