Topo

Sem CR7 e Zidane, Real Madrid abre temporada como incógnita após mudanças

Julen Lopetegui dá instruções em treino do Real Madrid para a Supercopa da Europa - REUTERS/Ints Kalnins
Julen Lopetegui dá instruções em treino do Real Madrid para a Supercopa da Europa Imagem: REUTERS/Ints Kalnins

Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo (SP)

15/08/2018 04h00

Ser o atual tricampeão da Liga dos Campeões não basta para evitar que o Real Madrid inicie a temporada 2018-19 sob pressão. As saídas de Cristiano Ronaldo e do técnico Zidane e a opção por segurar investimentos "galácticos" deixam a dúvida se o plano de renovação elaborado pelo presidente Florentino Perez não será questionado até o fim da janela de transferências, em 31 de agosto.

A primeira impressão sobre o "novo" Real, agora comandado por Julen Lopetegui, ex-treinador da seleção da Espanha, será tirada nesta quarta-feira (15), com a disputa da Supercopa da Europa, e contra um de seus maiores rivais, o Atlético de Madri. O jogo será às 16h (de Brasília), em Tallin, na Estônia.

Não dá para dizer que o investimento do clube foi modesto para esta temporada. Foram 124,2 milhões de euros (cerca de R$ 549 milhões) gastos em seis reforços. O mais caro, o atacante brasileiro Vinicius Júnior, custou 45 milhões de euros, ou R$ 199 milhões. Mas o garoto de 18 anos, revelado pelo Flamengo, é uma aposta futura e não chega ao clube "para resolver". Pelo menos não é o que espera nesta estreia.

"Ele é o presente e o futuro", resumiu o lateral-esquerdo Marcelo a respeito do que esperar do compatriota em sue debute oficial pelo Real.

A contratação mais badalada foi a do goleiro belga Courtois, que quis sair do Chelsea, uma oportunidade de mercado que deixou as cifras da transação menos caras. Apesar de se enquadrar como um reforço galáctico, o jogador de 26 anos custou "apenas" 35 milhões de euros (R$ 154,7 milhões). Na negociação, o meia Kovacic fez o caminho contrário e foi emprestado ao Chelsea.

O problema imediato que Lopetegui enfrentará em seu início de trabalho é medir o impacto da perda de Cristiano Ronaldo. Eleito cinco vezes pela Fifa o melhor jogador do mundo, o craque português, agora na Juventus, conduziu o Real Madrid a 15 títulos em nove temporadas, além de se tornar o maior artilheiro da história do clube, com 451 gols.

Até o momento, o Real vem de três amistosos, com vitórias sobre Juventus e Roma, e derrota para o Manchester United, e o triunfo sobre o Milan no troféu Santiago Bernabéu no último sábado. Como muitos jogadores tiveram férias estendidas por conta da Copa do Mundo da Rússia, Lopetegui não utilizou força máxima em nenhuma ocasião.

Com Benzema em má fase e Bale afetado frequentemente por lesões musculares, a pressão por uma contratação de peso ainda nesta janela de transferências pode ser inevitável em caso de derrota para o rival Atlético no jogo de abertura oficial da temporada.

Para deixar a situação com mais ares de incerteza, ainda existe o risco de perder o meia croata Luka Modric, que manifestou o desejo de jogar pela Inter de Milão, mas pode ter o contrato renovado aliado a um considerável aumento salarial.

Questionado sobre a necessidade de encorpar o elenco ainda em agosto, Lopetegui não descartou a possibilidade de agir no mercado da bola. "Ainda temos muito tempo e tomaremos decisões ao longo do mês", despistou.

O meia-atacante belga Eden Hazard, camisa 10 do Chelsea, foi o nome mais especulado na imprensa europeia para ser a resposta pela perda de CR7, o que não ocorreu, pelo menos por enquanto. 

Ainda que tenha status de astro, Hazard não é visto como um "novo Ronaldo", no sentido de construir uma dinastia vencedora pelo Real, algo que ele não conseguiu em sete temporadas na Inglaterra.

Realidade inversa no rival

Atletico Madrid - AP Photo/Pavel Golovkin - AP Photo/Pavel Golovkin
O zagueiro Godín e o atacante Diego Costa em treino do Atlético de Madrid
Imagem: AP Photo/Pavel Golovkin

Já o adversário desta quarta-feira navega em mares menos revoltos. A chegada do técnico Diego Simeone, no clube desde 2011, elevou o patamar do Atlético de Madri no cenário europeu gradativamente nos últimos anos.

Antes prestigiado apenas na Espanha, o rival do Real se fortaleceu financeiramente e em termos de resultados em campo. O reflexo está no atual elenco, ainda mais forte em relação à temporada passada.

Atual campeão da Liga Europa, o Atlético conseguiu manter as suas principais peças, como o zagueiro uruguaio Godín e o atacante francês Griezmann, valorizados por conta das atuações na Copa do Mundo da Rússia, e trouxe aquisições que estavam prestigiadas no mercado de transferências, como o português Gelson Martins e o francês Lemar.

“Percebo há anos que os jogadores querem vir aqui, percebo que os jogadores do Atleti não querem ir, acompanham o crescimento do clube. Chegam jogadores importantes, isso gera um trabalho coletivo e seguimos gerando competitividade e crescimento. A eles interessa ganhar e crescer. Aproxima-se o projeto que levamos e que queremos melhorar”, avaliou Simeone em entrevista concedida em Tallin, nesta terça (14).