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A tragédia por trás de Turco Mohamed, o técnico mais estiloso do Espanhol

Argentino perdeu o filho em acidente na Alemanha, durante a Copa de 2006 - Miguel Riopa/AFP
Argentino perdeu o filho em acidente na Alemanha, durante a Copa de 2006 Imagem: Miguel Riopa/AFP

Do UOL, em São Paulo

14/09/2018 04h00

Assim que o Campeonato Espanhol começou, um treinador logo virou manchete, e não foi por comandar estrelas em seu elenco. Estreando à frente do Celta, o argentino Antonio "Turco" Mohamed chamou a atenção por seu estilo: terno azul, lenço no bolso, óculos escuros e sapato de bico fino. Logo foi comparado a uma lista extensa de conhecidos mafiosos do cinema e da TV.

Mas o que poucos torcedores souberam na época foi de uma tragédia que fortaleceu seu caminho até chegar à elite do Espanhol. A perda do filho de 9 anos em um acidente fez ele mergulhar no futebol e em sua carreira como treinador. Tudo para lidar com a dor.

Faryd, de 9 anos, morreu durante uma Copa do Mundo que foi acompanhar de perto ao lado do pai. Em 2006, no Mundial da Alemanha, eles viajavam com um grupo de amigos pelo país quando outro veículo a quase 200 km/h causou a colisão. Faryd não resistiu aos ferimentos; Mohamed, por sua vez, sofreu grave lesão na perna, com três fraturas expostas, e correu o risco de amputação.

Antonio Mohamed, técnico argentino do Celta de Vigo - Reprodução/LaLiga - Reprodução/LaLiga
Mohamed caprichou no estilo em sua estreia no Campeonato Espanhol
Imagem: Reprodução/LaLiga

O treinador argentino ficou mais de um mês internado na Alemanha. Na oportunidade, ele dirigia pela primeira vez um time argentino, o Huracán, depois de três experiências no futebol mexicano.

Ao voltar para a Argentina, ainda no aeroporto, disse que queria ficar com sua família e que na sequência iria continuar no futebol "como desejaria meu querido filho". A partir daí, Turco Mohamed apostou tudo na carreira de treinador.

Ficou anos intercalando trabalhos entre Argentina e México, onde já havia sido ídolo como jogador. Antes de chegar ao Celta, vinha de experiências comandando os poderosos América e Monterrey.

Em 2016, quando o acidente na Alemanha completou dez anos, Mohamed falou ao "Clarín" sobre o tema. "É uma dor que não termina nunca. Todo mundo que perde um parente querido sabe: quando seu pai morre, você fica triste durante anos, mas depois lembra dele com um sorriso no rosto, recordando as experiências que compartilharam. Mas com filho não é assim, é diferente. Ainda não consigo lembrar dele com um sorriso no rosto".

Mais dois anos se passaram, e Turco Mohamed está de volta à Europa, em um time de elite da Espanha, conquistando uma etapa importante na carreira. Etapa que ele traçou justamente no Velho Continente, 12 anos atrás, precisando lidar com a dor.