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Conselheiros aprovam, e sócios do Santos definirão impeachment de Peres

José Carlos Peres, presidente, e Orlando Rollo, vice - Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
José Carlos Peres, presidente, e Orlando Rollo, vice Imagem: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

10/09/2018 21h41

Os sócios do Santos serão os responsáveis por decidir se José Carlos Peres continuará ou não na presidência do Santos. Na noite desta segunda-feira (10), em sessão extraordinária realizada na Vila Belmiro, os conselheiros votaram a favor do impeachment do mandatário alvinegro. O processo avançou logo na primeira votação, mas só após recontagem de votos e com placar apertado; já o segundo pedido foi aprovado com alguns votos a mais.

Com isso, Marcelo Teixeira, presidente do Conselho Deliberativo, tem até 30 dias para convocar uma assembleia de sócios para uma nova votação, sendo necessária a aprovação por maioria simples para a destituição de Peres. Neste caso, o vice, Orlando Rollo, assumiria o cargo.

Peres teve dois processos de impeachment votados nesta segunda-feira (10), com votações distintas. Para que fossem aprovados, ao menos um deles precisava do ‘sim’ de mais de dois terços dos conselheiros presentes no encontro — o que aconteceu em ambas as tentativas, ainda que com certa celeuma.

No primeiro processo, que envolvia a denúncia da Hi-Talent, o impeachment foi aprovado por pouco. Mas houve recontagem de votos e questionamento, por parte do grupo de Peres, quanto à legalidade de os membros da Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) terem votado após eles próprios terem aprovado o parecer. Marcelo Teixeira, que já havia dado como certa a aprovação do processo, chegou a se reunir por alguns minutos com a Comissão de Estatuto do clube antes de confirmar a aprovação.

Na sequência foi votado o pedido que cita as empresas mantidas por José Carlos Peres, o que em tese fere o Estatuto do Santos. Este processo foi aprovado por 164 conselheiros a favor, 72 contra, um voto em branco e dois nulos (68,3%)

Todos os sócios adimplentes com mínimo de um ano de associação terão direito ao voto para decidir o futuro do presidente em exercício. Segundo o estatuto, a assembleia de sócios só pode acontecer 15 dias depois da sessão do Conselho Deliberativo.

Os pedidos de impeachment

O pedido mais consistente de impedimento foi encabeçado pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo e conselheiro nato do clube, Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Neto. Este processo, o segundo votado na noite, foi aprovado com alguns votos a mais em relação ao primeiro.

O pedido se baseia nas empresas mantidas pelo presidente que estão em desacordo com o Artigo 61 Parágrafo Terceiro do Estatuto do Santos FC e a punição por descumprimento é o impedimento ao cargo, previsto no Artigo 68 Letra “d” da peça estatutária do clube.

O Artigo 61 Parágrafo Terceiro do Estatuto tem a seguinte redação: “Os membros do Comitê de Gestão são impedidos de ter qualquer tipo de relacionamento profissional com o Santos, direta ou indiretamente, ou ser procurador de atletas, empresário de atletas, agente de atletas ou sócio de pessoas jurídicas que exerçam tais atividades”.

A representação foi fundamentada com embasamento jurídico e com base em diversas reportagens e documentos oficiais do governo brasileiro, e vê infração estatutária cometida pelo presidente, envolvendo as empresas “Saga Talent” e “Peres Sports & Marketing”, e seus sócios em ambos os negócios que podem possuir relações empregatícias e judiciais com o Santos.

Mas o primeiro pedido de impedimento votado foi aquele feito por Alexandre Santos e Silva, conselheiro eleito pela chapa de Modesto Roma Júnior, antecessor de Peres, fala das questões das empresas, mas junta a denúncia da Hi-Talent e os problemas apontados no relatório do 1º Trimeste de 2018. A denúncia foi aprovada.

Dentro de campo...

Mas se por um lado o cenário político do Santos segue conturbado, dentro de campo a história mudou desde a chegada de Cuca. Já são sete jogos sem levar gols e uma sequência de oito partidas sem derrotas. O time que antes brigava para escapar da zona de rebaixamento hoje já ocupa a oitava colocação do Campeonato Brasileiro, com 31 pontos e um jogo a menos que a maioria dos outros times.

O Santos volta a campo no próximo domingo (16), quando recebe o São Paulo em clássico marcado para a Vila Belmiro.