Ceará alega contaminação de suplemento e julgamento de Pedro Ken é adiado
Um dia depois de enfrentar o São Paulo pelo Campeonato Brasileiro, encerrando um hiato de seis meses sem entrar em campo, o meia Pedro Ken voltou a ser julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDA) na última segunda-feira. A promotoria, porém, pediu vistas ao processo, que deve voltar à pauta no mês que vem. Por enquanto, Ken segue livre para jogar pelo Ceará.
O meio-campista foi flagrado em teste realizado antes da partida contra o Santa Cruz, em 26 de setembro de 2017, pela Série B, pelo uso da substância proibida anastrozol. Julgado, ele ficou suspenso entre 21 de fevereiro de 2018 e o último dia 20 - por seis meses, portanto. Mas tanto o jogador quanto a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) recorreram.
Na segunda, a defesa do jogador apresentou ao tribunal a alegação de que a substância proibida havia entrado no organismo de Pedro Ken a partir de um suplemento alimentar contaminado. Para isso, juntou documentação que mostrava que, no mesmo dia em que uma farmácia de manipulação produziu um suplemento para ele, também produziu outro material que levaria anastrozol em sua fórmula.
A tese é polêmica e pode gerar uma nova jurisprudência no país. Afinal, a defesa não apresentou comprovação de que o suplemento estava contaminado, apenas de que no mesmo dia o mesmo laboratório usou o anastrozol em outra fórmula. A aceitação dessa tese pode permitir que sempre que um atleta brasileiro seja flagrado com substâncias proibidas, argumente a mesma coisa - afinal, grandes laboratórios manipulam centenas de substâncias diferentes todos os dias.
Ao mesmo tempo, a promotoria quer a majoração da pena para dois anos, máximo previsto no Código Brasileiro Antidoping, uma vez que Pedro Ken não teria conseguido provar que não ingeriu a substância proibida sem intenção.
Na atual temporada, Pedro Ken disputou apenas oito jogos com a camisa do Ceará, entre Campeonato Cearense, Copa do Brasil, Copa do Nordeste e, agora, Série A do Brasileiro. Usado para combater os primeiros estágios de câncer de mama, o anastrozol é capaz de reduzir o estrogênio do corpo e é utilizado por homens para tratar o hipogonadismo — doença que compromete a produção hormonal pela secreção inadequada de testosterona pelos testículos.
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