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Tite admite pressão por resultado e não se vê garantido até a Copa de 2022

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/08/2018 15h42

Tite chegou apreensivo para sua primeira convocação após a Copa do Mundo. “Podem perguntar tudo, entendo que é minha primeira aparição pública depois da Rússia”, frisou, preocupado em rechaçar qualquer imagem de que poderia estar fugindo dos questionamentos após o fracasso.

O coordenador de seleções, Edu Gaspar, seguiu a mesma linha. “O Vinicius [assessor de imprensa] que me perdoe, mas podem fazer duas perguntas em uma, procurar saber, falar. Vamos tentar explicar tudo para este novo e importante ciclo”, disse aos jornalistas presentes à sede da CBF nesta sexta-feira (17), antes da entrevista coletiva que durou quase 1h30 – a maior da dupla à frente da seleção.

Tite e Edu sabem que precisam se explicar, esclarecer, “dar a cara” em um momento de pressão reconhecido pela comissão técnica.

Unanimidade dentro da CBF, o técnico renovou seu contrato até o final da Copa de 2022. No entanto, sabe sabe dos questionamentos fora dos muros da entidade e ainda não se vê garantido até o Mundial do Catar.

Ciente dada perda de prestígio após o fracasso na Copa da Rússia, Tite sabe que precisará de bons resultados se não quiser ver sua passagem abreviada no comando do selecionado brasileiro.

“Não, não!”, respondeu com veemência ao ser questionado se sentia seguro para um trabalho até o torneio no Oriente Médio.

“O futebol te exige constantemente. Só Zagallo, Parreira e Dunga que permaneceram uma etapa toda. Sei que está alicerçado a desempenho e resultado. Muito desempenho, mas precisamos de resultado”, explicou.

Copa América vira obsessão

E o primeiro grande teste será em 2019, quando Tite buscará o título da Copa América em casa para evitar questionamentos ainda maiores. O torneio continental com cada vez menos relevância no cenário mundial ganhou status de obrigação.

“A pressão é a maior, na medida que não vence a Copa do Mundo, é maior. Claro. Agora é estabelecer os passos, isso é o mais importante. Esses passos bem dados fortalecem lá na frente”, disse o treinador.

Ainda comentando o fato de ter um ciclo completo de Copa do Mundo pela frente, Tite ainda assegurou que, caso já tivesse cumprido quatro anos de trabalho antes da Rússia, não seguiria à frente da equipe para um novo período completo.

“Se eu já tivesse feito um ciclo completo, não estaria aqui. Sem demagogia, não mesmo. Mas eu pensei: ‘era um ciclo que eu tanto queria, início, meio e fim. Mereço’. Depois, é a vez de outros. Gente como Abel e Autuori, campeões mundiais. Merecem isso”.

E o novo e pressionado ciclo se inicia no próximo dia 7 de setembro, contra os Estados Unidos, em Nova Jersey. No dia 12, o amistoso é em Washington (EUA), contra El Salvador. A seleção ainda tem datas Fifa (dois amistosos) em outubro, novembro e março de 2019.