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Sandro Meira Ricci admite que errou como árbitro de vídeo na Copa

Sandro Meira Ricci em entrevista ao SporTV - Reprodução/SporTV
Sandro Meira Ricci em entrevista ao SporTV Imagem: Reprodução/SporTV

Do UOL, em São Paulo

26/07/2018 15h21

Em entrevista ao SporTV na tarde desta quinta-feira (26), o árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci admitiu ter errado em lance no jogo da Copa do Mundo entre Inglaterra e Tunísia válido pela fase de grupos da competição. Na ocasião, ele era árbitro de vídeo da partida.

O agora ex-árbitro explicou que deveria ter sido marcado pênalti em um lance dentro da área com o inglês Harry Kane e que mesmo após rever a jogada, não assinalou a penalidade a favor da Inglaterra, o que foi um erro em sua opinião. Apesar do equívoco, a Inglaterra venceu por 2 a 1. "Estou bem à vontade, porque criticar o meu lance é mais fácil. Houve um agarrão do defensor da Tunísia no Kane. A primeira sensação que tive foi de pênalti, aí você busca um melhor ângulo e às vezes não é necessário buscar".

"Eu deveria ter chamado imediatamente o árbitro (Wilmar Rondán Perez). Quando eu fui ver o lance no jogo entre Inglaterra e Tunísia, em vez de checar o que eu já tinha visto, eu busquei imagem que permitisse que apoiasse a decisão do árbitro. Foi quando encontrei um braço do Kane e foi aquilo que me deu a chance de apoiar o árbitro, mas foi um equívoco, foi um pênalti claro. Foi um dos três erros da primeira fase reconhecido pela Fifa", afirmou o brasileiro, que participou da equipe de arbitragem da Copa do Mundo na Rússia.

Sandro ainda contou que os árbitros que atuaram como VAR na Copa foram orientados a não se prender a pequenos lances e casos interpretativos, mas, sim, em faltas claras.

“O árbitro de vídeo não deve se ater a pequenos lances, porque senão ele vai revisar tudo. Todo lance de área tem sempre um empurrãozinho. Não pode ter um pênalti fora da bola, mas tem que ser algo muito claro. Na checagem do Kane, eu fui buscar imagens para defender a decisão do árbitro, foi um erro que não deveria ter cometido”, completou.

"A orientação inicial era só pra erros claros. Ninguém aceitava o VAR entrar só pra absurdos, mas aqueles lances de interpretação que também eram claros, o VAR não entrava. Durante o processo, a Fifa começou a mudar pra dar a oportunidade do árbitro de olhar pela segunda vez o lance. E isso aconteceu", explicou.

O brasileiro ressaltou que a pressão sobre o VAR é muito maior, pelo fato de que os árbitros de vídeo têm a disposição deles todos os ângulos do lance. “O árbitro no campo tem a seu favor o critério da interpretação e o tempo, a necessidade de decidir em apenas um ângulo. O erro do árbitro é compreensível. No vídeo, não tem perdão. Você tem todos os ângulos e não pode errar. A pressão no árbitro de vídeo é muito maior”, disse.

Lance de Miranda contra a Suíça

"Pra mim aquele momento tira o Miranda da jogada, mas se o VAR for entrar sempre que tiver o contato, vamos parar o jogo e não vai acontecer nenhuma jogada. O público também queria dar a oportunidade do árbitro olhar melhor o lance, o próprio pênalti da final, pra mim foi pênalti, principalmente na câmera lenta. A câmera lenta era pra ver o ponto de contato, mas a câmera lenta também é usada pra ver o movimento do jogador, na câmera rápida não se vê um movimento malicioso". 

Lance de Gabriel Jesus contra a Bélgica

Para Sandro, o árbitro de vídeo deveria ter assinalado falta em Gabriel Jesus contra a Bélgica, quando o atacante foi derrubado na área. "Foram 2 intervenções na segunda fase sendo que deveria ter tido uma terceira no lance do Gabriel, no lance do Brasil".

CBF bancar o árbitro de vídeo no Brasileirão?

"Na Fifa quem banca é a Fifa, na Conmebol, que banca é a Conmebol. Na Espanha é a La Liga, porque é a La Liga que faz a competição. A CBF teve lucro ano passado de R$ 50 milhões e tem no caixa R$ 300 milhões, segundo divulgado na Globo. Eu não entendo por que ter esse lucro e não investir no árbitro de vídeo. Eu acho que ela (CBF) vai fazer no Brasileiro. Se os clubes não têm condições de bancar, que banque a CBF. A CBF tem a missão de promover o futebol e assim se promove o futebol e a justiça".

Apitar a final da Copa

"Sim (Tinha esperança), a gente nunca sabe. A gente estava entre os candidatos. O trio brasileiro tinha feito bom campeonato, na verdade é um processo de escolha e a Fifa optou pelo argentino".