Topo

Queda de patrocínios e clube social fazem Corinthians se manter no vermelho

Corinthians não tem patrocinador fixo para o espaco máster desde abril do ano passado - Agência Corinthians
Corinthians não tem patrocinador fixo para o espaco máster desde abril do ano passado Imagem: Agência Corinthians

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

11/08/2018 04h00

O Corinthians divulgou o balanço financeiro do primeiro semestre de 2018 e, assim como no ano anterior, fechou o período no vermelho. O demonstrativo publicado na última semana mostra que os dois vilões da vez são a falta de patrocínio máster e o deficit no clube social e nos esportes amadores.

De acordo com os números apresentados pelo Corinthians, a receita com patrocínios chegou a R$ 15,5 milhões nos primeiros seis meses no ano, valor bem inferior aos alcançados nas temporadas anteriores. A queda está ligada, sobretudo, à falta de um anunciante para o principal espaço do uniforme - em abril de 2017, o clube não renovou com a Caixa, patrocinador máster por mais de quatro anos.

No fim de março de 2017, a Caixa ofereceu um contrato de R$ 18 milhões por oito meses de contrato, de maio a dezembro. Dessa forma, o Corinthians receberia R$ 2,25 milhões por mês. A diretoria, ainda com Roberto de Andrade como presidente, recusou a oferta por considerar o valor abaixo do estabelecido - a estatal pagava R$ 2,5 milhões mensais (R$ 30 milhões por um ano de vínculo) e o clube esperava se manter neste patamar.

Assim, o Corinthians fechou o primeiro semestre com os piores resultados com patrocínios dos últimos 11 anos, quando passou a disponibilizar os balanços financeiros em seu site oficial. Para se ter uma ideia do abismo em relação ao melhor resultado, o departamento de marketing arrecadou R$ 64,6 milhões em 2012. Esse valor, corrigido pelo índice IPCA, seria hoje de R$ 91,2 milhões. (confira abaixo em detalhes as quedas das receitas).

Se mantiver o patamar dos primeiros seis meses, o Corinthians fechará 2018 com a receita entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. Há uma semana, o marketing corintiano acertou com a Konami, empresa japonesa responsável pelo jogo Pro Evolution Soccer (PES), para patrocínio na barra frontal de seu uniforme e para licenciamento exclusivo do jogo. O clube deve receber pouco mais de R$ 4 milhões para inscrever 'Pes 2019' na camisa por um ano, além do licenciamento por um total de dois anos.

Cássio - Ale Cabral/AGIF - Ale Cabral/AGIF
Corinthians fez alguns acordos pontuais para o espaço mais caro do uniforme
Imagem: Ale Cabral/AGIF

Na última terça-feira, o diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, admitiu que há dificuldades em captar recursos e citou o "clima de desânimo e desalento dos empresários" diante da situação financeira do Brasil.

"Sempre chamamos de máster o conjunto representado pelo peito e pelas costas. Estamos com R$ 22 milhões vendidos. Uma grande camisa hoje em dia é vendida por R$ 38 milhões. O desempenho do Corinthians continua sendo dos melhores", disse o dirigente em entrevista à Corinthians TV.

O presidente Andrés Sanchez, por sua vez, disse que a época do ano não favorece na busca por parceiros. "As verbas publicitárias são sempre feitas em setembro e outubro. Existe a dificuldade de fechar um patrocínio no meio do ano", disse o mandatário que retornou ao comando do Corinthians em fevereiro.

Clube social e esportes amadores se mantém deficitários

Outros pontos negativos das contas corintianas são o clube social e os esportes amadores. Os setores foram responsáveis diretos pelo resultado negativo neste primeiro semestre. As despesas atingiram R$ 32,4 milhões, enquanto a receita obtida foi de R$ 14,5 milhões. O deficit de R$ 17,9 milhões fez o clube fechar o período com perdas de R$ 14,6 milhões - o futebol teve superavit de R$ 3,3 milhões.
Parque São Jorge - Reprodução/Wikipedia - Reprodução/Wikipedia
Sede social do Corinthians é uma das vilãs da contas do clube nas últimas temporadas
Imagem: Reprodução/Wikipedia

Esses resultados viraram uma tendência no Corinthians nos últimos anos. De acordo com os balanços divulgados pelo clube, os setores só fecharam no azul nas temporadas 2010 e 2011. Já o pior resultado se deu em 2014, com deficit de R$ 48,1 milhões. Em nota oficial, o clube falou sobre o assunto e ressaltou que busca soluções.

"O Sport Club Corinthians Paulista esclarece que busca captar recursos via projetos de incentivo ao esporte, já homologados junto ao Ministério dos Esportes, com o objetivo de suprir as necessidades do clube social e dos esportes amadores, historicamente deficitários, mas tradicionais na história da agremiação", afirmou.

Nos últimos quatro anos, o Corinthians só fechou no azul uma vez. Foi em 2016, quando o clube teve superavit de R$ 31 milhões, impulsionado pela venda de jogadores campeões brasileiros no ano anterior. O valor arrecadado atingiu a marca de R$ 144,4 milhões.

Em 2017, o deficit no clube chegou a R$ 35,1 milhões. Em 2015 e 2014, os números entraram no vermelho após resultados positivos em 2013 e 2012. As perdas nas duas temporadas foram semelhantes, na casa dos R$ 97 milhões.


Compare as receitas com patrocínios nos últimos 11 anos

Andrés - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Rosenberg e Andrés voltaram à diretoria do Corinthians após a eleição de fevereiro
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

1º semestre de 2018: R$ 15,5 mi

2017: R$ 78,4 mi / R$ 80,8 mi (valor corrigido)

2016: R$ 71,5 mi / R$ 75,8 mi

2015: R$ 66,6 mi / R$ 75,5 mi

2014: R$ 63,7 mi / R$ 79,8 mi

2013: R$ 60,1 mi / R$ 80,2 mi

2012: R$ 64,6 mi / R$ 91,2 mi

2011: R$ 44,4 mi / R$ 66,1 mi

2010: R$ 47,3 mi / R$ 75,1 mi

2009: R$ 49,1 mi / R$ 82,4 mi

2008: R$ 24,7 mi / R$ 43,2 mi

2007: R$ 19,1 mi / R$ 35,5 mi