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Esnobado pela Juve após custar fortuna, Higuaín tem no Milan novo recomeço

Gabriel Bouys/AFP
Imagem: Gabriel Bouys/AFP

Do UOL, em São Paulo

17/08/2018 04h00

No momento em que a Itália terá a presença de Cristiano Ronaldo em seus gramados, o recordista de gols em uma edição do Campeonato Italiano buscará mais um recomeço. Situação que está longe de ser uma novidade para Gonzalo Higuaín, atacante argentino que chega ao Milan emprestado depois de ser contratado pela Juventus por um valor de 90 milhões de euros (cerca de R$ 322 milhões na época).

O alto valor pago pela transferência, na época a terceira maior da história, era justificada por aquele que pode ser considerado o ápice de Higuaín em sua carreira na Europa. Pelo Napoli, o argentino marcou 36 gols no Campeonato Italiano da temporada 2015/2016, marca inédita na competição, se tornando o jogador mais valioso do futebol do país três anos depois de deixar o Real Madrid.

Agora com 30 anos, Higuaín segue movimentando fortunas no mercado. Somando o pagamento pelo empréstimo de 18 milhões de euros e os 36 milhões de euros da cláusula de compra que poderá ser executada ao final da temporada, o valor do argentino avaliado na transferência é de 54 milhões de euros (cerca de R$ 250 milhões). Ainda uma quantia considerável, mas que não esconde uma desvalorização de 36 milhões de euros no período.

Supervalorizado para muitos, atacante de confiança para outros, Higuaín tentará nesta temporada mostrar que ainda está na elite do futebol europeu. Curiosamente, será um dos alvos de Cristiano Ronaldo pelo recorde que ostenta no Italiano ao mesmo tempo que bater o português na artilharia será uma vitória pessoal após ser esnobado pelo time que pagou 90 milhões de euros por seu futebol. Afinal, a Juventus abriu a mão de seu futebol, entre outras coisas, pela avaliação de que não haveria espaço para Higuaín e Cristiano Ronaldo lado a lado.

Higuain com CR7 na época de Real: dupla não será reeditada nesta temporada de Juventus - Ander Gillenea/AFP - Ander Gillenea/AFP
Higuain com CR7 na época de Real: dupla não será reeditada nesta temporada de Juventus
Imagem: Ander Gillenea/AFP
Atacante com regularidade de gols, mas...

Higuaín marca gols por onde passa. Tem mais de 100 tanto na liga italiana (Napoli e Juventus) como na espanhola (Real Madrid) e já disputou três edições de Copa do Mundo com a Argentina. Porém, chega aos 30 anos de carreira sem hoje ser ídolo de nenhum dos times que passou. Mesmo acumulando títulos e gols importantes. Tal contradição tem diferentes explicações, uma em especial por total responsabilidade sua.

Ao encerrar a temporada 2015/2016 como artilheiro do Italiano, Higuaín era idolatrado pela fanática torcida do Napoli. Afinal, foram 91 gols em três temporadas pelo clube que ajudou a recolocar na disputa de títulos. Mas ao aceitar a oferta da Juventus, maior rival napolitano, passou a ser persona non grata na cidade do sul italiano.

A ida para o Napoli, em 2013, ocorreu em um momento em que Higuain já demonstrava saturação com seu ciclo no Real Madrid. Marcou gols (121) e conquistou três títulos do Espanhol, mas em um período em que a La Décima (10º título da Liga dos Campeões) era obsessão, saiu sem ter participado do feito obtido na temporada seguinte – e depois repetida por mais três vezes. Com Benzema saindo de sua sombra, saiu sem deixar saudades.

Nos dois anos de Juventus, também esteve longe de ter uma passagem sem bons momentos. Marcou 55 gols, conquistou todos os títulos a nível local e quase liderou uma virada histórica contra o Real Madrid nas quartas da Liga dos Campeões. Mas diante de chegada de Cristiano Ronaldo, perdeu espaço mesmo antes de ter a chance de reviver a parceria dos tempos de Real. Na época, CR7 ainda não jogava como centroavante e o encaixe dos dois no mesmo time era mais do que possível.

Mas é na seleção argentina que a sua história de altos e baixos é mais emblemática. Presença constante desde o ouro olímpico em 2008, tem bons números em média, com 31 gols e três Copas disputadas. A última já na reserva e sob a sombra de ter falhado em momentos decisivos nas finais do Mundial de 2014 e nas Copas Américas de 2015 e 2016. O tri-vice consecutivo recaiu em grande parte em suas costas pelos gols perdidos nas três ocasiões.

Higuain durante final da Copa-2014 contra a Alemanha - FLAVIO FLORIDO/UOL - FLAVIO FLORIDO/UOL
Higuain durante final da Copa-2014 contra a Alemanha: marcado pelos gols perdidos em finais
Imagem: FLAVIO FLORIDO/UOL
 Milan, quinto clube na carreira

Além das passagens pelos times italianos e Real Madrid, Higuaín defendeu no começo de sua carreira o River Plate por um curto período de tempo. Assim, o Milan será o quinto clube e a esperança é de, enfim, deixar uma marca sem contestações.

A estreia oficial seria neste domingo, mas o jogo contra o Genoa foi adiado devido à tragédia na cidade de Gênova com a queda de um viaduto. Em um campeonato em que todos esperam que Cristiano Ronaldo brilhe sozinho, não há quem deixe de apostar que Higuaín pode ofuscar um pouco o de seu substituto na Juventus.

“Um prognóstico para ser o artilheiro da Série A? Aposto em Higuaín. Com ele, o Milan dará um salto de qualidade, essa é a minha opinião. A equipe ganhará força no ataque. Ele, Cristiano Ronaldo e Icardi podem marcar 30 gols por temporada. Mas eu destaco Higuaín como um possível artilheiro desta edição”, disse o ex-atacante Luca Toni, artilheiro que marcou época no Campeonato Italiano, em entrevista recente ao .