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Mãe de Jorginho é reconhecida por torcedores após vídeo e brinca com fama

Beatriz Cesarini e Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

10/08/2018 04h00

Um susto e o choro, não de tristeza, mas de emoção e orgulho. A imagem de Maria Tereza de Freitas, a mãe de Jorginho, ao ver o nome do filho na camisa do Chelsea exposta na loja do clube correu o mundo no último final de semana e a fez famosa principalmente entre os torcedores do time inglês.

O jogador é reforço do time inglês para a temporada. Naquele momento, o filme da trajetória de Maria Tereza com o filho, ainda no Brasil, passou por sua cabeça.

“Passa um filme de tudo o que a gente passou, o que ele passou no começo da carreira dele. Foi tudo com muito sacrifício. Foi muito difícil o começo da carreira, estar longe dos pais. Ele foi para a Itália, não tinha 16 anos ainda... Agora vendo aquela camisa ali pendurada com seu nome, o número 5, não tinha como me conter. A ficha ainda não caiu”, disse a mãe em entrevista ao UOL Esporte.

A simplicidade de Maria Tereza, o abraço no filho, comoveu. Maria Tereza contou que a ida à loja oficial do Chelsea foi uma surpresa armada pela família.

“Eu nem sabia. Eles me chamaram para dar uma voltinha lá perto e me pregaram uma peça. Eu não sabia que a gente ia na loja do Chelsea. Quando eu cheguei, entrei e falei: 'não, mas essa é a loja do Chelsea'. Aí me levaram direitinho onde estava a camisa dele, foi tudo combinado. Ele, a irmã e a minha nora... Foi demais. Eu falei: 'vocês me pregaram uma peça seus malvados'", contou Maria Tereza.

Brasileiro naturalizado italiano, Jorginho deixou o Napoli em julho para assinar um contrato de cinco anos com o Chelsea. Voltando no tempo, ainda no Brasil, foi Maria Tereza que colocou Jorginho a jogar futebol. Jogadora de futebol amador, a mãe de Jorginho dava treinamentos ao menino de apenas quatro anos.

“A mãe está mais famosa do que eu”

O vídeo de Maria Tereza emocionada ganhou repercussão. No jogo entre Chelsea e Lyon, na última terça-feira (7), ela foi reconhecida por vários torcedores do time inglês e surpreendeu o filho Jorginho.

“Eu fiquei conhecida. A gente foi ontem no estádio, que teve jogo do Chelsea. E algumas pessoas me apontavam: 'mãe do Jorginho'. A gente contou para o Jorginho e ele: 'olha, a mãe está ficando mais famosa do que eu'.

Jorginho e a mće Maria Tereza - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Treino ‘rígido’ na praia de Imbituba

Ao ver o filho vestindo as cores de um dos maiores clubes da Europa, Maria Tereza vê um sonho realizado depois de muito trabalho. Ela é conhecida em Imbituba, no litoral de Santa Catarina, porque treinou Jorginho quando ele era criança. O trabalho era feito nas areias das praias catarinenses.

“Eu fui incentivando ele. Levava na praia quando eu tinha folga. E fazia um trabalho técnico mesmo, de dominar a bola, eu queria que ele dominasse a bola e não deixasse escapar. Na areia da praia. E 'vamos treinar!', ele respondia 'não, vamos brincar um pouco'. E eu falava: 'vamos treinar, Jorginho. Mais um pouquinho. A mãe vai jogar a bola lá em cima, e a mãe quer que segure ela com o pé e não deixe fugir'. Esse tipo de trabalho eu fiz muito tempo com ele. E depois vieram as escolinhas. Desde os quatro anos na praia”, contou.

É como diz o ditado, ‘filho de peixe...’

“Desde os dois anos, o Jorginho só queria a bola. Não queria outro brinquedo. Ele às vezes furava aquelas bolinhas de plástico e não se conformava, já queria outra. Então desde pequeno eu via o jeitinho dele. Porque eu joguei muito futebol amador. Coração de mãe e um pouco entendedora de futebol, eu pensava 'meu filho vai ser jogador'. Aí eu comecei a incentivar. Isso já vem no sangue. Ele nasceu amando futebol. Mas eu comecei a incentivar levando ele na praia. A família toda é... Meu pai era jogador amador, meu tio...”.

O futebol está no sangue...

“Eu joguei bola até os 45 anos. Ainda hoje eu recebo alguns convites: 'Maria Tereza, vamos jogar'. 'Mas como que eu vou correr, com 54 anos, atrás de meninas de 15, 16?'. Aí falam: 'Não, tu só fica no campo e lança as meninas para fazerem gol'. Recebo convites, mas jogo bem pouco”.

Os tesouros da mamãe Maria Tereza
Jorginho com irmã Fernanda (e) e mãe Maria Tereza (d) - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

“Eu sou divorciada. O Jorginho tinha seis anos e eu o criei praticamente sozinha. Eu e meus dois (Fernanda e Jorginho), que são meus tesouros. Nós somos muito próximos. Temos uma ligação muito forte. Quando eu me divorciei do pai deles, a gente ficou muito unido. Muito parceiros. A gente passou dificuldade financeira também, muito perrengue. Mas a gente sempre foi muito unido e isso não vai mudar nunca. Os dois foram vendo tudo o que eu passei e passaria tudo de novo pelos dois. Nossa relação é muito próxima”.