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Aposta de Mourinho no pós-Copa e "santista doente": quem é Andreas Pereira

Jason Miller/Getty Images
Imagem: Jason Miller/Getty Images

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (ING)

18/08/2018 04h00

Um encontro com Sir Alex Ferguson mudou o rumo da carreira de Andreas Pereira, meia do Manchester United e uma das novidades da primeira convocação de Tite após a Copa da Rússia. No fim de 2011, o garoto, então com 15 anos, foi convidado a conhecer o centro de treinamento do United, soberano na Era da Premier League sob o comando do técnico escocês.

Então destaque de seguidos torneios de base pelo PSV-HOL, Andreas entrou de vez no radar do United ao brilhar naquele ano na Copa Nike, disputada em Manchester. Durante o passeio pelo complexo de Carrington, CT de 108 acres, Ferguson apareceu para conhecer o menino. Duas palavras simples, mas ditas em português, encantaram a visita: “Bom dia!”.

“Eu fiquei louco, estava cego e queria assinar contrato na hora (risos)”, lembra ao UOL Esporte o meia de 22 anos. "Ainda lembro dele dizendo que sempre tinha espaço para brasileiro nos times dele".

Decidido, Andreas acertou a sua transferência para a Inglaterra, onde já encontrou Paul Pogba, também lapidado na base do United. “Ele continua igual desde quando o conheci pela primeira vez. Nunca mudou, brinca com todo mundo e gosta de funk brasileiro”, revela sobre o campeão do mundo pela França. "Ele curte bastante o MC Kevinho, mas se tocar qualquer funk já está bom para ele”.

Com família oriunda do Paraná, a aposta de Tite nasceu em Duffel, na Bélgica, onde o pai brasileiro, o ex-atacante Marcos Pereira, passou por oito clubes diferentes. Até os 17 anos, Andreas Pereira defendeu as seleções inferiores da Bélgica ao lado de jovens que encantaram o país pela qualidade técnica e o jogo plasticamente bonito, mas sem grande sucesso em conquistas.

A geração de 1996 ficou famosa por atrair scouts do Barcelona, do Bayern de Munique, dos rivais de Manchester e do Chelsea, por exemplo. Charly Musonda, outro meia-atacante, é o protagonista desta safra, mas sofre para conquistar espaço no Chelsea, cuja categoria de base é tão forte quanto mal aproveitada.

Enquanto isso, Andreas começa a temporada em alta com José Mourinho, depois de passar os dois últimos anos emprestados, o mais recente Valencia e o anterior ao Granada. Jogador do United mais utilizado no tour de preparação realizado nos Estados Unidos, ele fez a primeira partida como titular na Premier League no último dia 10, na vitória por 2 a 1 sobre o Leicester, no Old Trafford.

Roberto Martinez, treinador da Bélgica, assistiu à ótima exibição de Andreas das cadeiras. No entanto, não há confirmação se a presença do técnico, com histórico no futebol inglês, teve relação direta com interesse em contar com o meia.

Uma possível afirmação nos Diabos Vermelhos do meia-atacante de origem se dá em uma nova posição, a de primeiro volante, oportunidade que surgiu com a lesão do sérvio Nemanja Matic, homem de confiança de Mourinho.

“Tive que me adaptar um pouco e tento aprimorar isso todos os dias”, diz, confiante nos conselhos do treinador. “Mourinho me ajuda bastante, dá várias dicas e orientações. Pede para eu jogar simples e conseguir armar as jogadas desde a defesa. Se eu continuar jogando bem e o time fizer boas atuações, pode ser uma mudança definitiva”.

O técnico português também influencia na mudança de atitude da nova aposta de Tite. “Ele quer ganhar sempre, então me ensinou a ter essa mentalidade vencedora em qualquer coisa que eu fizer. Na parte pessoal, ele é muito gente boa e tranquilo. Pelo jeito que me trata, criei um carinho e isso motiva a lutar por ele em campo”.

Se existia alguma dúvida sobre a preferência de Andreas para escolher entre a seleção da Bélgica, país de nascimento, e a do Brasil, onde estão as raízes familiares, a revelação sobre o time de coração deixa clara a proximidade com a realidade brasileira.

“Sou santista doente desde a época do Neymar, Ganso e Robinho (risos)”, afirma o jogador, que voltará a vestir a camisa da seleção depois de passagens pelos times sub-20 e sub-23. Em 7 e 11 de setembro, os adversários dos amistosos serão Estados Unidos, em Nova Jersey, e El Salvador, em Washington, respectivamente.