Topo

Fim da concessão torna Maracanã refém da eleição e deixa clubes "no escuro"

Maracanã teve sua concessão suspensa pela Justiça do Rio de Janeiro - Lucas Landau/Reuters
Maracanã teve sua concessão suspensa pela Justiça do Rio de Janeiro Imagem: Lucas Landau/Reuters

Leo Burlá e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/09/2018 04h00

A suspensão da licitação do Maracanã pegou de surpresa a própria concessionária que administra o complexo e, sobretudo, os clubes. Com a sentença do juiz Marcello Alvarenga Leite, da 9ª Vara Pública do Rio de Janeiro, o futuro do palco da final da Copa do Mundo de 2014 ficou ainda mais indefinido do que já era.

Como as partes interessadas ainda não foram notificadas, o que deve acontecer nesta quinta-feira, as tratativas sobre o destino do Maracanã sequer começaram e estão intimamente ligadas ao desfecho da corrida eleitoral para o Governo do Rio. Caberá ao vencedor assumir essa nova batata quente.

Desde que assumiu a concessão, a Maracanã S.A teve de conviver com mudanças no contrato que teriam inviabilizado a rentabilidade da empreitada. Pressionado por diversos problemas e com o ex-governador Sérgio Cabral preso, Luiz Fernando Pezão, atual mandatário, empurrou a questão para a frente, ainda que a empresa tenha manifestado sua intenção de deixar o negócio.

Principal cliente do Maracanã, o Flamengo fechou acordo até 2020 com o grupo privado. Ante a novidade, o Rubro-negro aguarda o desenrolar dos fatos para planejar seus próximos passos.

Outro inquilino frequente, o Fluminense vive uma relação um pouco mais tensa com os donos da concessão, que cobram alugueis atrasados por parte do Tricolor. O Flu se sente lesado por mudanças em seu acordo, que anteriormente previa uma divisão igual com o Maracanã de todas as receitas auferidas nos jogos do clube.

Vasco e Botafogo têm interesse no assunto, mas observam mais à distância. O Cruz-maltino negociava partidas para o local, mas tem São Januário como porto seguro. Já o Alvinegro conta com o Nilton Santos.

Em decisão do dia 11 de setembro, a qual o UOL Esporte teve acesso, o magistrado informou que o acordo "é lesivo aos cofres públicos do Estado do Rio de Janeiro e desnecessário para a viabilidade econômica da concessão". Afirmou ainda que o "procedimento licitatório, para a seleção da concessionária que administrarão Maracanã e o Maracanazinho por 35 anos, encontra-se viciado em decorrência de ter sido oferecido acesso privilegiado a informação em favor de apenas um dos licitantes (a empresa IMX HOLDING S/A)".

Alvarenga determinou, em caráter liminar, "a suspensão da execução contratual eventualmente decorrente da concorrência". O juiz pediu ainda que sejam negados os pedidos para demolições do Estádio Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich.

O funcionamento pleno destas instalações é exigido também pelo juiz, que afirma que é de responsabilidade do Estado do Rio de Janeiro todas as atividades destes espaços em curso.

Procurada, a concessionária que administra o complexo informou que não se manifestará em um primeiro momento. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Casa do Civil do Rio afirmou que não foi notificada.