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Corinthians se vê próximo de acordo com IBM para transferir Fiel Torcedor

Daniel Vorley/AGIF
Imagem: Daniel Vorley/AGIF

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

15/08/2018 04h00

A direção do Corinthians acredita que vai sacramentar nas próximas semanas uma mudança importante na história recente do clube. Fundadora do programa Fiel Torcedor há uma década e alvo de críticas e cobranças políticas, a empresa Omni negocia os termos finais para ser substituída pela gigante IBM e assumir a base com cerca de 90 mil associados em dia.

Principal braço direito do presidente Andrés Sanchez em seu mandato desde fevereiro, o diretor de marketing Luís Paulo Rosenberg, que ajudou a Omni a criar e controlar o Fiel Torcedor há uma década, é quem lidera uma série de mudanças para que os contratos que envolvem a Arena e o marketing corintiano sejam trocados. Embora o próprio Rosenberg tenha falado sobre a mudança no controle da base de sócios em canal oficial, o clube se negou a comentar essa transição para o UOL Esporte.

Omni fica com metade do Fiel Torcedor e ainda é credora do clube

Rosenberg - Diego Salgado/UOL Esporte - Diego Salgado/UOL Esporte
Luís Paulo Rosenberg (à esquerda) lidera mudança de contratos da Arena
Imagem: Diego Salgado/UOL Esporte

Renovado durante a gestão Mário Gobbi, em que Luís Paulo era vice-presidente, o contrato com a Omni é válido até o fim de 2019, mas dirigentes corintianos celebram ter alcançado um acordo para que a empresa tope rescindir. O assunto já causa movimentação de conselheiros e grupos políticos, que se impressionaram quando Rosenberg afirmou que o clube devia dinheiro à empresa, sem explicar valores nem detalhes.

"Vamos liquidar débitos com a Omni, porque ela adiantava recursos colhidos e repassava ao Corinthians integralmente. Estamos fazendo uma equação para essa devolução e começar vida com um grupo mais forte e sólido", declarou Rosenberg à TV Corinthians na última semana.

Em anos recentes, devido ao bom relacionamento com a Omni, o Corinthians se habituou a recorrer à parceira para fazer empréstimos e quitar contas. Esse expediente, segundo dirigentes de gestões anteriores, explica a dívida a que Rosenberg se referiu de forma breve. Oposicionistas questionam como o clube pode dever para empresa que, ao longo de 10 anos, recebeu aproximadamente metade do faturamento do Fiel Torcedor. É quase impossível aferir esse número, já que ele não é detalhado no balanço oficial e apresentado em conjunto com outros itens.

Membros da direção do Corinthians alegam que os valores são pouco expressivos e que a Omni topou a rescisão porque, no acordo desenhado com o clube, a IBM pagaria pela saída da parceira em troca da compra de aparelhos, estrutura e tecnologia. Boa parte desse investimento foi feito pela Omni para que a Arena participasse da Copa do Mundo. Por isso, à época, o presidente Gobbi justificou a renovação até 2019.

Gestão Roberto aferiu a saída da Omni em R$ 28 milhões

Roberto de Andrade - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Roberto de Andrade não conseguiu quebrar vínculo com a Omni
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Hoje, a mudança de mandatário é apontada como fator primordial para que a Omni tenha topado sair. Já durante a administração passada, Roberto de Andrade se esforçou para uma rescisão com a parceira, que fez jogo duro. Roberto se posicionou contrário à renovação feita por Gobbi, e depois não conseguiu realizar nenhuma troca no controle do Fiel Torcedor. Um cálculo feito em 2016, baseado em fórmula que integra o contrato vigente, indicou que seriam precisos R$ 28 milhões para essa rescisão.

Em maio, a Omni já havia diminuído seu número de contratos no Corinthians ao ser substituída na operação do estacionamento da Arena. Sem alvará para esse tipo de atividade, ela chegou a ter saída anunciada pela gestão Roberto, mas bateu o pé e ficou. Um ano após o clube anunciar e nada acontecer, a Indigo de fato assumiu. Os passos seguintes apontam para que a Omni quebre ainda os contratos para controle de bilheteria e administração do estádio nos próximos meses.

Melhor pacote aos sócios e novos processos de cobrança

A iniciativa de trocar a operação do Fiel Torcedor está ligada às limitações da Omni, já que se trata de uma empresa relativamente pequena. A direção do clube acredita que tem um potencial de crescimento grande não apenas pelos 90 mil associados, mas mais de outros 300 mil consumidores de ingressos cadastrados e 21 mil crianças que integram o projeto Chute Inicial. Uma base verdadeira fiel, acredita o marketing.

Ainda não há explicações sobre o alcance que a nova parceira IBM terá ao assinar seu contrato com o clube e se outras terceirizadas farão parte desse pacote. Recentemente, a Netshoes passou a fazer vendas experimentais de ingressos do Corinthians - sua associação ao Fiel Torcedor com a empresa ESM, que também tem vários contratos no marketing do clube, é possível.

No novo momento, o Corinthians espera por uma evolução nas modalidades de cobrança do Fiel Torcedor. O programa tem vivido uma queda no número de sócios, e o baixo número de opções de pagamento e a saída fácil de associados são pontos importantes para esse crescimento.