Topo

Em crise e amplamente renovada, Argentina testa como é a vida sem Messi

Divulgação/AFA
Imagem: Divulgação/AFA

Do UOL, em São Paulo

07/09/2018 04h00

Ainda sem a certeza da continuidade de Lionel Messi para a o próximo ciclo, a Argentina inicia, nesta sexta-feira (07), sua vida pós-Copa do Mundo da Rússia com mais dúvidas do que certezas. Quem acompanhar o duelo contra Guatemala a partir das 0h, em amistoso, verá a seleção bicampeã mundial comandada por um interino e recheada de jogadores que não viajaram para a Rússia.

Lionel Scaloni, técnico sub-20 que assumiu a seleção até uma definição sobre o cargo, chamou 21 jogadores, de 29 da lista apresentada, que não estavam no Mundial. A maior renovação nesta primeira data de amistosos entre todas os países, o que indica um caminho de como será uma Argentina sem Messi, realidade que o torcedor argentino pode ter de encarar caso o meio-campista decida pela saída.

Argentina vive a expectativa sobre permanência ou não de Messi - REUTERS/Carlos Garcia Rawlins - REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
O camisa 10 ainda não se manifestou desde a eliminação para a França nas oitavas de final do Mundial. Uma campanha atribulada na Rússia, aliada a uma pressão que sofre pela ausência de títulos com a seleção principal e já o fez voltar atrás da aposentadoria nacional em 2016, aumenta a expectativa dos argentinos para a palavra final. Da mesma forma que existe a esperança por sua permanência, um adeus definitivo não causaria surpresa. O jogador do Barcelona terá 35 anos no próximo Mundial, no Qatar.

Internamente, a Associação Argentina de Futebol (AFA, na sigla em espanhol) trabalha para encontrar um técnico que possa ajudar na missão de convencer Messi a seguir. Diante das dificuldades em fechar com um nome inquestionável – Diego Simeone e Mauricio Pochettino já deram sinais de que não abandonarão seus clubes na Europa -, a AFA pode postergar a decisão até 2019, quando será disputada a Copa América.

Neste ínterim, será possível ver uma seleção totalmente diferente em relação à participação na Copa do Mundo. Entre os prováveis titulares, apenas dois estiveram na Rússia: Nicolás Tagliafico e Cristian Pavón.

Scaloni fez diversos testes ao longo da semana, mas a tendência é que contra a Guatemala a seguinte equipe seja escalada: Gerónimo Rulli; Saravia, Franco, Ramiro Funes Mori, Nicolás Tagliafico; Giovani Lo Celso, Battaglia, Exequiel Palacios; Cristian Pavón, Giovanni Simeone e Gonzalo Martínez. Destes, sete são estreantes na seleção.

Janela para renovação

Icardi - Victor R. Caivano/AP - Victor R. Caivano/AP
Icardi em jogo pelas Eliminatórias: nova chance na seleção
Imagem: Victor R. Caivano/AP

Se a ausência de Messi causaria um vazio técnico, ela deverá acelerar a troca de gerações em uma seleção que na última década sempre priorizou uma equipe que jogasse para Lionel Messi. De Diego Maradona em 2010, passando por Alejando Sabella em 2014 e finalizando com Jorge Sampaoli em 2018, a preocupação sempre foi deixar Messi à vontade na Argentina, dentro e fora de campo.

Como efeito colateral, a Argentina se viu muitas vezes presa às preferências do melhor do mundo, como ficou evidente na última Copa. Após a derrota por 3 a 0 para a Croácia, o camisa 10 teve ao lado de Javier Mascherano um papel preponderante na escalação daquele que ficou conhecido como o “time de Messi”, na vitória por 2 a 1 sobre a Nigéria que garantiu vaga nas oitavas ao país.

Pelo menos neste início, sem a presença de Messi, será possível ver em campo uma renovação sem precedentes na última década. Mascherano já anunciou seu adeus da seleção. Higuain, Di Maria e Aguero ficaram fora para “um respiro” após a Copa do Mundo, segundo palavras da própria federação, mas já não serão peças indispensáveis no ciclo que se inicia.

Por outro lado, nomes presentes nesta primeira convocação, como Paulo Dybala e Icardi, devem ganhar força. Atuando em alto nível no futebol europeu, ambos enfrentaram no último ciclo especulações de rejeição por parte de Messi. O primeiro, apesar de presente na Rússia, quase não entrou em campo diante de uma alardeada incompatibilidade em campo com o melhor do mundo. Já Icardi sequer foi chamado por Sampaoli na ausência mais polêmica da lista.

O “carimbo” de Messi para convocações não foi uma exclusividade para a Copa da Rússia. Na última década, outros nomes como Riquelme e Tevez (Copa 2014) também tiveram ausências ligadas a preferências do camisa 10. Um cenário que, mesmo com o seu “fico”, dificilmente se repetirá diante dos últimos insucessos.

Sem técnico definido, ainda à espera de Messi e com uma seleção repleta de caras novas, a Argentina tem ao menos um alento para este início de ciclo: ver uma renovação inédita na formação de um time.