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Ex-Palmeiras "destrói" em Portugal e vê agente de CR7 levá-lo ao Napoli

Divulgação/Twitter Napoli
Imagem: Divulgação/Twitter Napoli

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de Lisboa (POR)

02/08/2018 04h00

Em março de 2015, Gabriel Jesus fazia a sua estreia pelo Palmeiras após ter a sua entrada pedida em coro na vitória de 1 a 0 sobre o Bragantino, no Allianz Parque.

Naquela mesma altura, Carlos Vinícius, então uma das promessas alviverdes, passava por uma mudança que iria afetar para sempre a sua vida: a pedido do técnico Marcos Valadares, que comandava o sub-20, ele trocou a função de zagueiro pela de atacante, ocupando o espaço deixado por Jesus na base. Essa foi a única forma de evitar a sua dispensa imediata do clube. Valadares viu potencial no garoto.

Não dá para dizer que não funcionou.

Pouco tempo depois dali, Carlos Vinícius realizava o sonho europeu pelo Real Massamá na segunda divisão portuguesa. O modesto time foi rebaixado, mas viu 19 de seus 47 gols serem marcados pelo brasileiro. O número impressionante chamou a atenção do empresário de Cristiano Ronaldo e outros craques, Jorge Mendes, que intermediou agora a sua transferência para o Napoli por 4 milhões de euros (aproximadamente R$ 17 milhões).

Um roteiro de cinema que estaria ameaçado se Jesus não tivesse sido promovido para o profissional do Palmeiras naquele início de 2015. Ou mesmo se a proposta de Valadares não tivesse dado certo e ele se provado uma negação também na linha de frente. Nada disso ocorreu, felizmente.

Em sua pré-temporada, a revelação de 23 anos balançou as redes com a camiseta do Napoli na goleada de 5 a 1 contra o Capri em amistoso recente. Um salto imenso e que teve o seu trampolim a partir do Grêmio de Anápolis-GO, um dos clubes brasileiros que mais manda hoje jogadores para Portugal através do agente lusitano António Teixeira.

O reforço dos italianos é apenas um dos casos recentes de sucesso do time de empresários do interior goiano.

Jesus fora do caminho

Carlos Vinicius quando atuava no Real Massama - Reprodução - Reprodução
Carlos Vinicius quando atuava no Real Massama
Imagem: Reprodução
É claro que poderia não ter sido exatamente assim. Com o retorno de Marcos Valadares do Palmeiras para o Cruzeiro ainda em 2015, Carlos Vinícius ganhou uma nova posição, mas perdeu o seu mentor no Palestra Itália.

"Quando cheguei ao Palmeiras, ele estava em seu último ano (na base), não vinha sendo aproveitado pelo treinador anterior a mim. Mas, num primeiro momento, quis conhecer todos (atletas) e, no dia a dia, chamou a atenção alguns pontos, a técnica dele. Ele era um zagueiro técnico, mas não muito rápido. Dentro dos trabalhos, fazia muitos gols, tinha uma excelente finalização", relembra Valadares ao UOL Esporte.

"A gente tinha um atacante, mas estava abaixo do que esperávamos e o Jesus tinha ido para o profissional. Havia espaço para fazermos testes", prossegue.

"Então, conversei com ele, sabia da situação difícil de continuidade no clube, mas que tinha a chance de seguir se conseguisse aproveitar, tinha que se dedicar muito, ser muito rápido. O dia a dia conspirou a favor, conseguiu ir bem nos treinos, fazia gol nos jogos e se adaptou muito rápido à função. Esse foi um fator preponderante", completa.

No time de cima, Vinícius não teve qualquer chance e, com o seu contrato próximo do fim, acabou deixando o Palmeiras para tentar a sorte em outros lugares.

"Ele não teve sequência, mas a base é muito incógnita. Alguns garotos começam bem e, ao longo do tempo, vão se perdendo, não dão em nada. Outros não decolam inicialmente, porém, não desistem e conseguem dar esse salto. Foi o caso dele", finaliza o atual técnico do sub-20 do Vasco.

Carlos Vinicius quando atuava pelo Palmeiras - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Carlos Vinicius quando atuava pelo Palmeiras
Imagem: Reprodução/Instagram
Quase abandonou o futebol

Natural de Bom Jesus das Selvas, no Maranhão, o atacante foi parar na Caldense, no interior de Minas Gerais, e fez apenas um jogo antes de se transferir para o Grêmio Anápolis. Com um filho recém-nascido, tinha a pressão de pôr dinheiro em casa e sentia que a sua carreira não estava progredindo como esperado. Estava disposto a largar o futebol.

Em uma partida de pré-temporada, um representante português do Real Massamá gostou do que viu e evitou o seu adeus precoce com um convite para se mudar para Portugal. Logo em sua estreia na segunda divisão local, arrebentou e marcou três vezes contra o Leixões, fora de casa, em Matosinhos.

Foi o primeiro atleta na história a protagonizar a façanha em seu primeiro jogo no campeonato.

O Porto mostrou interesse em comprá-lo, mas o empresário Jorge Mendes agiu mais rápido, negociou a sua permanência em definitivo e, em seguida, ainda no início do ano, encaminhou a sua venda ao Napoli. Agora, o modesto clube do terceiro escalão terá direito a 50% de uma futura transação. O ex-zagueiro convertido em atacante não precisa mais se preocupar com as contas.